Sistema FAEP

Trigo terá maior área dos últimos 10 anos

Cereal deve cobrir entre 2,5 e 2,7 milhões de hectares no país. Paraná e Rio Grande do Sul projetam 1,2 milhões de hectares cada

trigo_gA área destinada ao trigo no próximo inverno será a maior dos últimos 10 anos. A estimativa inicial é de que o cereal cubra entre 2,5 e 2,7 milhões de hectares em todo o país. Os responsáveis pelo avanço nacional da triticultura serão o Paraná e o Rio Grande do Sul – ambos projetam 1,2 milhões de hectares para a cultura. Santa Catarina e regiões produtoras do Sudeste e Centro-Oeste do país (que cultivaram 180 mil ha no ano passado) também devem ampliar o plantio. A última vez em que o Brasil plantou de 2,7 milhões de hectares foi em 2003/04, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O avanço das lavouras de trigo previsto no Paraná é de 20% e no Rio Grande do Sul, de 10%. Essas projeções partem dos técnicos de órgãos oficiais dos dois estados e serão divulgadas dentro de um mês.

A confiança renovada se embasa nos preços do trigo e na expectativa de maior liquidez. Principal país fornecedor do grão para o Brasil, a Argentina tem exportações restringidas pela presidente Cristina Kirchner. O Paraguai também enfrenta escassez, reflexo da forte geada da última safra. Assim, o produto brasileiro pode ter mais espaço no mercado nacional, apesar de a safra ser concentrada no Sul.

A retomada da cultura no Paraná ocorre principalmente no Oeste, que prevê expansão de 40% no plantio. Em todo o estado, o cultivo tende a somar 1,2 milhão de hectares. A triticultura retoma espaço próximo do registrado em 2009/10 (1,176 milhão de ha). Nas últimas duas safras, plantou-se menos de 1 milhão de hectares no estado.

O trigo mostra-se rentável e existe certo desânimo em relação ao milho, sempre comparado à soja, considera Carlos Hugo Godinho, agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

Com incremento de 10% no plantio, o Rio Grande do Sul, que foi o maior produtor no último ano, fica empatado com o Paraná, tradicional líder na triticultura. Entre os gaúchos, a torcida é para que o desempenho da cultura seja, no mínimo, igual ao da temporada passada, quando índices históricos (3,2 milhões de toneladas, com 3 mil kg/ha) foram atingidos.

“O desempenho da safra passada foi o melhor da história. Isso anima o agricultor. Os preços estão atraentes no início do ano. Se continuar assim até abril, é possível ter avanço de área”, projeta Ataides Jacobsen, agrônomo da Emater/RS. O estado gaúcho não registra área de trigo próxima de 1,2 mi/ha desde a safra 1886/87.

Sementes

As empresas que fornecem semente também trabalham com uma perspectiva de aumento na área dedicada ao trigo. Prevendo crescimento de 15% na área nacional a ser cultivada, a gaúcha Biotrigo investiu R$ 10 milhões em infraestrutura para ampliar sua oferta. Conforme o diretor técnico Ottoni Rosa Filho, a meta é disponibilizar 3 milhões de sacas (60 quilos) de sementes. O mercado nacional consome 6,8 milhões de sacas.

O gestor minimiza os efeitos que as ocorrências de geada e neve em julho e agosto do ano passado causaram nas lavouras do Sul. “Há cultivares produzidas no Rio Grande no Sul que se adaptam à produção do Paraná. Esse intercâmbio entre regiões é normal”, destaca.

Região Norte puxa avanço no Paraná

O plantio de trigo deve crescer em praticamente todas as regiões do Paraná no próximo inverno. Somente no Norte, o avanço será de 85 mil hectares – 41%, para 401 mil – em relação à safra anterior. No Oeste, serão mais 46 mil hectares extras, incremento de 40% em relação à safra passada. “No Oeste e no Norte, o avanço do trigo é sobre o milho safrinha”, detalha Carlos Hugo Godinho, agrônomo do Deral. Já na Região Sul, a área de trigo está projetada em 282 mil ha, praticamente a mesma da temporada anterior, pois a região não planta milho safrinha.

Apesar de ainda desconfiar do mercado, o produtor Geraldo Morsink irá dobrar o espaço do trigo na sua propriedade em Piraí do Sul, na região dos Campos Gerais. O plano é cobrir 185 hectares. “Não tenho certeza se o mercado vai continuar favorável. Inicialmente, eu estou plantando para vender pelo no preço mínimo”, aponta Morsink. De acordo com dados da Seab, a cotação paga ao produtor em fevereiro foi R$ 41,41 pela saca de 60 kg, aumento de 4% em relação ao mesmo mês do ano passado.

Fonte: Gazeta do Povo

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

Comentar

Boletim no Rádio

Boletim no Rádio