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Previsão aponta tempo bom para as culturas de inverno

Apesar da neutralidade climática, produtor deve ficar de olho em ondas de frio, que podem atrapalhar o milho safrinha

Nem El Niño, nem La Niña. O ano de 2020 deve transcorrer sob neutralidade climática. Com isso, o agricultor paranaense pode esperar períodos com chuva um pouco abaixo de média e com outono e inverno com picos mais agudos de frio. Este cenário favorece o plantio e o desenvolvimento das culturas de inverno, mas pode prejudicar as lavouras de milho safrinha, plantadas tardiamente nesta safra.

A neutralidade climática é atestada por dois dos principais institutos do país: o Somar Meteorologia e o Climatempo. Com isso, as temperaturas do Oceano Pacífico devem permanecer dentro das médias históricas, provocando menos influência no clima do continente. Essa perspectiva mais neutra fez com que o Paraná começasse 2020 com uma certa estiagem e, posteriormente, outono e o inverno com chuvas um pouco abaixo dos registros históricos.

Conforme o Somar, março deve ser ainda muito seco. Em abril e maio, as chuvas transcorrem um pouco abaixo da média – na faixa de 100 milímetros, na maioria das regiões do Paraná. Somente em junho é que as precipitações devem ser mais consideráveis, com projeções apontando índices acima dos 100 milímetros em todo o Estado. Tudo isso, deve favorecer o plantio e o desenvolvimento das culturas de inverno, como o trigo.

“Entre o fim do outono e início do inverno, teremos três meses com pouca chuva. Em anos neutros, como agora, as safras de inverno costumam ser favorecidas, porque essas culturas não gostam de chuvas em excesso. Apodrece a planta e causa dificuldades no plantio e colheita. Então, para este ano, as culturas de inverno devem ter condições de desempenho bom”, observa o agrometeorologista Celso Oliveira, do Somar.

Neste cenário, a região Norte merece atenção. Conforme Oliveira, os índices pluviométricos devem ser ainda mais baixos, principalmente no período até maio. Ou seja, em toda essa região, a estiagem pode ser excessiva e prejudicar o desenvolvimento da lavoura.

Ondas de frio

Apesar das perspectivas positivas para a maior parte do Estado no que diz respeito às chuvas, o Paraná deve enfrentar um período maior de frio neste ano, com picos de baixa temperatura. Conforme os institutos meteorológicos, as ondas de frio devem começar já em maio e podem se estender até setembro.

“Temos risco de geada já em maio. Em junho, o cenário volta a ficar mais quente, com menos frentes frias. Mas em julho, as condições para a formação de geadas voltam com força, inclusive com possibilidade de geada negra”, diz o climatologista Filipe Pungirum, do Climatempo.

As possibilidades de picos agudos de frio mais tardios, que podem ocorrer até setembro, também colocam os triticultores em estado de alerta. “Quem plantou tardiamente, principalmente no Oeste e no Sul do Paraná, pode ter o trigo em floração nesta época [entre o fim de agosto e início de setembro]. Uma geada seria bem prejudicial”, aponta Oliveira, do Somar.

Essas ondas de frio também devem deixar em estado de apreensão os produtores que cultivam o milho safrinha. Como o plantio se deu de forma tardia, as previsões apontam que as lavouras terão que enfrentar essas intempéries, o que pode causar perdas na produção. “Esse milho que foi plantado tardiamente entraria na frase de frio intenso. Pegaria o frio em maio e em junho”, alerta Oliveira.

La Niña pode aparecer no fim do ano

No quarto trimestre, há indícios de que a La Niña (resfriamento de águas do Pacífico) pode voltar a influenciar o clima na América do Sul. Caso este fenômeno, de fato, se concretize, a previsão é de que haja estiagem prolongada, o que poderia impactar o início da safra 2020/21.

“Se isso se configurar, diminuem as chuvas em toda a região Sul”, observou Filipe Pungirum, do Climatempo. “O produtor de grãos deve ficar atento, porque isso significaria estiagem para o plantio de milho e de soja, entre o fim de 2020 e início de 2021”, acrescentou Celso Oliveira, do Somar.

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Felippe Aníbal

Jornalista profissional desde 2005, atuando com maior ênfase em reportagem para as mais diversas mídias. Desde 2018, integra a equipe de comunicação do Sistema FAEP, onde contribui com a produção do Boletim Informativo, peças de rádio, vídeo e o produtos para redes sociais, entre outros.

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