Sistema FAEP

CEMF impulsiona a representatividade sindical rural no Paraná

Produtoras contribuem na mobilização da agropecuária estadual, promovendo iniciativas para engajar sindicatos rurais e incluir mais lideranças femininas

No Paraná, a mobilização feminina no campo ganhou reforço com a criação da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF), em 2021. A iniciativa, concebida para incentivar a participação das mulheres no setor agropecuário, passou a exercer influência direta no fortalecimento do sistema sindical rural paranaense. Hoje, mais de 65% dos sindicatos rurais no Estado contam com comissão local de mulheres (106 das 162 entidades). Isso representa um universo de 4,3 mil produtoras rurais mobilizadas, que já se consolidaram como referência para o setor, inclusive em âmbito nacional.

Em 2022, com pouco mais de um ano de atuação, a CEMF foi incluída na lista dos “50 Grupos de Mulheres do Agro do Brasil” da revista Forbes, uma das mais importantes publicações de economia e negócios do mundo. O periódico destacou que, embora o trabalho das mulheres no setor agrícola sempre tenha existido, nos últimos 40 anos elas deixaram de estar à sombra de pais, maridos e irmãos para assumir papéis de liderança na administração dos negócios. Esse é exatamente o movimento que a CEMF incentiva – e com sucesso.

Com o reconhecimento nacional, a CEMF inspirou outras federações a criarem iniciativas semelhantes, fomentando a inclusão e o desenvolvimento das mulheres no agronegócio.

“Nós criamos a Comissão Estadual porque queríamos trazer as mulheres para dentro do sistema sindical. E temos nos organizado de maneira exemplar, deixando um rastro de inspiração. Entre as milhares de produtoras que participam das comissões nos sindicatos rurais estão as futuras líderes que vão resolver problemas e encontrar novas oportunidades para o avanço do setor”, afirma o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.

A participação das produtoras rurais nos eventos do Sistema FAEP é um reflexo desse movimento. No Encontro Regional de Líderes Rurais 2025, que percorreu 11 cidades ao longo de junho e julho, 63% dos mais de 2,4 mil participantes eram mulheres. No Encontro Estadual de Líderes Rurais do ano passado, o público feminino chegou a 70% dos mais de 4 mil participantes.

Na avaliação da coordenadora estadual da CEMF, Lisiane Rocha Czech, as ações dos grupos têm sido fundamentais para ampliar a conscientização sobre o sistema sindical. “Houve um esclarecimento e amadurecimento sobre a importância do nosso sistema sindical. Como resultado, estamos vendo o fortalecimento da nossa classe, com mais união, participação e envolvimento”, destaca Lisiane.

Engajamento

No final de 2023, por exemplo, a CEMF identificou a necessidade de ampliar a relevância local dos sindicatos rurais. A partir disso, propuseram o Projeto Sindicato Protagonista, com o objetivo de estruturar estratégias que incentivem as entidades a alcançar maior nível de excelência e a fazer a diferença no município onde atuam.

O plano de trabalho é conduzido de forma conjunta, estimulando ainda a criação de comissões de mulheres em sindicatos que ainda não contam com um grupo organizado.

“A sustentabilidade sindical sempre foi uma preocupação. Esse programa é uma forma de incentivar a união das lideranças em torno de objetivos comuns, estimulando o espírito de colaboração”, aponta Lisiane, que também é vice-presidente do Sistema FAEP e presidente do Sindicato Rural de Teixeira Soares há 17 anos.

Lançado no início de 2024, o projeto conta com a adesão de 105 sindicatos rurais, incluindo o de Ortigueira, na região Central do Estado. Ali, a comissão local de mulheres, atuante há dois anos e meio, representou uma virada para a entidade, promovendo ações que deram visibilidade e atraíram novos associados. Segundo Luciane Cristina Colonheze Eidam, coordenadora local da comissão e também coordenadora estadual da CEMF, as mulheres tornaram-se produtoras rurais mais engajadas.

Sindicato Rural de Ortigueira recebeu o selo de conclusão de metas do Projeto Sindicato Protagonista durante o Encontro Regional de Líderes Rurais 2025

“Todos estão por um mesmo propósito: trazer inovação e melhorias, sempre pensando na sustentabilidade do sistema sindical. Agora, os produtores conseguem ver com mais clareza a importância da união e os benefícios de serem sindicalizados”, conta Luciane.

Novo sindicato

Outro feito recente que comprovou o poder de mobilização das comissões locais foi a criação do Sindicato Rural de Guamiranga, no Sudeste do Paraná, que, em abril de 2024, passou a integrar o Sistema FAEP. Mesmo sem sindicato próprio, as mulheres de Guamiranga já estavam organizadas em uma comissão desde 2021, então vinculada ao Sindicato Rural de Ivaí. A ideia de fundar uma entidade sindical no município surgiu no mesmo ano, durante a participação das mulheres no Encontro Regional de Líderes Rurais em Carambeí, nos Campos Gerais.

