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Chinesa cancela compra de soja do País

O grupo chinês Sunrise vai cancelar a compra de quase 2 milhões de toneladas de soja por causa dos atrasos de embarques verificado nos principais portos brasileiros. Na últimas semanas, filas quilométricas de caminhões têm se formado nas rodovias que dão acesso ao Porto de Santos, o maior da América do Sul e responsável por um terço das exportações de soja do País. Como os caminhões não conseguem chegar até o terminal, os navios não podem atracar e ficam parados na barra à espera dos produtos.

"Nós não receberemos as cargas. Primeiramente, é um default por parte do fornecedor por não embarcar no prazo", disse Shao Guori, gerente responsável pela divisão de soja do grupo. Ele afirmou que a companhia planejava ontem cancelar de 10 a 12 navios panamax (capacidade para 60 mil toneladas), com carregamentos que deveriam ter sido enviados entre janeiro e fevereiro, já que apenas duas embarcações haviam chegado até o momento.

De acordo com a empresa, que compra 7 milhões de toneladas de soja por ano, outros 23 carregamentos agendados para abril e junho também deverão ser cancelados. O movimento da companhia, com sede em Pequim, que responde por cerca de 10% das importações de soja realizadas pela China, foi visto pelo mercado como uma forma de a empresa tentar renegociar os carregamentos. Desde que a empresa fechou a compra com os produtores brasileiros, o valor da soja caiu. Por isso, agora a empresa quer negociar melhores cotações para substituir os volumes comprados anteriormente.

Segundo o consultor João Carlos Kopp, esse tipo de manobra é mais comum nos Estados Unidos para reduzir os preços da soja. Em algumas ocasiões, é mais vantajoso para o comprador pagar a multa prevista no contrato e, mais para a frente, fazer a recompra dos grãos a preços mais baixos, explica ele. Ao cancelar uma compra, a companhia mexe nos preços do mercado internacional.

Kopp afirma que os boatos de que a chinesa cancelaria a compra de soja começaram na sexta-feira, mas só foram confirmados ontem. Mas, ao cancelar o pedido, a empresa terá de ir ao mercado para repor o produto. O problema é que nos Estados Unidos, outro grande produtor, os estoques estão baixos. Então é possível que eles tenham de recorrer, novamente, ao mercado brasileiro.

Infraestrutura. Embora seja uma manobra mais comum do que muitos imaginam, dessa vez a empresa tem como desculpa as dificuldades de embarque provocadas pela péssima infraestrutura brasileira.

Segundo informações do setor, há navios que aguardam desde fevereiro para o embarque de soja nos portos nacionais. "O Brasil vive um apagão logístico. Isso que está ocorrendo agora é só o fio do novelo de lã que começa a ser desenrolado", afirma o diretor da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sergio Mendes.

De acordo com ele, várias iniciativas precisam ser adotadas para evitar que esse tipo de gargalo afete a produção de grãos nos próximos anos e reduza a competitividade do produto brasileiro. Uma delas, completa Mendes, é a aprovação da Medida Provisória 595, conhecida como MP dos Portos.

O setor do agronegócio defende a construção de novos terminais portuários privados, fora dos portos públicos. Mendes e Edeon Vaz Ferreira, diretor do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, argumentam que o governo precisa tornar viável novas rotas para escoar a soja, especialmente pelos portos do Norte. Além de desafogar os terminais do Sul e Sudeste, o caminho é mais rentável financeiramente, o que aumenta a competitividade do Brasil. / RENÉE PEREIRA, COM REUTERS

MSN Estadão

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