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Governo prepara leilão para compra de milho

Com a rentabilidade da soja em alta e o preço do grão batendo recorde na bolsa de Chicago, o governo teme que o milho fique em segundo plano na safra 2012/13 e deve lançar, nas próximas semanas, um contrato de opção de quase R$ 500 milhões para garantir a compra do grão.

O Ministério da Agricultura está preocupado com a falta de milho na região Sul e suas implicações para o segmento de carnes. A produção local foi duramente castigada pela seca na safra 2011/12 e o governo precisou intervir diversas vezes mandando milho da região Centro-Oeste para Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

Por isso, o governo quer incentivar o plantio de milho já na safra de verão, sobretudo no Paraná, maior produtor de milho do país, onde os agricultores podem facilmente migrar para a soja. Também quer garantir que os produtores não deixem de plantar milho na safrinha do ano que vem. Os leilões devem ser anunciados já nas próximas semanas.

Com a ação, o governo pretende atacar em duas frentes. A primeira, de acordo com fontes do Ministério da Fazenda, é impedir que o provável aumento das exportações – decorrente da quebra da safra nos Estados Unidos – provoque uma escassez de milho no mercado interno. A segunda é dar tranquilidade ao produtor para vender sua safra, independentemente das variações de preço da commodity.

A evolução da safra americana é acompanhada de perto pelo governo. Caso a quebra se confirme, os preços na Bolsa de Chicago devem continuar a subir e estimular naturalmente o plantio. Caso contrário, a competição com a soja pode ficar mais desigual. "Ainda é cedo para dizer qual o tamanho da quebra nos EUA. Na dúvida, vamos lançar um plano para apoiar o produtor do Sul", afirmou uma fonte do Ministério da Fazenda.

O secretário de Política Agrícola da Agricultura, Caio Rocha, trabalha em um cronograma de atividades para que o produtor possa realizar o plantio de forma "eficiente", com custos competitivos, para que o governo não precise arcar depois com os custos de buscar milho em outros Estados. "O deslocamento do produto do Centro-Oeste para o Nordeste e o Sul representa custos, por isso precisamos planejar para ganharmos em competitividade", explicou o secretário.

A Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja) defende que a ferramenta será útil no Paraná, já que o segundo maior produtor de milho do país, o Mato Grosso, não cultiva o grão na safra de verão. "A safra americana quebrou em quase 80 milhões de toneladas. O preço vai continuar bom. O que o governo deveria estudar era o aumento da armazenagem no Mato Grosso para que produtores possam plantar milho na safra de verão", disse o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira.

Valor Online – São Paulo/SP 

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