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Ceasas de todo o país receberão investimentos do plano nacional que será elaborado para o setor

Quatro décadas depois de o governo federal implantar no Brasil o modelo de centrais de abastecimento, o setor deve ser completamente modernizado. Um grupo de trabalho envolvendo as principais entidades de abastecimento do país tem 90 dias para encaminhar um relatório ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com as propostas que integrarão o Plano Nacional de Abastecimento. Entre outros, as Ceasas devem ter maior integração e buscar práticas que garantam aos produtos maior valor agregado e, por consequência, maior rentabilidade aos produtores.

O grupo será composto por representantes do Mapa, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimento (Abracen) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Serão mapeadas as principais áreas temáticas (logística de comercialização, classificação, certificação etc) e serão criados subgrupos responsáveis por apontar ações. "A infraestrutura está arcaica. São prédios antigos, sem climatização, sem condição de instalação de câmaras frigoríficas", afirma o diretor-presidente da CeasaMinas e presidente da Abracen, João Alberto Paixão Lages, que somente neste ano visitou entrepostos na Holanda, Itália, Portugal e França. Ele diz que em muitas situações os caminhões não conseguem nem mesmo manobrar nos entrepostos, que, adaptados aos caminhões da década de 1980, com capacidade de 10 toneladas, não comportam os veículos de hoje, com capacidade quatro vezes maior.

A questão não se restringe à infraestrutura. Um dos pontos mais críticos está relacionado à falta de integração dos entrepostos. A falta de um sistema interligado resulta em perdas para produtores e consumidor. Isso porque fica inviável saber de forma correta a demanda e a oferta de frutas, hortaliças e outros. O resultado é que se verifica forte oscilação de preços em períodos de entressafra. E mais: se observa o chamado "passeio da produção", quando o produto viaja de uma região para um entreposto e retorna para a cidade de origem, onde é consumido. O bate e volta onera a logística e tira ganhos do lavrador. "Com um sistema de inteligência mais forte, a produção poderia ser escoada para outro entreposto", afirma Lages.

Apresentação
Por último, outro fator apontado como primordial para ter mais lucros no setor agrícola diz respeito à apresentação do produto. Desde a embalagem e o rótulo até a padronização são fatores que garantem maior valor agregado. Atualmente, a avaliação do setor é de que produtores rurais dão pouco valor a esses pontos, o que faz com que os produtos sejam comercializados de forma bruta, deixando o que seriam diferenciais de lado. Assim, um tipo de tomate que é vendido em Minas pode parecer totalmente diferente em outro estado. "Tem gente que não consegue compreender que o consumidor da década de 1970 não é o mesmo de hoje", afirma o diretor-presidente da CeasaMinas, recordando que antes da criação das centrais de abastecimento as vendas eram feitas na rua, sem controle de preço, demanda e qualidade.

Estado de Minas – ECONOMIA

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