Sistema FAEP

Etanol tem potencial de crescimento com transição energética global

Pioneiro no uso do etanol para abastecer a frota, país pode expandir a produção para atender mercados interno e externo. Sistema FAEP lançou programa para fomentar o uso do combustível sustentável

O Brasil tem uma longa história de pioneirismo no uso do etanol para abastecer sua frota. Desde o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), implantado na década 1970 diante da Crise do Petróleo, o país lidera a redução global da dependência de combustíveis fósseis. Nos anos 2000, a criação dos motores flex, capazes de operar tanto com gasolina quanto com álcool, permite a expansão do etanol. Hoje, essa tecnologia está presente em mais de 75% dos carros no país, o que torna o Brasil dono da maior frota flex do mundo.

Apesar do avanço, o potencial do etanol ainda está longe de ser plenamente explorado. Estudo da Copersucar, maior empresa brasileira de açúcar e etanol, aponta que mais de 70% dos veículos flex continuam sendo abastecidos com gasolina, mesmo com os benefícios ambientais e econômicos do etanol. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol, atrás dos Estados Unidos.

“Há espaço para crescimento, tanto com o aumento da demanda interna por combustíveis mais limpos quanto pelo potencial de exportação, especialmente diante das metas de descarbonização globais cada vez mais exigentes. A ampliação da frota de veículos híbridos, as de tecnologia flex e células de hidrogênio, entre outros, pode impulsionar ainda mais o consumo interno de etanol”, aponta Dagoberto Pinto, diretor da Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar) e presidente do Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Paraná (Consecana).

Como parte do movimento de transição energética para alternativas mais sustentáveis, o Sistema FAEP lançou a campanha “Movido pelo Agro” no Paraná. A iniciativa incentiva o consumo de etanol, combustível sustentável produzido pelo setor agropecuário que contribui para redução da emissão de gases do efeito estufa. O evento de adesão à campanha ocorreu no dia 9 de junho, em Maringá. Desde então, a frota de 52 veículos da entidade é abastecida exclusivamente com etanol e adesivada com a logomarca do “Movido pelo Agro”, para explicitar à comunidade a adesão à iniciativa.

“É um movimento natural, pois somos uma entidade que representa o produtor rural. Não há por que utilizar um combustível fóssil, como a gasolina, se temos uma alternativa produzida pelo agro com uma série de vantagens, sobretudo em relação ao meio ambiente”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette. “Todos os veículos da nossa frota são abastecidos única e exclusivamente com etanol. É uma forma de darmos o exemplo e estimularmos o uso desse combustível verde”, complementa.

Segundo a Agência Internacional de Energia, em comparação com a gasolina, o etanol reduz em 89% a emissão de gases do efeito estufa, como gás carbônico (CO 2), metano e óxido nitroso. Além disso, por ter maior octanagem em relação à gasolina, o etanol melhora o desempenho do motor, por ser mais resistente à detonação. Por isso, o motor dos carros a álcool, em razão do combustível, se torna 2% mais potentes.

No Brasil, o etanol é produzido, principalmente, a partir da cana-de-açúcar e do milho, dois dos principais produtos da agricultura paranaense. “Por isso, estimular o etanol é apoiar o agro”, resume Meneguette.

O programa

O “Movido pelo Agro” é uma iniciativa lançada em 2023 pela Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg). Estima-se que o programa tenha reduzido as emissões de gás carbônico em 140 toneladas, a partir da substituição da gasolina pelo etanol por parte das entidades que aderiram.

Além do Sistema FAEP, outras entidades também já aderiram ao “Movido pelo Agro”, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e as Federações da Agricultura de Goiás (Faeg) e do Mato Grosso do Sul (Famasul). Também fazem parte da iniciativa a Siamig Bioenergia, o Grupo Agronelli e a BioSul.

Etanol de milho no Paraná

Em maio, a Coamo Agroindustrial Cooperativa, em Campo Mourão, no Centro-Oeste do Estado, obteve a Licença de Instalação (LI) para a construção da sua primeira usina de etanol de milho. O documento foi emitido pelo Instituto Água e Terra (IAT), autarquia vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest). O investimento da Coamo será de R$ 1,7 bilhão, sendo R$ 500 milhões em financiamento aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com recursos do Fundo Clima.

A cooperativa recebe anualmente 3 milhões de toneladas de milho, das quais 600 mil toneladas serão destinadas à produção de biocombustível. O complexo terá capacidade para processar 1,7 mil toneladas de milho por dia e produzir 765 mil litros de etanol a cada 24 horas.

Além disso, o projeto vai garantir a produção diária de 510 toneladas de farelo para nutrição animal (DDGS) e 34 toneladas de óleo de milho, produtos gerados após a fermentação. As operações devem iniciar no segundo semestre de 2026 e gerar 250 empregos diretos.

Antonio Senkovski

Repórter e produtor de conteúdo multimídia. Desde 2016, atua como setorista do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial) em veículos de comunicação. Atualmente, faz parte a equipe de Comunicação Social do Sistema FAEP. Entre as principais funções desempenhadas estão a elaboração de reportagens para a revista Boletim Informativo; a apresentação de programas de rádio, podcasts, vídeos e lives; a criação de campanhas institucionais multimídia; e assessoria de imprensa.

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