Sistema FAEP/SENAR-PR

Brasil quer açúcar na lista de produtos livres de tarifas no Mercosul

Os argentinos ainda resistem à ideia, que é defendida pelos setores público e privado brasileiros desde 1994

O novo governo resolveu abraçar uma velha demanda dos usineiros brasileiros e deu início a negociações com os países parceiros do Mercosul para incluir o açúcar na pauta de produtos beneficiados pelo livre comércio dentro do bloco.

As articulações diplomáticas apenas começaram, mas têm foco na Argentina, país do bloco que mais resiste à ideia. Enquanto o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já tratou do assunto em duas ocasiões com o ministro argentino da Agroindústria, Ricardo Buryaile, o chanceler José Serra também já demonstrou o interesse do Brasil de liberar tarifas de importação sobre o açúcar no Mercosul à chanceler argentina, Susana Malcorra. O ministro do Desenvolvimento, Comércio e Indústria Exterior, Marcos Pereira, também levantou o assunto.

Os argentinos resistem à ideia defendida pelos setores público e privado brasileiros desde 1994, pois há pressão de produtores de cana-de-açúcar e de usinas das três Províncias ao norte do país – Jujuy, Salta e Tucumán -, onde se concentra a produção de açúcar.

Os usineiros da Argentina têm receio de que o açúcar brasileiro inunde o mercado local caso o bloco libere as tarifas de importação hoje vigentes entre os países integrantes. A Argentina cobra uma alíquota de 10% para permitir a entrada do açúcar proveniente de usinas do Brasil.

“Já pedi ao meu contraparte na Argentina que o assunto seja tratado dentro do Mercosul e ele disse que levará a demanda ao presidente [Maurício] Macri”, disse Maggi. “A Argentina não seria afetada, pois o Brasil aceitaria antes de tudo firmar acordos bilaterais para não afetar a economia argentina”, acrescentou, dizendo que a ideia do governo brasileiro é aproveitar a maior abertura da gestão Macri, para levar a questão à deliberação do bloco.

A postura do governo Michel Temer atende a um apelo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as usinas do Centro-Sul do país. Segundo Eduardo Leão, diretor-executivo da entidade, o açúcar figura como o único produto que ainda está de fora das listas de bens livres de tarifas no Mercosul, o que pode fragilizar as negociações do bloco com outras regiões. “Mas estamos dispostos a aceitar a criação de cotas de exportação para a Argentina, como acontece com o leite e o setor automotivo, para evitar uma abertura ampla do mercado deles para o nosso açúcar”, avaliou.

Sem isenção de tarifa para o comércio de açúcar, o Mercosul representa um mercado marginal para as usinas brasileiras. No ano passado, o Brasil exportou US$ 182,6 milhões em açúcar para os países do bloco, cerca de 2% da receita obtida com o embarque da commodity para o mundo todo em 2015. A China, maior destino do açúcar brasileiro, importou US$ 817,7 milhões ano passado, quase 10% da receita total com os embarques do produto.

Uma fonte do Itamaraty confirma que o tema já está sendo tratado pelo governo mas mudanças aparentemente em curso no bloco – como a definição em torno do próximo país a assumir a presidência do grupo – podem acelerar ou atrasar o andamento da proposta internamente.

Fonte: Valor Econômico

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

Comentar

Boletim no Rádio

Instagram

Instagram has returned empty data. Please authorize your Instagram account in the plugin settings .

Galeria | Flickr

  • 0968_AGRINHO _2023
  • 0967_AGRINHO _2023
  • 0962_AGRINHO _2023
  • 0963_AGRINHO _2023
  • 0965_AGRINHO _2023
  • 0966_AGRINHO _2023
  • 0961_AGRINHO _2023
  • 0958_AGRINHO _2023
  • 0959_AGRINHO _2023

Boletim no Rádio