Depois de ser levado para cooperativas da região Oeste do Estado, o Programa Herdeiros do Campo, desenvolvido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, deve iniciar suas atividades na região Sudoeste nos próximos meses. A iniciativa, que tem como mote trabalhar a sucessão familiar dentro das propriedades rurais, aborda temas necessários para a continuidade das atividades agropecuárias e das relações familiares.
A aproximação das cooperativas do Sudoeste com o programa do Sistema FAEP/SENAR-PR foi promovida pelo Sindicato Rural de Pato Branco, em julho desse ano. Na ocasião, Coopertradição, instalada no próprio município, e Camisc, em Mariópolis, puderam conhecer mais profundamente a proposta do Herdeiros do Campo e avaliar sua aplicação junto aos seus cooperados.
De acordo com o consultor do Sistema FAEP/SENAR-PR Antonio Poloni, que acompanha de perto o desenvolvimento do programa, esse trabalho de continuidade dentro da porteira tem impacto direto nos investimentos realizados pelas cooperativas. “Essas entidades perceberam que os investimentos realizados precisam ter longevidade. É por isso que esse projeto que trabalha a sucessão familiar se encaixa perfeitamente na situação destas cooperativas”, afirma.
De fato, segundo a diretora administrativa e assessora jurídica da Coopertradição, Mareli Neitzke, a proposta apresentada pelo Sistema FAEP/SENAR-PR vai ao encontro dos objetivos da cooperativa ao sensibilizar, não apenas o cooperado, mas também sua família. “É uma forma de trabalhar o cooperativismo, a governança, parte tributária, herança e questões técnicas. Isso porque o sucessor deve estar preparado para assumir o papel do pai na propriedade em todos os aspectos”, ressalta.
De acordo com Mareli, a intenção de conhecer mais sobre o programa já vem de algum tempo, mas apenas agora tomou forma mais concreta. “Após a pandemia entramos em contato com o sindicato rural [de Pato Branco] para obter informações sobre o programa. Para nossa surpresa ele já estava sendo implementado em outras cooperativas. Isso fortaleceu ainda mais nossa intenção”, corroborou.
Para o presidente do Sindicato Rural de Pato Branco, Oradi Caldato, esse é um tema de extrema importância no meio rural, e que deve ser trabalhado adequadamente junto às famílias. “Sucessão não se faz gritando, se faz motivando, dando o exemplo e jamais falando mal do negócio”, observa. O próprio dirigente já preparou a sucessão na sua propriedade, onde filho e neto desempenham papéis importantes na produção.
Caldato relembra que, há cerca de quatro anos, foi realizada, com sucesso, uma turma do programa Herdeiros do Campo junto aos produtores do município. “Estamos até hoje colhendo os resultados [desse curso] por meio da conscientização”, diz. Neste momento, com a iniciativa focada nas cooperativas, o bom resultado deve se repetir. “Com certeza, esse curso também vai proteger o investimento das cooperativas”, avalia.
Cooperação
O desenvolvimento do Herdeiros do Campo junto às cooperativas do Estado começou em 2018 com a realização de turmas do programa nas cooperativas Agrária, na região Centro-Sul, e Primato, no Oeste. Após a pandemia do novo coronavírus, em 2021, as atividades foram retomadas nas cooperativas filiadas à Frimesa: Copagril, Lar, C.Vale e Copacol, todas na região Oeste.
Na ocasião, uma turma de mobilizadores da Frimesa foi treinada, para, posteriormente, entrar em contato com as famílias dos cooperados e convidá-los a participar do programa. Essa mesma estratégia deverá ser utilizada agora junto às cooperativas do Sudoeste. “Tivemos uma palestra de sensibilização com a nossa equipe técnica, que vai a campo motivar as famílias a participar do programa. Isso deve acontecer no ano que vem. Pretendemos desenvolver [o programa] no período de entressafra, para atingir a maior quantidade de cooperados”, revela Mareli.
Programa
Criado em 2016, o Programa Herdeiros do Campo já realizou diversas turmas em todas as regiões do Paraná. Para participar da formação é preciso a participação de pelo menos duas gerações de uma mesma família (pai e filha, avô e neto, tio e sobrinho, etc).
Com uma carga-horária de 46 horas, os participantes trabalham conteúdos como integração, dimensões da empresa familiar, mediação de conflitos e os diferentes cenários de uma empresa rural. Desta forma, a família consegue elaborar um plano de ação que contemple as dimensões: empresa, patrimônio e família.
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