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Gargalo não é apagão

As imagens dos 25 quilômetros de caminhões parados esperando para entrar no porto de Santos impressionam. Saber que dezenas de caminhoneiros preferiram rodar 1.127 quilômetros a mais para trocar uma fila de 45 dias em Paranaguá (PR) por outra de dez dias em Rio Grande (RS) estarrece.

Mesmo com medidas pontuais como transferir os armazéns sobre rodas das filas nas estradas para postos de gasolina, o problema não diminuiu. Na verdade, tende a piorar. "Temos uma agricultura do século 21 numa logística do século 19", afirma Marcos Sawaya Jank, especialista em agronegócios. "Quando a safra de soja começar para valer, aí sim é que vai ser horroroso."

Isso porque, para aproveitar a oportunidade da quebra da safra dos Estados Unidos, o país produziu mais de tudo – e em quantidade recorde. Dessa forma, o milho extra da safrinha de março emperra a soja recorde de abril, que travará o açúcar idem, que impactará o novo e abundante milho de junho e assim por diante. Apesar disso, dizem os especialistas, o problema nos portos nem de longe pode ser comparado ao apagão de energia, que travou a economia em 2001.

"O apagão afetou em menor ou em maior grau toda a economia, o que não é o caso do gargalo logístico", diz Juan Jensen, sócio da consultoria Tendências. "A dificuldade no escoamento de produtos diminui a rentabilidade da atividade econômica, mas não resulta em sua retração ou parada."
"Temos uma agricultura
do século 21 numa
logística do século 19"

Em outras palavras, o gargalo dos portos afetará um pouco o PIB por provocar queda nos preços das exportações e talvez tenha impacto na inflação. O preço dos fretes, que custava duas vezes mais do que nos Estados Unidos ou na Argentina, já é cinco vezes maior.

Como o gargalo logístico não afetou a sociedade como um todo e não travou a economia – prejudicou apenas produtores e tradings -, seu impacto será menor. Mas a inércia pode custar muito caro nos próximos anos. "Se continuarmos com o mesmo descaso, no ritmo de investimentos de R$ 2 bilhões ao ano no setor, levaremos mais 20 anos para fazer o que é necessário", diz Jank.
 
Época Negócios

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