“Não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas”. Esta frase atribuída a Albert Einstein nos estimula a questionar como forma de avançar nas áreas que nos interessam. A integração lavoura-pecuária- floresta (iLPF) é uma das mais importantes estratégias de agregação de valores na agropecuária brasileira, com benefícios econômicos, sociais e ambientais amplamente reconhecidos e divulgados, que podem ser resumidos na maior sustentabilidade do sistema de produção.
O tema iLPF está em grande destaque. Na última reunião da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), em São Paulo, teve amplo debate sobre o tema. Também foi tema exclusivo do Congresso Mundial sobre sistemas de iLPF, em Brasília, e em diversos outros eventos. A informação disponível sobre este sistema de produção é muito ampla na internet, como por exemplo, no portal da EMBRAPA.
Mas, mesmo neste amplo material disponível, falta uma análise da aplicabilidade e importância da irrigação no processo de iLPF. Este tópico, quando tratado, aparece de forma superficial e sem uma análise adequada, embora trabalhos de pesquisa apresentem aumento de produtividade significativo, como é o caso de pastagem irrigada, com 80 e 150% de aumento na taxa de ocupação (unidade animal/ha) e na produção de carne (kg/ha/ano), respectivamente, quando comparada a sistemas de produção de sequeiro, de igual tecnologia, no cerrado do Centro Oeste.
É importante lembrar que a agricultura irrigada tem sido importante estratégia para otimização da produção mundial de alimentos, proporcionando desenvolvimento sustentável no campo, com geração de empregos e renda de forma estável, aumentando a produção, a produtividade e a rentabilidade da propriedade agrícola de forma sustentável, preservando o meio ambiente e criando condições para manutenção do homem no campo, gerando empregos permanentes e estáveis, em perfeita consonância com o sistema iLPF.
A implantação da iLPF não necessariamente exige o uso da irrigação, até porque apresenta características de melhor aproveitamento das chuvas em função da expectativa de maior conservação do solo, maior aprofundamento radicular, entre outras. Por outro lado, existem vantagens na utilização da irrigação na iLPF que merecem ser melhor avaliadas pelos que trabalham com o tema:
– Possibilidade de seguir à risca o planejamento de plantio, colheita e rotação. Isso se torna mais importante em uma estratégia de integração que tem “janelas” de produção bem definidas;
– Maior potencial produtivo em função da aplicação da água no momento certo, ou seja, seguro contra seca;
– Maior produtividade e melhor qualidade do produto, garantindo os níveis de rentabilidade planejada ou de ocupação dos animais;
– Maior eficiência no programa de fertilização pela possibilidade de aplicação de água no momento certo, facilitando e potencializando a absorção de nutrientes pelas culturas;
– Possibilidade de introdução de culturas caras, minimizando o risco do investimento, como é caso de cultivares de milho de maior potencial produtivo, pastagem de maior valor produtivo e nutritivo como Mombaça, Tifton etc;
– Necessidade de área menor para atingir a mesma produção e rentabilidade;
– Diversos estudos mostram que a utilização da irrigação na iLPF promove benefícios relacionadas à melhoria dos aspectos como diminuição da erosão, da perda de matéria orgânica e nutrientes e da compactação;
Também é importante citar que existe uma ampla disponibilidade de sistemas de irrigação para atender à demanda da iLPF e as empresas que fabricam e comercializam irrigação por aspersão convencional, carretel, pivô central e localizada tem linhas de produto cada vez mais modernas, eficientes e acessíveis.
Qual a importância da irrigação na integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF)? Por que a irrigação não é citada na maioria das apresentações e discussões sobre o tema? São perguntas importantes a ser respondidas não só por quem trabalha na área de irrigação, mas também pelos usuários e especialistas envolvidos neste importante sistema de produção. Não tenho dúvidas que a análise do problema, melhor entendimento do uso da irrigação e divulgação dos resultados por parte dos especialistas, permitirão um menor risco e maior ganho de rentabilidade ao sistema iLPF. É só optar por um bom projeto de irrigação que atenda a demanda parcial ou total do sistema de produção.
Por Everardo Mantovani – Professor Titular DEA-UFV e Sócio e Consultor da Irriger
Fonte – Notícias Agrícolas – 18/01/2016
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