Sistema FAEP

Concurso Café Qualidade Paraná alavanca negócios com o grão especial

Produtores envolvidos com a iniciativa relatam boom na procura por seus produtos. Premiação deste ano está marcada para 25 de novembro

A família Carvalho começou a produzir café em 2012, quando comprou uma propriedade rural no município de Wenceslau Braz, no Norte Pioneiro. Em cerca de 11 hectares, eles iniciaram a plantação do grão focada em qualidade. No início, o casal Edson Messias de Carvalho e Sirlei de Fatima da Cruz Carvalho puxou à frente, já que os filhos Natan Miguel da Cruz Carvalho e Carlos Gabriel Cruz de Carvalho ainda eram pequenos. Hoje, a mudança para o sítio deu tão certo que a família inteira passou a se envolver na produção e no beneficiamento do café da marca própria: Santana Coffee.

Com o passar do tempo, o resultado do esforço dos Carvalho começou a aparecer, em boa parte, por causa do Concurso Café Qualidade Paraná. Desde 2013, a família esteve 15 vezes entre os destaques da premiação, e este ano não é diferente. A cada edição do concurso, a procura pela família Carvalho registra aumento expressivo.

Há mais de 10 anos, família Carvalho aposta na produção de café de qualidade no Norte Pioneiro

“Nosso negócio é focado no café especial. Constantemente aprimoramos os métodos de produção, tanto que, atualmente, 70% dos nossos grãos são classificados na categoria especial”, compartilha Natan, que além de produtor é engenheiro agrônomo. “A média de cafés especiais em uma lavoura costuma ficar próxima dos 15% da produção total. Qualquer número acima é um resultado muito bom”, destaca Denilson Fantim, especialista em café do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná) e responsável pela coleta das amostras dos participantes do Concurso Café Qualidade Paraná.

O casal Maristela Fatima da Silva Souza e Valdeir Luiz de Souza, de Pinhalão, também comanda uma propriedade no Norte Pioneiro focada em cafés especiais. Os dois sempre estiveram ligados à produção de café, mas a virada de chave ocorreu em 2013, quando surgiu a Associação dos Produtores e Produtoras de Café Especial do Matão. A partir de então, o manejo de cada etapa da produção passou a ser aprimorado para obter qualidade. A partir de 2017, os troféus começaram a chegar, inclusive, no Concurso Café Qualidade Paraná.

Maristela inscreveu o seu café no Concurso Café qualidade Paraná

“O prêmio aumentou a nossa visibilidade e, consequentemente, o lucro. Nós focamos no café especial e tem dado resultado. Nosso produto está em diversas cafeterias famosas em Curitiba e outras cidades”, revela Valdeir. “Todo ano, quando o pessoal vem coletar a amostra para o prêmio, ficamos na expectativa. Existe aquele nervosismo para saber se o trabalho do ano gerou um bom resultado e se estaremos entre os melhores cafés do Estado”, completa Maristela.

Concurso Café Qualidade Paraná

A premiação promovida pela Câmara Setorial do Café do Paraná, formada pelo Sistema FAEP, Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), IDR-Paraná e Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina, é a terceira maior do gênero no Brasil, atrás apenas de concursos realizados em Minas Gerais e Espírito Santo, maiores produtores nacionais de café. Na sua 23ª edição, a competição envolve a análise de centenas de amostras separadas por produtores paranaenses de cafés, que separam seus lotes para submeter à avaliação.

Uma novidade da premiação deste ano, marcada para 25 de novembro, em Curitiba, será a promoção de uma sessão de cupping (espécie de degustação) entre produtores e cafeterias, com a intenção de gerar negócios.

“Participar de uma premiação desta relevância é uma oportunidade para o produtor ampliar o reconhecimento do seu café e agregar valor à sua produção. O café de alta qualidade tem se tornado uma marca registrada do campo paranaense, conquistando os paladares mais sofisticados do Brasil e do mundo”, ressalta o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette.

Processo de avaliação contabiliza diversas etapas técnicas

A cada edição, o processo de avaliação do Concurso Café Qualidade Paraná começa nas propriedades rurais, com a coleta das amostras. O primeiro passo é a chegada do técnico do IDR-Paraná ao local, onde organiza os materiais necessários para a coleta da amostra da saca de 60 quilos do café inscrito. Após verificar as condições de armazenagem, a sacaria é aberta para a retirada de dois quilos de grãos in natura, que são pesados, identificados e lacrados. A amostra segue diretamente para o laboratório do IDR-Paraná, em Londrina, onde passa por uma série de análises rigorosas. No laboratório, os procedimentos seguem padrões internacionais definidos pela Associação de Cafés Especiais (SCA).

“As amostras são codificadas, garantindo que o processo de avaliação ocorra de forma imparcial, sem identificação dos produtores”, enfatiza Romeu Gair, extensionista no IDR-Paraná, em Londrina. Os grãos passam por um quarteador, que assegura a homogeneização do material e, em seguida, 10 gramas do produto são peneirados. Cafés com vazamento superior a 5% na peneira 16, ou acima, são desclassificados. O teor de umidade também é verificado, não podendo ultrapassar 11,5%.

Na etapa seguinte, a classificação física é um processo manual conduzido por especialistas do IDR-Paraná. “Fazemos uma análise criteriosa, em fundo preto e com iluminação especial. Isso possibilita a identificação e contagem dos defeitos dos grãos, o que exige atenção e experiência do nosso time de técnicos qualificados”, completa José Alves, técnico agrícola do IDR-Paraná.

Apenas depois da classificação ocorre o processo da torra. Todas as amostras passam por esse procedimento conduzido pelo mesmo profissional (mesmo que o processo entre madrugada adentro), o que garante o controle preciso da técnica e da temperatura. O aroma de café recém-torrado toma conta do laboratório e anuncia a fase mais esperada: a prova de xícara, conhecida como cupping.

As amostras são pesadas, moídas e preparadas na proporção de 9,5 gramas de café torrado e moído por xícara, com a adição de água quente. Os avaliadores utilizam fichas padronizadas para atribuir notas a critérios pré-estabelecidos, como aroma, sabor, acidez, corpo e doçura, seguindo os parâmetros da SCA. Os dados são compilados e o resultado é mantido em sigilo até o dia da premiação, momento em que os melhores cafés do Paraná são revelados e celebrados.

“O Café Qualidade Paraná se consolidou, com o passar do tempo, como um instrumento de desenvolvimento e reconhecimento, sempre inovando e aprimorando os aspectos técnicos envolvidos. Nesse trabalho, do qual o Sistema FAEP faz parte, estamos ajudando a transformar o café paranaense em referência nacional quando o assunto é excelência e qualidade”, avalia Lucian de Souza, técnico do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP.

Relações com a Imprensa

O Departamento do Sistema FAEP desenvolve a divulgação das ações da entidade. Entre suas tarefas, uma é o relacionamento com a imprensa, incluindo a do setor agropecuário e também os veículos

Comentar

Boletim no Rádio