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Os desafios da produção de feijão

O Paraná é o maior produtor nacional de feijão, com 24% do volume total produzido no País

_MG_9648De um lado, preços abaixo do mínimo e letargia das políticas públicas para apoiar a cultura do feijão. Do outro, alta tecnologia, pesquisa em bom ritmo e expectativa de produtividade cada vez maiores. Como alinhar bons números da safra com a expectativa de preços ruins? Vale a pena investir na tecnificação das lavouras? Quais são os principais desafios dos produtores para a próxima safra? Esses e diversos outros dilemas começaram a ser discutidos ontem, durante a abertura do 11º Congresso Nacional de Pesquisa do Feijão (Conafe), que acontece no Centro de Eventos e Exposições de Londrina. O evento, que ocorre de três em três anos no País, termina amanhã.

Participam do evento cerca de 600 pessoas entre produtores, pesquisadores, professores de universidades, alunos, empresários rurais e interessados em entender mais profundamente o cenário da cultura, tanto balizados em questões de mercado, como também na área técnica.

O Paraná é o maior produtor nacional de feijão, com 24% do volume total produzido no País. Na última safra, a produção fechou em torno de 900 mil toneladas em uma área de 500 mil hectares. Só como análise comparativa, há 30 anos, o volume girava em torno de 500 mil toneladas em uma área maior, de 700 mil hectares. Os avanços da pesquisa e tecnologias fizeram com que em três décadas houvesse um incremento produtivo importante.

Para a pesquisadora do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e presidente da organização do evento, Vania Moda Cirino, o produtor paranaense é competente para desenvolver a cultura. Ela lembra que 80% de todo o feijão produzido no Estado é plantado em pequenas propriedades, abaixo de 50 hectares. Porém, segundo a pesquisadora, existem elementos técnicos que precisam ser melhorados. “Um dos grandes desafios é a qualidade sanitária das sementes que estão disponíveis no mercado. Além disso, os agricultores não têm uma oferta suficiente de variedades que são desenvolvidas pela pesquisa. Hoje, é comum ver produtores utilizando grãos ao invés de sementes para estabelecer suas lavouras, o que traz riscos como maior infestação de doenças e falta de pureza genética na propriedade”.

Ontem à tarde, o congresso apresentou aos participantes um painel de inovações tecnológicas com o intuito de mostrar ao produtor que é possível uma maior rentabilidade da cultura do feijão. O pesquisador do Iapar, Sérgio José Alves, tratou sobre o feijão na integração lavoura-pecuária. “O feijão é uma cultura mais difícil, que exige uma fertilidade de solo maior do que a própria soja. Com a integração, é possível melhorar a qualidade desse solo e sua matéria orgânica. Com o solo melhor, o produtor pode optar, inclusive, por plantar uma parte da área com soja e outra com um feijão de altíssima produtividade”, salientou o pesquisador.

Para realizar a integração lavoura-pecuária utilizando a cultura do feijão, Alves disse que não há muita dificuldade, mas o produtor precisa ter conhecimentos de pecuária (manejo das pastagens, sanidade e suplementação dos animais, etc), saber trabalhar com plantio direto e agricultura e, se quiser ter floresta, entendimento sobre plantio de árvores. “De modo geral, no Paraná temos conhecimento em todas as áreas para realizar o trabalho. E hoje temos financiamento para isso, como o Programa ABC. Sem dúvida, esse tipo de trabalho está crescendo”, complementou ele.

Fonte: Folha de Londrina – ECONOMIA – 23/07/2014

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