A colheita da primeira safra de feijão no Paraná começa nas próximas duas semanas e deve reduzir os ganhos dos produtores nos próximos meses, mas não a cotação abaixo do preço mínimo atual, de R$ 95, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Houve recuperação da área plantada e da produção em relação ao ano passado, quando os baixos preços desestimularam o agricultor a cultivar o grão. Por isso, o consumidor pode esperar o barateamento nas gôndolas a partir de dezembro.
O valor pago ao produtor pela saca de 60 kg do feijão de cor, que teve a cotação média à beira dos R$ 200 em maio, caiu mensalmente até ficar em R$ 116 em outubro. No caso do preto, que representa 60% da primeira safra paranaense, o valor tem variado e fechou o mês passado em R$ 138, acima dos R$ 130 de maio. Os números são do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).
Para os próximos meses, o ex-presidente e técnico da Conab no Paraná Eugenio Stefanelo afirma que a queda no valor do grão não deve preocupar o agricultor. “Mesmo com a entrada de safra nova, deve ficar acima de R$ 95 por saca”, diz. Ele lembra que houve aumento da área plantada, mas ainda não nos níveis de 2011, quando o preço chegou a despencar para R$ 64.
Na ocasião, as plantações no Estado somavam 247 mil hectares. O baixo valor fez com que parte dos produtores substituísse a cultura pela de soja em 2012, quando a área ficou em 214 mil hectares, conforme o Deral. Com a influência de problemas climáticos como seca e frio intenso, a produção em 2012 foi reduzida e o preço disparou.
Para a safra 2013/14, a área aumentou para 231 mil hectares no Estado, 8% maior do que no ano passado. A previsão de produção é de 424 mil toneladas, 29% a mais do que as 329 mil da anterior. O economista Marcelo Garrido, do Deral, diz que a perda de espaço em 2012 ocorreu para a soja e que o crescimento deste ano foi sobre a área de cultura de milho, que também tem perdido espaço para a oleaginosa.
Ele não arrisca afirmar se o preço do feijão cairá demais, mas não crê em problemas em médio prazo. “Em dois ou três meses, a recuperação da oferta no País, e não apenas no Paraná, não deve ser tão rápida para derrubar as cotações”, conta Garrido.
Stefanelo prevê a estabilização dos preços. “Acredito que fique em um patamar bom para o produtor e para o consumidor. É melhor do que do jeito que foi no ano passado, bom para o produtor, apenas.”
O técnico da Conab lembra também que o País precisou importar na entressafra para conseguir uma redução nos preços nos últimos meses, o que mostra que há espaço para a oferta crescer até que possa atender à demanda nacional.
No Brasil
A Conab estima o crescimento da área plantada de feijão de 1,127 milhão para um máximo de 1,777 milhão de hectares, uma diferença de 4,4%. A ampliação da produção é maior, com expectativa de que passe de 964 mil toneladas para 1,244 milhão de toneladas, ou 29% a mais.
Folha web
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