A cada dia, aumenta o número de colheitadeiras nos campos de soja no Brasil. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, são positivas as perspectivas quanto à produtividade, conforme apontam levantamentos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Em outros estados, ainda que algumas praças tenham enfrentado chuvas mal distribuídas, a expectativa é de safra nacional recorde. A colheita do milho também começa, mas timidamente e com expectativa de ser menor que a anterior. Desmotivados pela queda de preços em praticamente todo o ano de 2013, exceto no último trimestre, produtores de milho buscaram culturas mais rentáveis no verão, migrando especialmente para a soja.
SOJA – Pesquisadores do Cepea indicam que, nas lavouras de soja, as precipitações foram mal distribuídas na parte Oeste da região Sul e também em Goiás, Bahia e Mato Grosso do Sul. Na primeira quinzena deste mês, produtores de Goiás, Minas Gerais e todo o Nordeste estavam preocupados com a baixa umidade, mas chuvas recentes aliviaram a situação em várias localidades. Em dezembro e também em janeiro, os casos de ferrugem asiática registrados pelo consórcio Antiferrugem têm aumentado.
Já no Oeste do Paraná, agentes consultados pelo Cepea comentam que o clima está favorável e a colheita de soja foi iniciada. As chuvas da semana passada interromperam pontualmente as atividades, mas ainda assim são benéficas às lavouras em desenvolvimento. A quantidade de soja colhida até o momento ainda é insignificante perto do volume que o estado deve produzir, segundo dados do Deral/Seab. No geral, a produtividade está divergente entre as lavouras do Paraná.
Em Mato Grosso, produtores também já iniciaram a colheita e muitos esperam boa produtividade. Em Mato Grosso Sul, as colheitadeiras também estão no campo, mas a estiagem em dezembro pode resultar em menor produtividade, segundo levantamentos do Cepea. Em Goiás, estado que também foi castigado pela falta de chuva, a colheita teve início nos últimos dias, e já se fala em algumas perdas. Na Bahia, as atividades de campo devem começar em fevereiro, e sojicultores consultados pelo Cepea ainda não têm consenso sobre a produtividade. Já em São Paulo e em Minas Gerais, a colheita deve iniciar em fevereiro e a expectativa de agentes é positiva.
O último relatório do USDA apontou que a oferta brasileira de soja deve totalizar 89 milhões de toneladas em 2013/14, devido a ajustes na área cultivada, agora prevista em 29,5 milhões de hectares. O USDA estima que o Brasil processe 37,28 milhões de toneladas e que exporte 44 milhões de toneladas entre out/13 e set/14. Já segundo a Conab, a produção nacional deve ser ainda maior, em 90,3 milhões de toneladas, um recorde.
MILHO – No Rio Grande do Sul, a Emater apontou que 5% das lavouras haviam sido colhidas até o dia 16, contra 8% há um ano e 7% na média dos últimos cinco anos. No Paraná, já há relatos de colheita, mas o Deral/Seab ainda não sinalizou percentual em seus dados semanais. Vale lembrar que, no Paraná, a área a ser colhida é bem menor que a do ano anterior.
Segundo a Conab, a produção brasileira de milho deve totalizar 32,6 milhões de toneladas. Pesquisadores do Cepea ressaltam que a grande incerteza fica para o cultivo do milho de segunda safra, que, nos dois últimos anos, superou o da primeira safra, chegando a representar quase 60% da oferta total. Ainda não há dados oficiais, mas é de se esperar produção inferior à da safra 2012/13. Isso porque produtores também devem buscar culturas substitutas, reduzir os investimentos em tecnologia e adubos ou mesmo deixar parte da área sem cultivo de segunda safra (caso comum no Cerrado brasileiro). Assim, além da área, pode haver redução do rendimento por hectare, pressionando a oferta total.
CUSTOS DE PRODUÇÃO – Os custos de produção da safra de grãos 2013/14 estão superiores aos observados na temporada anterior. Segundo pesquisadores do Cepea, as principais causas foram o maior gasto com defensivos, em função sobretudo da ocorrência da lagarta Helicoverpa armigera, e os reajustes do óleo diesel e dos salários.
Os custos só não foram ainda maiores devido à queda dos valores de fertilizantes. Em algumas regiões, como em Mato Grosso, o gasto com esse insumo chegou a cair 9,7% no correr do ano. Porém, grande parte dessa desvalorização do insumo ocorreu a partir de agosto/13, período em que a maior parte dos fertilizantes já havia sido adquirida por produtores.
Fonte: Diário do Noroeste – 22/01/2014
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