Sistema FAEP

CT de Avicultura do Sistema FAEP discute situação sanitária da gripe aviária na região Sul

Reunião também abordou a importância de participar do levantamento de custos da atividade

As expectativas da avicultura comercial paranaense frente à emergência sanitária causada pela confirmação da gripe aviária no Rio Grande do Sul deram a tônica da reunião da Comissão Técnica (CT) de Avicultura do Sistema FAEP, realizada nesta quinta-feira (29). O caso registrado no município de Montenegro (RS) impactou as exportações de aves de todo país, com a suspensão das exportações para importantes blocos comerciais como a China e a União Europeia.

Em resposta à situação, no dia 16 de maio, o Sistema FAEP enviou um ofício ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) e à Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) solicitando medidas para a reabertura imediata do mercado internacional ao frango paranaense.

“O Sistema FAEP está fazendo seu papel, buscando interlocução com os órgãos competentes, difundindo informações técnicas e boas práticas para os nossos avicultores para mitigar esse problema”, pontua o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.

Atualmente, o Paraná é o maior produtor e exportador deste tipo de carne do Brasil. O setor representa 31,6% do Valor Bruto de Produção (VBP) Agropecuária, sendo o maior produtor nacional (35%). A atividade movimenta mais de R$ 40 bilhões por ano.

Reunião online reuniu avicultores das maiores regiões produtoras do Paraná

De acordo com Fábio Mezzadri, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP, atualmente existem restrições de 24 países em relação à importação de carne de aves do Brasil. Outros 16 destinos suspenderam as importações somente do Rio Grande do Sul e dois países bloquearam a entrada de produtos apenas do município de Montenegro. Do outro lado, o Brasil continua exportando para 130 países.

A granja onde foi constatado o foco da Influenza Aviária passou pelo processo de desinfecção no dia 22 de maio. Na sequência, teve início um vazo sanitário de 28 dias. “Ao final deste período, se não forem confirmados novos focos, o Brasil pode se declarar livre da doença”, completa Mezzadri.

Segundo o presidente da CT de Avicultura do Sistema FAEP e presidente do Sindicato Rural de Cianorte, Diener Gonçalves de Santana, algumas integradoras estão promovendo mudanças na rotina para reforçar a segurança dos aviários. “Uma das orientações das integradoras é sobre a limpeza das granjas. Até normalizar o status sanitário, a recomendação é não usar a palha de arroz proveniente da região Sul. O ideal é usar maravalha no lugar da palha de arroz. É um manejo que muda de empresa para empresa”, alerta.

Outro reflexo desta emergência sanitária é a redução da oferta de genética avícola. No Paraná, foram destruídos 10 milhões de ovos de incubação oriundos de um incubatório que havia recebido 12 mil ovos da região de Montenegro. “Essa situação agravou um problema que já estávamos monitorando: a redução na oferta de ovos férteis e pintainhos”, observa Mezzadri.

Custos de produção

Ao longo da reunião, Fábio Figueiroa, também técnico do DTE do Sistema FAEP, reforçou a importância de os avicultores paranaenses participarem dos painéis de levantamento dos custos de produção da avicultura. Nessas reuniões, os produtores apresentam seus custos de produção subsidiando uma metodologia que ajuda a compreender se a atividade está no lucro ou no prejuízo. Esse material também auxilia as negociações com as agroindústrias integradoras.

Desde 2023, esse levantamento é dividido conforme as Comissões para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) criadas junto a cada integração. “Esse ano o Sistema FAEP decidiu trabalhar mais intensamente com as Cadecs para alcançar melhorias no meio rural. Para o próximo levantamento de custos, realizado entre junho e julho deste ano, já temos 20 Cadecs confirmadas”, adianta.

“Se mantenham firme nesse levantamento de custos. Se hoje a gente tem avançado nas negociações, é por conta das Cadecs. Na minha região. houve um avanço bem grande na questão de falta de pintinho e vazio prolongado [nos alojamentos]. Por meio das negociações, conseguimos manter o sexto lote por ano. Participem da formação de custo, pois esses dados embasam as nossas negociações com as empresas”, destaca Diener.

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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