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Monsanto ‘desiste’ da União Europeia

A Monsanto, maior empresa de sementes do mundo, anunciou ontem que desistiu dos planos de desenvolver novas sementes geneticamente modificadas na União Europeia. A decisão deriva da ainda forte resistência no bloco aos alimentos transgênicos, seja de consumidor ou dos governos, o que tem "segurado" a aprovação de novas variedades.

"Está claro que não existe um caminho para cultivo e comercialização de transgênicos na Europa", afirmou Mark Buckingham, porta-voz da companhia na Inglaterra, acrescentando que o foco do negócio na Europa passará a ser as sementes convencionais. "Precisamos focar nossos recursos limitados onde podemos obter retorno". A múlti planeja retirar os pedidos de aprovação comercial na Europa de seis variedades de milho transgênico, assim como de soja e beterraba. Mas vai continuar em busca de permissões para a importação dessas sementes.

A Monsanto não foi a primeira a desistir de investir em pesquisa com biotecnologia vegetal na Europa. Pelo mesmo motivo, em janeiro de 2012 a alemã Basf anunciou que faria um "reajuste de portfólio" e concentraria as atividades de transgenia nas Américas do Norte e do Sul. Além disso, transferiu a sede da Basf Plant Science, seu braço de biotecnologia, de Limburgerhof, na Alemanha, para Raleigh, nos EUA.

A Comissão Europeia, braço executivo da UE, limitou-se a informar que "tomou nota" da decisão da Monsanto, que detém o maior número de pendências de aprovação para variedades modificadas no bloco. Essa demora espelha suspeitas ainda bastante difundidas sobre a segurança dos transgênicos, já que grupos da sociedade civil europeia temem seus impactos no ambiente e na saúde. Em junho, acusações sem comprovação científica de que o consumo de produtos transgênicos estaria relacionado a casos de câncer no sul da China provocaram celeuma nas redes sociais do país asiático.

A Monsanto e outras grandes companhias de biotecnologia, como Basf, DuPont e Syngenta, rechaçaram esses temores. Defenderam que a tecnologia não só é segura mas essencial para a demanda da população mundial por alimentos.

A UE permite o plantio de somente duas variedades de sementes transgênicas nos 28 países do bloco – o milho MON 810, da Monsanto, e a batata Amflora, da Basf. Bruxelas deu o sinal verde ao MON 810 em 1998, por um período de dez anos, e em 2007 a Monsanto requereu uma extensão desse prazo. Desde então, o processo está congelado. Na falta de uma decisão formal, o milho transgênico da múlti é plantado em pequena escala na Espanha, Portugal, República Tcheca, Romênia e Eslováquia, cujos governos são mais receptivos à tecnologia. O MON 810 parou de ser vendido na França em 2008 e na Alemanha em 2009, diante da forte oposição dos consumidores.

"Estamos convencidos de que a biotecnologia é chave para o século XXI. Porém, ainda há pouca aceitação em muitos locais da Europa – por parte da maioria dos consumidores, agricultores e políticos", disse Stefan Marcinowski, membro da Junta Diretiva Mundial da Basf, à época do anúncio da empresa. "Do ponto de vista de negócio, não faz sentido continuar os investimentos em produtos que são cultivados exclusivamente neste mercado".

Assim, a empresa brecou o desenvolvimento de uma batata com amido modificado, da batata resistente à requeima (chamada Fortuna) e de uma variedade de trigo tolerante a doenças fúngicas. O portfólio da Basf Plant Science foi limitado a projetos nas áreas de alta produtividade e resistência ao estresse hídrico.

A companhia já trabalha em parceria com a Monsanto em milho, soja, algodão, canola e trigo transgênicos. Questionada se adotaria a mesma estratégia, a Syngenta afirmou que não há nenhuma decisão nesse sentido. "No entanto, um sistema de aprovação que funcione adequadamente na UE é essencial", ressaltou a companhia, baseada na Suíça. Procurada, a DuPont não se manifestou. (Com agências internacionais)

Valor Econômico

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