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PIB agropecuário cresce 0,4% e desperta críticas do setor

O índice registrou alta de 0,4% em comparação com 2013. Considerando-se apenas o quarto trimestre do ano passado, houve avanço de 1,2% na mesma base de comparação e de 1,8% em relação aos mesmos três meses do último ano

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (27) o resultado final do PIB da agropecuária para 2014. O índice registrou alta de 0,4% em comparação com 2013. Considerando-se apenas o quarto trimestre do ano passado, houve avanço de 1,2% na mesma base de comparação e de 1,8% em relação aos mesmos três meses do último ano.

O crescimento foi considerado fraco e reflete a instabilidade política do país e a falta de previsibilidade de investimentos, avalia Gustavo Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). “Sempre se tem a expectativa de que o agronegócio brasileiro vai ‘salvar a lavoura’ na economia, mas o setor ficou mais cauteloso neste ano e reduziu os investimentos”, afirmou. “Se compararmos com o ano de 2013, quando o agronegócio cresceu 7%, podemos falar até mesmo em estagnação”.

Para o ano de 2015, a expectativa de Junqueira é de que o desempenho tímido se repita. Segundo ele, o setor tem duas grandes preocupações neste ano, o possível corte nos investimentos do governo e o aumento das taxas de juros. “A ministra da Agricultura Kátia Abreu tem afirmado que vai conseguir pelo menos manter o Plano Safra no mesmo nível do ano passado, mas minha percepção é de que isso não deve se materializar”. Além disso, ontem, o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) teve elevada de 4,5% para 7,5% ao ano a taxa de financiamento.

Junqueira lembra também que o fraco desempenho da economia brasileira no ano passado afetou mais as culturas voltadas para o mercado interno. A soja, que é voltada principalmente para a exportação, em compensação, cresceu 5,8% no ano. “Como os produtores de soja vendem para o mercado externo, tiveram como se programar melhor, o que fez com que a produção fosse mantida, inclusive com maior área plantada”, explicou Gustavo Junqueira. Para o ano de 2015, com a depreciação do real, ele espera que o resultado para a soja se mantenha bom, “mas ainda temos que contar que, ainda que a receita do produtor seja maior, muitas das despesas são em dólar, como insumos, sementes e diesel, além do endividamento em dólar”.

A SRB avalia que houve também um forte crescimento na pecuária, com forte demanda interna pela carne no primeiro semestre do ano. “Na segunda metade de 2015, mesmo que a inflação tenha reduzido o consumo interno, houve uma demanda muito grande pela carne brasileira no mercado internacional”, disse Gustavo Junqueira.

Ainda segundo a avaliação de Junqueira, o desempenho do setor sucroalcooleiro foi afetado pela manutenção dos preços do petróleo. Além disso, a forte estiagem afetou a produção no centro sul do País. Considerando apenas a cana-de-açúcar, houve uma retração de 6,7%.

Commodities

De acordo com o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, o recuo generalizado dos preços das commodities agrícolas foi o que mais impactou o desempenho do PIB da agropecuária em 2014. “E isso vai continuar em 2015, vai ‘descolorir’ o câmbio”, acrescentou, referindo-se à apreciação da moeda norte-americana ante o real, que torna os produtos brasileiros mais competitivos no exterior.

Cadeia produtiva

A estimativa do IBGE considera apenas a produção dentro da porteira. A renda gerada por toda a cadeia produtiva, inclusive as indústrias (PIB do agronegócio) foi divulgada no início da semana pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O índice para 2014 foi de 1,59% — bem abaixo dos 5,22% consolidados no ano anterior.

Fonte: Gazeta do Povo – 30/03/2015

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