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Agricultura sofre com distorções

Sustentabilidade é atribuída quase só a questões ambientais

Uma pesquisa da Basf com 300 agricultores e 1 mil consumidores (15% na Região Sul) que acaba de sair do forno mostra clara divergência entre quem produz e quem consome alimentos. Quem compra diz estar disposto a pagar mais por produtos sustentáveis, mas relaciona esse quesito basicamente a cuidados ambientais. Quem produz depente de resultados econômicos e não nota tanto respaldo para investimento em cuidados extras. Foi a segunda edição da pesquisa, lançada em 2011 com a campanha Planeta Faminto. Mudanças de percepção vêm ocorrendo lentamente, aponta Laura Pires, gerente de Comunicação e Relacionamento da multinacional alemã no Brasil. O tema deste ano é Agricultura, o Maior Trabalho da Terra.

O produtor está mais satisfeito que em 2011. Isso é reflexo dos preços da soja?

De fato ele encontra-se mais satisfeito com sua posição como agricultor. A gente interpreta como uma melhora de autoestima. Tem a ver com a importância do agronegócio para a economia. E também com a alta dos preços. Mas, o agricultor ainda sente que não é tão respeitado, que o consumidor não conhece seus desafios.

O consumidor enxerga o agricultor mais como produtor de alimentos. O que está mudando essa visão?

A conscientização sobre a atividade e a importância da agricultura para o Brasil e o mundo é um trabalho de longo prazo. Com certeza, a melhora da percepção sobre a importância da agricultura passa por campanhas como a que Basf vem fazendo. Já impactamos 30 milhões de pessoas no Brasil. A cada nova etapa, temos um número maior de visualizações. Nosso último vídeo chegou em 1,9 milhões de views, o que mostra que o consumidor está mais aberto.

O produtor não sente tanta disposição do mercado em pagar por cuidados extras. É só teoria?

Exato. A gente perguntou tanto para consumidores quanto para agricultores o que é sustentabilidade na agricultura e percebeu que o conceito ainda está muito atrelado só a meio ambiente. E a gente sabe que a sustentabilidade engloba outros pilares, como sociais e econômicos. Então, cabe a nós do setor a mostrarmos para o urbano os avanços em tecnologia e os avanços do agricultor em prol da sustentabilidade.

A disposição em pagar mais é concreta?

O consumidor afirma que estaria disposto, mas quando perguntado o que quer dizer isso, ele não sabe explicar. A gente pode dizer que ainda é um discurso.

A ideia de sustentabilidade é difusa mesmo entre produtores…

Sustentabilidade não pode ser um conceito tão vago. [Esse conceito] precisa ser mensurado para que o produtor consiga provar os impactos da sustentabilidade no negócio, na qualidade do alimento e no bem estar da comunidade. É um caminho longo a percorrer, porque o agricultor também não tem essa visão mais ampla. Estamos tentando levar ferramentas que mensuram sustentabilidade ao campo.

O Brasil precisa mais amadurecimento que outros países?

Ainda não temos comparações em relação a 2014. Mas, em relação a 2011, existia um gap muito grande da percepção do agricultor e do consumidor urbano sobre a atividade agrícola. Aqui no Brasil, o agronegócio tem participação maior no PIB e a população precisa ter mais consciência sobre os desafios do agricultor, até para que a gente consiga apoio do governo para o setor.

Percepção mutante

Consumidores e agricultores estão se aproximando no Brasil, embora o agronegócio ainda não se considere valorizado o suficiente. Veja alguns resultados da pesquisa encomendada pela Basf à Market Probe.

• 88,6% dos consumidores consideram o agricultor um “produtor de alimentos”. Esse grupo cresceu 18% desde 2011. Entre os próprios agricultores, a descrição também ganhou adeptos, passando de 79% para 93%.

• 77% dos agricultores se dizem satisfeitos com sua função. Em 2011, eram 73%. Essa melhoria é atribuída em parte à fase de valorização dos preços da soja. Os consumidores que afirmam respeitar os agricultores são 90,5%.

• 82% dos consumidores dizem ter preocupação com a sustentabilidade na agricultura, referindo-se a cuidados ambientais. Esse índice cresceu 3,5% desde 2011. No Brasil, 67% dos agricultores dizem usar métodos sustentáveis de produção.

• 75% dos consumidores respondem que estão dispostos a pagar mais por alimentos sustentáveis, dez pontos a mais do que em 2011. Só 36% dos agricultores acreditam nessa disposição.

Fonte: Gazeta do Povo – 05/08/2014

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