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Corrida pelo herbicida contra as ‘superervas’

Gigantes do setor de sementes e de defensivos têm ampliado as pesquisas de novas sementes transgênicas e herbicidas

A proliferação de plantas daninhas resistentes ao glifosato provocou uma disparada no custo de produção dos grãos e deflagrou uma corrida em busca de alternativas contra o problema, um dos mais graves do setor agrícola na atualidade. Gigantes do setor de sementes e de defensivos têm ampliado as pesquisas de novas sementes transgênicas e herbicidas capazes de enfrentar as “superervas daninhas”. Uma leva de lançamentos de produtos com essa finalidade deve chegar em breve ao mercado brasileiro.

Há duas semanas, a multinacional americana Dow AgroSciences anunciou que começará a vender nos EUA, em 2015, o herbicida Enlist Duo, que contém uma mistura de glifosato e outra substância (2,4-D). O produto, desenvolvido para ser usado com uma nova tecnologia transgênica para soja e milho, promete tornar essas culturas tolerantes aos dois ingredientes ativos e reforçar a defesa contra as plantas invasoras.

“Acredito que a aprovação nos EUA possa agilizar a liberação do Enlist no Brasil”, disse Adriana Brondani, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB). Já Mário Von Zuben, diretor da Dow AgroSciences no país, acredita ser “mais provável” que esse pacote tecnológico só esteja disponível na safra 2016/17.
Ervas resistentes ameaçam reinado do glifosato
A proliferação dos casos de plantas daninhas resistentes ao herbicida glifosato no mundo, notadamente na última década, fez disparar o custo dos transgênicos e deflagrou uma corrida em busca de alternativas contra o problema, um dos mais graves do setor atualmente. Gigantes do setor de sementes e defensivos têm ampliado as pesquisas de novas modificações genéticas e formulações de agroquímicos para fazer frente às “superervas”, e uma leva de lançamentos com esse fim deve chegar em breve ao mercado brasileiro.
Vendas do produto no país somam US$ 1,5 bi

Em todo o mundo estão catalogadas 31 diferentes espécies resistentes ao glifosato, e seis delas estão presentes no Brasil – sendo que azevém, buva e capim-amargoso são as que mais dão trabalho. Estudos indicam que duas a três plantas de capim-amargoso por metro quadrado podem diminuir a produção de soja de 20% a 50%, o que explica o trabalho intensivo, e caro, de controle.

A amplitude dos prejuízos financeiros provocados carece de cálculos globais e precisos, mas análises locais ajudam a compreender sua dimensão. Leandro Gasparelli, que produz soja em Bela Vista do Paraíso e Alvorada do Sul, no norte do Paraná, já combate há quatro anos a infestação de buva e capim-amargoso. “Tenho recorrido a outros defensivos [além do glifosato] e ao aumento de doses e aplicações, mas não escapo de uma roçagem final”, diz ele, que tem hoje 11% de seu custo de produção (ou pouco mais de R$ 100 por hectare) consumidos pelas ações de combate às invasoras. “Comecei a plantar a nova safra 2014/15 e já vejo focos de resistência”, conta.

A Embrapa estima que o custo do controle de ervas resistentes pode ser até seis vezes maior que em lavouras sem infestação, para mais de R$ 400 por hectare. “Normalmente, são feitas de duas a três aplicações de glifosato em uma plantação da soja, que podem subir para seis ou sete em áreas com resistência”, compara o pesquisador Fernando Adegas.

Tamanha é a demanda pelo glifosato que o produto movimentou entre US$ 1,4 bilhão e US$ 1,5 bilhão no país em 2013, nas contas de Flávio Hirata, da consultoria Allier Brasil, especializada no segmento de agroquímicos. Mas a continuidade do uso do produto deve ser assegurada, entre outras fatores, por ele ser considerado “barato”, avalia Hirata.

Adegas também crê que “dificilmente” aparecerá uma opção “tão boa” quanto o glifosato, ao menos no curto prazo. “Muitas tecnologias que estão surgindo são baseadas em herbicidas antigos, ou têm o glifosato em seu pacote”. Para ele, novos transgênicos vão ajudar, mas não resolverão o problema. “Cada vez mais teremos que pôr em prática os bons conceitos de agronomia”.

 
Fonte: Valor Econômico – 27/11/2014

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