Sistema FAEP/SENAR-PR

Escala e custo de produção têm maior impacto do que o preço pago por litro, afirma especialista

Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite do Sistema FAEP/SENAR-PR se reuniu para debater os desafios da cadeia produtiva

Com o objetivo de mapear a situação da produção de leite no Paraná e fomentar o debate sobre alternativas para os problemas enfrentados por esta cadeia produtiva, o Sistema FAEP/SENAR-PR realizou, nesta terça-feira (24), em sua sede, em Curitiba, a reunião da Comissão Técnica (CT) de Bovinocultura de Leite. O evento presencial reuniu produtores de diversas regiões do Estado, que discorreram sobre a situação do mercado em cada localidade.

“Estamos atravessando uma tempestade no setor leiteiro e tentamos enxergar mais longe e encontrar soluções criativas para continuar produzindo”, pontuou o presidente da CT, Ronei Volpi.

De modo geral, os participantes destacaram dois pontos entre os entraves para produção: a falta de previsibilidade em relação ao preço pago pelo produto e as deficiências logísticas, principalmente na captação de leite, que acaba onerando a produção.

Depois da rodada de conjuntura, o diretor da empresa de consultoria Labor Rural e consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Christiano Nascif, apresentou a palestra “Custos de produção e competitividade na cadeia do leite”. Segundo o especialista, uma pesquisa da Labor Rural com 3 mil produtores brasileiros mostra tendência de aumento no volume de leite produzido. Entre 2018 e 2023 o percentual de produtores com volume acima de 4 mil litros/dia passou de 7% para 13%, enquanto aqueles que produziam até 500 litros/dia caíram de 16% para 14%. “Temos que entender para onde está indo a produção. Não é possível que estejamos aumentando a concentração da produção se o leite é um mau negócio”, ressaltou Nascif.

De forma virtual, Christiano Nascif fez a palestra “Custos de produção e competitividade na cadeia do leite”

Segundo o diretor da Labor Rural , conforme aumenta a produção de leite por ano também cresce a margem líquida do produtor. Do mesmo modo, maior eficiência com menores custos de produção melhoram a margem líquida dos produtores. Porém, o preço pago pelo litro de leite não influencia esta margem.

“Teve produtor que ganhou dinheiro com preço de R$ 2,30 e teve quem perdeu, do mesmo modo. Com um preço na casa de R$ 3 também teve gente ganhando muito, ganhando pouco e até gente perdendo”, analisou. “Sozinho o preço do leite não resolve o problema de ninguém. Escala e custo de produção têm mais impacto no bolso do produtor do que o preço do leite. O pessoal, às vezes, esquece de olhar para dentro da porteira”, concluiu o consultor da CNA.

Na sequência, o membro da Câmara Técnica do Conseleite-PR Eduardo Lucacin apresentou o “Plano de competitividade do leite da Aliança Láctea Sul Brasileira”. Trata-se de uma proposta factível que deverá ser levada para governos, lideranças rurais e representantes do setor industrial para promover uma produção com custo baixo, qualidade alta e logística eficiente.

Como objetivo geral, o documento traz a intenção de transformar a região numa exportadora de produtos lácteos, tanto em forma de commodities, quanto de produtos lácteos especiais. Esse objetivo desdobrou-se em 10 metas específicas, cada um com uma proposta de estratégia para ser atingido. “É um trabalho em construção”, afirmou Lucacin.

Eduardo Lucacin apresentou o “Plano de competitividade do leite da Aliança Láctea Sul Brasileira”

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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