Principal investidor e parceiro comercial do Brasil, a China deve aumentar os investimentos no agronegócio brasileiro. A avaliação é do advogado Durval de Noronha Goyos Júnior, que tem escritórios no território chinês. Ele é um dos participantes do seminário O Ambiente de Negócios na China, realizado pelo Instituto Confúcio, na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em São Paulo, nesta sexta-feira (22/11).
O agronegócio é um dos principais setores da parceria comercial entre os dois países, principalmente no comércio de soja em grão. De acordo com a Associação Nacional do Exportadores de Cereais (ANEC), dos 40,6 milhões de toneladas exportadas pelo Brasil de janeiro a setembro deste ano, 30,93 milhões foram para a China.
Mais recentemente, depois de um encontro entre representantes dos dois governos, foi anunciado um acordo fitossantário que deve permitir a exportação de milho brasileiro para o país asiático. A expectativa do governo brasileiro é de que as vendas possam alcançar a longo prazo 10 milhões de toneladas, com um valor calculado em US$ 4 bilhões.
Apesar da importância do agronegócio no comércio entre Brasil e China, Goyos Júnior avalia que o setor ainda não está entre os mais importantes alvos do investimento chinês no Brasil, ainda concentrado em setores como energia, mineração e máquinas e equipamentos. “Mas esses investimentos devem crescer nos próximos anos”, prevê o advogado.
Na avaliação dele, um dos fatores de incentivo para esses investimentos diretos é a própria relação comercial. De 2007 a 2012, o fluxo de comércio entre os dois países (somando importações e exportações) saltou de US$ 23,3 bilhões para US$ 75,4 bilhões. “O comércio dá o apetite do investimento”.
Outro motivador, segundo ele, deve ser a série de reformas anunciada pelo Partido Comunista Chinês neste mês. As mudanças preveem maior participação do setor privado na economia com privatizações e liberalização do sistema financeiro. Incluem também medidas a favor da mobilidade social e de melhorias de condições para a população rural.
Para Durval de Noronha Goyos Júnior, a intenção do governo chinês é aumentar a qualidade e vida, o que passa por uma melhoria da qualidade da alimentação. “O Brasil pode prover alimentos com qualidade e quantidade para a China”, diz ele.
Embora reconheça que as diferenças de competitividade entre o Brasil e a China representam uma dificuldade, o especialista acredita que o agronegócio deve ficar somente atrás do setor de energia entre os mais atrativos para os investimentos chineses no mercado brasileiro. Entre os segmentos mencionados, estão os de carnes, leite e suco de laranja. E o comércio de soja em grão tende a migrar para o produto industrializado.
Goyos Júnior acredita que os investimentos chineses no setor devem incluir novos projetos e parcerias, embora acredite que a segunda opção seja a mais interessante. Segundo ele, empresários chineses devem procurar parceiros no Brasil e vice-versa. “Minimiza os riscos e maximiza as possibilidade de retorno”.
Fonte: Revista Globo Rural – 22/11/2013
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