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Brasil eleva importação de etanol dos EUA

Em 2016 o volume de etanol americano – que é feito a partir do milho – importado pelo Brasil no acumulado até novembro já superou em mais de 60% o importado em todo o ano anterior

Ao deixar a produção de etanol em segundo plano nesta safra para privilegiar a produção de açúcar, o Brasil acabou recorrendo à abundante oferta de etanol dos Estados Unidos, e agora ameaça desbancar o Canadá como principal destino do biocombustível americano. De janeiro a novembro, o Brasil foi o destino de 23,2% das exportações americanas de etanol, enquanto o Canadá representou 24,9%.

Saíram dos portos americanos rumo aos brasileiros 684,6 milhões de litros de etanol – a maior parte anidro – no acumulado de janeiro a novembro de 2016, conforme os últimos dados do Departamento de Comércio dos EUA. O Canadá, por sua vez, foi o destino de 747,1 milhões de litros de etanol exportado pelos americanos.

Apenas em novembro, o Brasil foi o destino de 192 milhões de litros de etanol americano, o que representou 42% dos embarques do produto dos Estados Unidos. No mesmo mês, o Canadá respondeu por uma fatia de apenas 20% das exportações do vizinho.
O Canadá é há anos o destino preferencial do biocombustível americano por causa de sua demanda para atender aos mandatos de mistura do etanol à gasolina, mas o ritmo de suas importações do produto dos Estados Unidos vêm retrocedendo nos últimos anos. As importações do Brasil, por sua vez, vêm na direção contrária.

O volume de etanol americano – que é feito a partir do milho – importado pelo Brasil no acumulado até novembro já superou em mais de 60% o importado em todo o ano anterior. Em 2015, os Estados Unidos exportaram aos brasileiros 426,2 milhões de litros.

No ano passado, as importações brasileiras tomaram mais fôlego no segundo semestre, à medida que as usinas do Centro-Sul buscaram garantir estoques para atender a demanda na entressafra.

Nos cálculos da consultoria Datagro, o Centro-Sul importará, no acumulado da safra 2016/17, 450 milhões de litros de etanol, em sua maior parte dos Estados Unidos. Esse volume é quase quatro vezes maior do que a quantidade importada na safra passada.
Como as usinas do Norte e do Nordeste também estão priorizando a produção de açúcar, a importação de etanol das duas regiões nesta safra também deve crescer, ainda que em menor escala, dado que a região já costuma a importar o biocombustível. Na projeção da Datagro, Norte e Nordeste importarão 20% mais etanol na safra 2016/17, somando 780 milhões de litros. O cálculo considera a safra nas duas regiões, que começa em setembro.

O aumento do fluxo de etanol americano aos portos brasileiros explica-se pela correlação favorável entre os preços do produto nos dois países. Enquanto no Brasil o produto gerou ao longo da moagem da safra uma rentabilidade menor do que o açúcar, nos EUA a colheita recorde de milho favoreceu um aumento da produção de etanol.

“O etanol americano estava bastante competitivo neste ano em comparação com o etanol brasileiro, que perdeu uma fatia ainda maior da participação no mercado externo”, afirmou Vitor Andrioli, analista da consultoria FCStone.

O etanol dos EUA que chegava ao polo de Paulínia na primeira metade do mês era negociado com as distribuidoras pelo equivalente a R$ 1,66 o litro, enquanto o etanol anidro estava, na mesma época, perto de R$ 2,09 por litro (sem considerar incidência de PIS e Cofins), conforme levantamento realizado pela consultoria.

Segundo Andrioli, os valores dos contratos futuros de etanol hidratado negociados na BM&FBovespa indicam que o produto brasileiro só voltará a ser mais competitivo que seu concorrente americano em abril, quando as usinas do Centro-Sul voltarem a processar cana.

Outro fator que torna mais vantajosa a importação do etanol americano é a redução do frete marítimo, observou Plinio Nastari, presidente da Datagro. Segundo ele, o custo com frete está cerca de 26% mais baixo que em 2016 para cargas de 10 milhões a 15 milhões de litros. “A redução de atividade econômica no mundo inteiro fez com que os fretes caíssem”, afirmou.

Fonte: Valor Econômico

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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