“A comissão queria crescer. Durante a capacitação das coordenadoras no início do ano passado, chegamos à conclusão que não bastava ter um grupo de mulheres fortes sem sindicato rural”, explica Joceli Borgo, coordenadora da comissão de mulheres de Guamiranga e uma das lideranças que esteve à frente do processo de fundação da entidade sindical.

Mesmo com poucos meses de atuação, o sindicato já apresentou resultados imediatos: o número de participantes na comissão local cresceu, uma vez que podiam se associar a uma entidade do próprio município. “Antes a gente quase não via mulher; hoje os conselhos estão lotados”, define Joceli.

Joceli Borgo, coordenadora da comissão de mulheres de Guamiranga, esteve à frente da mobilização que deu origem ao sindicato rural do município

No Noroeste do Estado, outra entidade sindical também registra reflexos positivos do engajamento feminino. Em 2022, a produtora rural Cláudia de Andrade Bezerra Zanusso recebeu a notícia de que o Sindicato Rural de Nova Esperança estava prestes a fechar as portas, por inatividade e falta de produtores interessados em dar continuidade ao trabalho. Ela reuniu mais cinco mulheres, que imediatamente abraçaram a ideia de revitalizar a entidade.

“Nós decidimos lutar pelo nosso sindicato. Nos unimos com o então presidente, montamos uma chapa e fomos eleitos para essa missão”, relata Cláudia, que, além de integrar a nova diretoria, também se tornou coordenadora da comissão local de mulheres.

De acordo com a líder rural, desde a eleição no início do ano passado, o sindicato vem realizando ações para incentivar a participação dos produtores.

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Número de mulheres aumentou nas diretorias dos sindicatos

O resultado da articulação da CEMF é evidente no crescente número de mulheres no sistema sindical rural, muitas vezes assumindo posições de liderança. Antes da criação da Comissão Estadual, 139 mulheres ocupavam cargos de diretoria nos sindicatos rurais. Hoje são 315, aumento de 127% em apenas quatro anos. O número de presidentes também cresceu, de sete para 12 mulheres.

Nisso, o Norte do Paraná dá o exemplo. Nos municípios de Uraí e Porecatu, os sindicatos são liderados por produtoras rurais. Sueli Maria Bachim está à frente da entidade de Uraí há 16 anos. Ela assumiu a presidência em 2009, quando o sindicato estava prestes a decretar falência, com a sede indo a leilão. Por ser filha de um dos fundadores, Sueli sentiu a obrigação de lutar pelo sindicato.

Com sua experiência de 14 anos como diretora de escola pública, buscou alternativas para manter a estrutura sindical funcionando: resolveu as pendências financeiras, aumentou o patrimônio, trouxe mais associados e incentivou a organização de uma comissão local de mulheres, hoje com mais de 30 participantes.

“Agora temos mais orientação, por meio das consultorias, e mais conhecimento para colocar nossas ideias em prática”, ressalta Sueli, que pretende preparar uma mulher para assumir a sua cadeira.

No Sindicato Rural de Porecatu, a engenheira agrônoma e produtora rural Ana Thereza preside a entidade desde 2005, quando foi convidada a compor a chapa. Na época, já havia se tornado uma das principais responsáveis pela gestão da propriedade da família, após o falecimento do pai. Para aprimorar seu conhecimento, realizou alguns cursos do Sistema FAEP, o que despertou sua vontade de se engajar ainda mais na entidade.

“Eu sempre quis trabalhar no sistema sindical e uma das minhas premissas é levar capacitação profissional aos produtores. Para isso, o Sistema FAEP é o caminho”, afirma Ana Thereza.

Em Rolândia, também na região Norte, a produtora Gayza Maria de Paula Iácono está no segundo mandato como presidente, tendo assumido a entidade em 2021, quando o sindicato estava praticamente parado e trabalhando no vermelho. Naquele ritmo, segundo Gayza, a previsão era fechar as portas em três anos.

Uma das iniciativas foi a criação de uma comissão local, formalizada oficialmente em 2024. “Era uma demanda reprimida dessas mulheres estarem ativas no sindicato rural. Agora, estamos potencializando o conhecimento das nossas produtoras rurais para que possam defender o setor”, comenta Gayza.

A criação do colegiado oxigenou a entidade, trazendo melhorias imediatas e atraindo novos associados. Além disso, o grupo feminino tem contribuído para divulgar os cursos do Sistema FAEP, organizar eventos e ampliar o alcance das ações do sindicato. “São mulheres comprometidas que entendem o trabalho do sindicato. Hoje fazemos parte de conselhos e entidades locais”, conclui.

Comissão local de mulheres transformou o Sindicato Rural de Rolândia

Imprensa

O Departamento de Comunicação do Sistema FAEP desenvolve a divulgação das ações da entidade. Entre suas tarefas, uma é o relacionamento com a imprensa, incluindo a do setor agropecuário e também os veículos

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