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Mecanização do café ainda enfrenta obstáculos no PR

A adequação das lavouras de café do Paraná para o uso da mecanização ainda é um desafio. Segundo dados do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), a cafeicultura paranaense utiliza apenas 20% do potencial disponível em tecnologia em suas lavouras. Com o objetivo de melhorar esse índice, o Emater, em parceria com o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) e empresas fabricantes de máquinas e equipamentos estão levando aos produtores, por meio de eventos e seminários, os benefícios da mecanização para a cultura, orientando os interessados sobre como implantar essas novas tecnologias.

De acordo com Romeu Gair, engenheiro agrônomo do Emater, a mecanização no Estado tem muito o que crescer. "O uso de máquinas automotrizes, principalmente na colheita do fruto, ainda é muito pequeno", salientou Gair durante o 21° Encontro Estadual de Cafeicultores, ocorrido ontem na ExpoLondrina. O especialista explica que a falta de mão de obra no setor, principalmente no período da colheita, obrigará o produtor a aderir cada vez mais às novas tecnologias em maquinários. "Quem não investir em mecanização está fadado ao fracasso", garante Gair.

Na fase de manejo de plantas invasoras e pulverização, o agrônomo completa que a adoção de novas tecnologias, como o uso de pulverizadores autopropelido, está bem adiantada, mas salienta que na colheita ainda há uma grande defasagem . Segundo especialistas, um dos principais desafios do Paraná no sistema de colheita é a produção de café adensado, técnica que dificulta a entrada do maquinário na lavoura. Porém, segundo Paulo Sérgio Franzini, coordenador do Programa de Cafeicultura na Seab, já existem empresas desenvolvendo equipamentos específicos para este tipo de produção. "As indústrias estão fazendo a parte delas, agora é a vez do produtor", destaca Franzini.

Para implantar um sistema de mecanização, Franzini completa que são necessárias muitas pesquisas e um trabalho intenso de extensão rural, já que o processo requer um manejo diferenciado. Cilesio Abel Dimener, coordenador estadual do Projeto Café, do Emater, destaca que para conseguir esse objetivo o cafeicultor precisa seguir uma série de regras.

Manejo
O primeiro cuidado que o produtor deve ter, apontam especialistas, é com o solo. Segundo Dimener, qualquer investimento em mecanização é jogado fora sem uma planta que obtenha um alto índice de produtividade. "A análise de solo para verificar se está faltando ou sobrando nutrientes é um item fundamental", explica o especialista.

Ele completa que o passo seguinte é a estruturação da lavoura. O uso de máquinas como as colhedoras de café requer uma planta com haste única, com fileiras alinhadas, solo nivelado sem ondulações. Além disso, Dimener observa que as estruturas de recebimento do grão nas propriedades também devem se adequar à mecanização, já que o volume no escoamento de uma máquina é muito maior se comparado ao de uma colheita manual. "Todos devem se adequar às novas tecnologias", completa o especialista.

Segundo ele, o custo de trabalhar com um sistema de produção mecanizado é alto, mas uma boa produtividade já paga o investimento. Dimener estima que acima de 30 sacas por hectare já cobre os custos de produção em um sistema mecanizado. Hoje, a média de produtividade do Paraná gira em torno de 25 sacas por hectare. Para se ter uma ideia do valor do investimento, a média de preço de uma colhedora de café gira em torno de R$ 500 mil. Contudo, o especialista explica que em muitas regiões do Estado, como no Norte Pioneiro, produtores estão se unindo para comprar esses equipamentos em sistema de parceria, o que viabiliza a implantação da mecanização.

Fonte: Folha de Londrina – 11/04/2013

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