Seria o fato de desenvolvermos a mesma atividade econômica, o que nos permite ficar horas falando dos desafios da labuta? Compartilhando das mesmas dificuldades climáticas, sabendo o quão dura é a gestão da propriedade? Sem falar da dificuldade de escoamento da safra, da falta de uma política agrícola que nos dê garantia. Entendemos a carestia dos insumos para se produzir. Afinidades de uma luta que nos conduz à necessidade de nos unirmos para defendermos o nosso direito de continuarmos a produzir.
Mas é só isso que nos mantêm unidos?
Seria a nossa origem? Na maioria somos nascidos no interior. Criados num estilo de vida simples, com hábitos que tornam a vida sem tantos floreiros. Uma mesma origem que nos torna mais solidários e humanos porque ainda preservamos o hábito de estar juntos, de fazer as refeições com a família, de bater papo com o vizinho.
Compartilhamos do mesmo amor a terra, da intimidade com a natureza que apurou nossos olhos e ouvidos, tornando fácil ver um solo fértil onde a maioria vê barro e mato. Um conhecimento passado de pai pra filho sobre a época de plantar e de colher. Que nos permite conhecer a linguagem dos bichos e nos identificarmos de uma forma que pode parecer loucura para quem acha que tudo nasce numa gôndola de supermercado.
Tudo isso nos aproxima. A liga que nos torna mais próximos é sermos seres humanos com os mesmos sentimentos, mesmos sonhos e ideais. O desejo de uma vida digna para nossa família, produzindo para alimentar aos nossos e aos outros.
Somos pessoas que exercem uma mesma atividade econômica e carregam a esperança de uma pátria que nos deixe ser feliz. Queremos ter segurança pra continuar a viver a rotina da roça, permanecer na terra que muitas vezes foram nossos pais quem roçaram ao mesmo tempo em que vislumbramos mais qualidade de vida.
Somos pessoas com as mesmas dores e alegrias, que gostam de gente e não conseguem viver sem produzir. Pessoas que tiveram a mesma lição de respeito ao próximo, de solidariedade, de valorização da família e do trabalho. Aprendemos que precisamos continuar a produzir. Esse é o nosso jeito de contribuir para um mundo melhor.
Esse compartilhar dos mesmos ideais me leva a desejar que possamos continuar juntos em 2017, mantendo acessa a chama da esperança de que esse país tem jeito.
Continuando a acreditar que a maioria da nossa população é feita de gente honesta e trabalhadora, disposta a lutar por um país mais justo e igualitário.
Agradeço a todos que estiveram conosco até aqui: sindicatos rurais, lideranças sindicais, colaboradores, parceiros e, especialmente, você trabalhador e produtor rural que, junto com sua família, é a razão da nossa existência.
Um bom Natal à família rural e
que possamos continuar compartilhando dos mesmos ideais em 2017.
Ágide Meneguette,
presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR
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