Mais do que reunir números expressivos, o 5º Encontro Regional de Líderes Rurais do Sistema FAEP cumpriu a missão de integrar gerações e fortalecer a base sindical rural do Paraná. Jovens que começam a trilhar seu caminho no agronegócio dividiram experiências e aprendizados com produtores mais experientes, criando uma engrenagem que impulsiona o setor rumo ao futuro.
Ao todo, mais de 2,4 mil lideranças e representantes de 162 sindicatos rurais participaram dos encontros realizados em 11 municípios de todas as regiões do Estado. Nesta edição, 29% dos participantes estiveram pela primeira vez em um dos encontros regionais, sinalizando a chegada de novas lideranças ao sistema sindical rural. O protagonismo feminino também marcou o ciclo de eventos, com 63% do público formado por produtoras rurais.
“Os encontros se consolidaram como espaço essencial para integração, capacitação e fortalecimento da representatividade. Essa energia dos jovens, aliada à sabedoria dos mais
experientes, é o que vai garantir que nosso sistema sindical esteja preparado para defender os interesses dos produtores e enfrentar os desafios que estão por vir”, enfatiza o presidente
interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.
O Sistema FAEP trabalha para apoiar o produtor rural em todas as frentes, investindo em capacitação, formação de novas lideranças e na inclusão das famílias na gestão das propriedades, porque acreditamos que é na base sindical que começa a força do agro paranaense.
Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP
Nos meses de junho e julho, os encontros percorreram os municípios de Maringá, Londrina, Jacarezinho, Tapejara, Campo Mourão, Marechal Cândido Rondon, Pato Branco, Guarapuava, Prudentópolis, Tibagi e Araucária. A cada parada, lideranças sindicais, produtores rurais, parlamentares e representantes de instituições ligadas ao setor participaram de palestras, dinâmicas e rodas de conversa.
Presente nos encontros de Jacarezinho e Prudentópolis, o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, destacou a importância da articulação promovida pelo Sistema FAEP com as bases sindicais. “Essas reuniões criam protagonismo dentro do nosso setor. Isso é fundamental”, resume. “Precisamos fazer chegar lá na ponta informações verdadeiras sobre o agronegócio e mostrar a potência do nosso setor para os consumidores, que muitas vezes não têm noção do que enfrentamos para colocar comida na
mesa”, afirma.

Jovens líderes em formação
Um exemplo da inclusão dos jovens no movimento sindical pôde ser visto em Prudentópolis, onde participaram Clauber Gabriel Hentges e Mateus Felipe Bini, presidente e membro da Comissão Jovem do Sindicato Rural de Teixeira Soares, respectivamente. Filhos de produtores rurais e estudantes de Agronomia, eles enxergam no sistema uma oportunidade de aprendizado e protagonismo.

“Nosso meio sofre com a falta de sucessão. Por isso estamos buscando conhecimento, para não só suceder nossos pais como produtores, mas também liderar de forma mais dinâmica e sustentável”, relata Hentges, que, além dos estudos, também trabalha na propriedade da família.
A Comissão Jovem de Teixeira Soares é a segunda mais antiga em atividade no Paraná, atrás apenas da de Maringá, e reúne 25 integrantes. “Não precisa necessariamente ser filho de produtor ou ter propriedade para participar. Basta querer fazer parte do agro. Participamos de cursos do Sistema FAEP, ajudamos em eventos, na mobilização e até em questões políticas, levamos nosso ponto de vista. A decisão final ainda é da diretoria do sindicato, mas já é um aprendizado para o futuro”, pontua.
Para Hentges, fazer parte do agro vai além da imagem: exige compromisso, conhecimento e valorização do setor. “Não é só usar bota e chapéu. Tem que valorizar o que faz e quem faz. Ainda precisamos de mais jovens que queiram ajudar e melhorar o agro, seja na propriedade, no município, ou, quem sabe, até em nível nacional ou mundial”, defende.
Segundo Bini, o papel do jovem também deve ir além da propriedade rural. “Temos que mostrar para os outros jovens, principalmente do meio urbano, como funciona o agro de verdade. Você pode exercer liderança levando informação e defendendo o agro onde estiver”, complementa.
Encontro de gerações
Dos jovens em formação à experiência acumulada de décadas, o evento também foi espaço de valorização da trajetória de quem sempre esteve no campo. Casturina Bueno Eidam, produtora rural e coordenadora da Comissão de Mulheres de Ortigueira, participou pela primeira vez em Tibagi. Ela reforçou o valor de aprender continuamente, independentemente da idade.

“Eu ainda aprendo muita coisa. E não aprendo só para mim, mas também para meus filhos, netos e para toda a família. Participar é uma forma de dar exemplo e incentivar”, diz.
A produtora também defende que a sucessão comece cedo – ainda na infância – e acredita que o Programa Agrinho pode ser um aliado ainda mais forte nesse processo, estimulando o interesse das novas gerações e corrigindo visões distorcidas sobre a agropecuária. “Precisamos mostrar a realidade aos alunos, levar essas crianças para dentro das propriedades, num dia de colheita ou plantio. Acredito que é uma alternativa para manter o agronegócio forte e garantir sucessores nas famílias”, sugere.
Na avaliação de Casturina, os encontros regionais do Sistema FAEP são fundamentais para promover essa conexão entre gerações. “Essa mistura de pensamentos é fundamental. A gente interage, participa, troca ideias. Continuarei vindo nos próximos”, afirma.
A força do evento também se revelou em histórias de quem não nasceu no meio rural, mas abraçou o setor pela trajetória de vida. É o caso de Giovanna Kruczkiewicz, de Ipiranga, que participou do encontro pela primeira vez. Apesar de ter cursado técnico agrícola, ela não tem vínculos familiares com o campo. Após casar-se com um produtor, passou a trabalhar diretamente na propriedade, e, hoje, também é produtora rural.

“Estamos sempre no sindicato, buscando cursos, trocando experiências. Achei o evento excelente, bem dinâmico. Descobri muita coisa sobre o Sistema FAEP que eu nem imaginava. Não tinha ideia da dimensão da luta a favor dos produtores”, aponta.
Para ela, o maior aprendizado foi sobre a importância da sucessão rural. “Temos que preparar sucessores, não herdeiros. Os mais velhos passam o conhecimento, e nós temos como melhorar. É uma troca”, conclui.

Etanol evitou a emissão de 6,3 toneladas de CO2
Desde junho de 2025, o Sistema FAEP integra o programa Movido pelo Agro, iniciativa que incentiva a substituição de combustíveis fósseis pelo etanol. Toda a frota da entidade passou a ser abastecida exclusivamente com o biocombustível e exibe o adesivo da campanha, reforçando o compromisso ambiental da entidade. Agora, os efeitos práticos da adesão podem ser medidos em iniciativas como o Encontro Regional de Líderes Rurais.
Ao longo dos 11 eventos, cerca de 10 veículos participaram da caravana, percorrendo aproximadamente 5 mil quilômetros, o que resultou em 50 mil quilômetros rodados em todo o Paraná. Segundo dados da própria calculadora da campanha Movido pelo Agro, os automóveis abastecidos com etanol evitaram a emissão de 6,3 toneladas de dióxido de carbono (CO2). Para absorver essa quantidade de gás carbônico, seriam necessárias 44 árvores na natureza.
A calculadora de emissões de CO2 está disponível no site da campanha Movido Pelo Agro, uma iniciativa idealizada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
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