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Discurso do presidente Ágide Meneguette durante III Encontro das Comissões da FAEP

Íntegra Discurso do  presidente do Sistema da  Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) durante abertura do III Encontro Estadual das Comissões da FAEP nesta  segunda-feira, dia 4, no Hotel Sheraton for Points, em Curitiba. O objetivo do encontro é discutir o Plano Safra 2011/2012 e o lançamento do Seguro de Faturamento.

Abertura reunião comissões 2011

Até meados deste século a produção agrícola do mundo terá mais do que dobrar para alimentar 9 bilhões de pessoas, com um provável nível de renda maior. Esta é a estimativa de organismos internacionais preocupados com a situação da agropecuária de hoje.

As melhores terras do mundo já foram ocupadas. Com exceção da África e países da América Latina não há muitas áreas disponíveis para sustentar este acréscimo.

Uma das raras exceções é justamente o Brasil. Aqui há terras disponíveis e terras mal  aproveitadas que podem e devem ser amplamente utilizadas para aplacar esta formidável demanda por alimentos em futuro não muito distante.

Nos próximos dez anos, conforme previsão da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – a OCDE, os preços dos alimentos estarão em alta, o que é bom para os produtores rurais brasileiros e melhor ainda para o Brasil que poderá continuar a ter saldos positivos em sua balança comercial.

São duas coisas que se cruzam: alta de preços para uma década e aumento significativo da demanda mundial por alimentos, provavelmente também com preços interessantes.

A questão é saber se o nosso país e em particular o nosso estado, estão prontos para aproveitar  o desafio e a oportunidade de aumentar a produção sob as condições atuais.

Em  primeiro lugar temos que resolver uma questão crítica, a da mudança do Código Florestal. Sem uma mudança coerente não vai haver aumento de produção nenhum, muito pelo contrário. As exigências do Código em vigor são extremamente drásticas, especialmente em relação às dimensões das áreas de proteção permanente. As matas ciliares dos cursos d’água devem ter de 30 a 500 metros. Quem estabeleceu esse rigor provavelmente nunca viu uma propriedade agrícola na vida.

A produtividade não vai compensar estas restrições e mesmo que elas deixem de existir, com a aprovação pelo Senado do projeto Aldo Rebelo,tal como ele saiu da Câmara Federal. A não ser que haja uma genial descoberta de uma nova e potente tecnologia.

Pelo que dizem os técnicos, a previsão é que o aumento da produtividade agropecuária  será pequeno porque as tecnologias existentes se esgotaram e não há nada de novo no horizonte  que possa fazer a diferença, mesmo com a biotecnologia.

 Esta é, infelizmente, a previsão da ciência.

Mas isto não significa que se deva esperar por um milagre. É preciso fazer o milagre através de investimentos maciços em pesquisa. A Embrapa tem feito alguns milagres, e o melhor exemplo é a soja. Talvez com mais recursos possamos repetir os grandes feitos das décadas de 80 e 90 do século passado e dar um novo espetacular salto na produtividade.

Em que pese o grande prestígio da Embrapa, é preciso muito mais. Investir como fazem as grandes empresas multinacionais do ramo, incorporando no esforço as instituições estaduais e privadas.

A política agrícola tem mostrado avanços, mas insuficientes para um grande salto. Os recursos de crédito têm sido ajustados pela inflação, pouco para um país que quer liderar o mercado mundial de alimentos e bioenergia.

Se a agropecuária deva ser tratada como prioridade,  vai ser preciso um esforço muito maior da nação. Neste caso é preciso que o Governo e a sociedade reconheçam na agropecuária um setor estratégico para nosso comércio externo como gerador de divisas e para o mercado interno como gerador de emprego e de renda. Não apenas como um instrumento para conter a inflação sob o jugo de uma política cambial perversa.

No futuro próximo o nosso negócio  será o agronegócio.

Sendo estratégica a agropecuária e sendo uma atividade de imensos riscos – ou chove ou há seca nas horas erradas – precisa de proteção. Não por acaso, a FAEP vem batalhando há anos para a implantação de um sistema de seguro rural que mais do que garantir o financiamento, garanta a renda do produtor.

Caminhamos bastante, mas ainda há algumas incompreensões e um certo ranço burocrático que precisam ser eliminados e que complementem um moderno sistema de crédito.

Hoje vamos tratar deste problema com o nosso vice-presidente do Banco do Brasil, Osmar Dias e com o Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz  Deles saberemos quais as novidades que o Governo nos oferece.

Com isso – segurança jurídica, pesquisa, tecnologia, crédito e seguro – a produção para dentro da porteira está garantida.

Mas para fora da porteira ainda não.

As obras de infra-estrutura indispensáveis para reduzir custos e aumentar a velocidade de transporte estão atrasadas, quando não nem iniciadas. Sem rodovias e ferrovias e sem portos decentes todo o esforço que se fizer na propriedade rural não será recompensado.

Não é possível transportar milho ou soja para os mercados,ou levar calcário e fertilizantes ao interior transitando por estradas esburacadas, ferrovias que cobram fretes rodoviários, pagando pedágio escorchante e embarcado em portos sem dragagem, com equipamentos sucateados que tornam o transporte um item caro de mais e que acaba roubando o resultado do produtor rural e tirando a competitividade de nosso país.

Se o Governo e a sociedade consideram que realmente a atividade rural precisa ser encarada como prioridade, especialmente em razão das oportunidades que estão se abrindo no mundo, terá que realizar um belo esforço para resolver os problemas que os produtores rurais enfrentam.

Se a produção rural for encarada como um setor estratégico, certamente a nação vai ganhar muito com isto.

Por esta razão creio que este encontro, que reúne as Comissões Técnicas da FAEP e lideranças rurais, é de grande importância. Com as palestras programadas, com as informações que obteremos e com o retorno que possamos dar ao vice-presidente do Banco do Brasil e ao secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, que certamente serão nossos advogados em Brasília, poderemos afinar o nosso discurso e formular um quadro de reivindicações  que levaremos aos nossos representantes no Parlamento e no Governo Federal.

DETI

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