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Plantio ampliado, vendas retraídas

O Brasil põe as plantadeiras em campo a partir desta semana disposto a ganhar distância como líder em produção e exportação de soja. Com o fim do vazio sanitário preventivo à ferrugem asiática, encerrado domingo, Paraná e Mato Grosso dão a largada ao plantio. O país vai semear cerca de 1 milhão de hectares a mais, o que permite que a oleaginosa passe de 28 milhões de hectares e renda entre 85 e 90 milhões de toneladas – pelo menos 3 milhões além do resultado de 2012/13 ou da colheita prevista nos Estados Unidos. Mas a receita da soja brasileira, metade destinada à exportação em grão, ainda não foi garantida.
As vendas seguem retraídas e mantêm o valor da produção indefinido. Os índices atuais estão perto de 15 pontos porcentuais atrás dos verificados no início do plantio da safra passada, com menos de um terço da safra comprometido. Na semana passada, a comercialização antecipada limitava-se a 25% da colheita, conforme a Safras & Mercado. Por outro lado, o plantio coincide com um bom momento para o produtor se lançar no mercado e garantir a rentabilidade de uma parcela maior da colheita, apontam os especialistas.

“A orientação era diferente quatro semanas atrás, antes da virada no clima aqui nos Estados Unidos”, afirma Pedro Dejneka, analista em Chicago. Os principais estados produtores – Iowa, Illinois e Indiana – tiveram o agosto mais seco em um século. A tendência de queda nos preços foi revertida no curto prazo, avalia o especialista. Quem planejava travar cotações para cobrir apenas os custos deve ampliar os negócios, defende.
Tradicional líder em vendas antecipadas no Brasil, Mato Grosso comprometeu apenas um terço da safra, pouco mais da metade do volume afixado nesta época de 2012, confirma o Instituto Mato-grossense e Economia Agropecuária. No Paraná, o recuo foi de 27% para 18%, conforme do Departamento de Economia Rural (Deral). Os índices cobrem as médias históricas, mas são considerados tímidos pelos especialistas.

A cautela predomina entre grandes e pequenos produtores. Com 80 hectares de soja, Samuel Faustino Romero Filho, de Jataizinho (Norte do Paraná), mostra preocupação com os riscos de um ano de neutralidade climática, sem El Niño nem La Niña. “Nossa rentabilidade tem sido boa, mas dependemos muito do clima.” Ele reduziu as vendas de 30% para 20% da previsão de colheita. Com a soja acima de R$ 60 por saca, poucos afixaram 40% das lavouras como Roberto Coutinho, de Rolândia (também do Norte), que planta 130 hectares e espera avanço de 10% na produção.

Os fornecedores de insumos apostam em expansão de produção e renda. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindag) prevê faturamento 8% maior com agrotóxicos, próximo de R$ 24 bilhões.
Preços devem ser aproveitados, dizem analistas

Especialistas que monitoram diariamente o mercado de commodities agrícolas recomendam que os produtores rurais brasileiros travem não somente os custos de produção da safra 2013/14, mas busquem lucro nas vendas antecipadas. Mas a estratégia precisa ser traçada individualmente, considerando prazos de dívidas e metas de investimento e rentabilidade.
Variáveis como o dólar têm peso decisivo nas estratégias, acrescentam. “Em função do fluxo negativo de divisas para dentro do país, e do dólar valorizado no mercado externo, o governo brasileiro terá dificuldade para manter a taxa abaixo de R$ 2,30”, aposta o analista Flávio França Jr.

“Recomendo vendas antecipadas paulatinas que somem até 60% da colheita, para cobrir mais do que os custos. Os 40% ou 50% restantes devem ser vendidos para especular”, sugere o técnico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no Paraná, Eugênio Stefanello.
O analista e sócio da PH Derivativos, Pedro Dejneka, que atua em Chicago (EUA), aposta na estratégia de venda entre 40% e 50% a preços atuais e, depois, “é preciso ficar atento ao ritmo de compras chinesas, pois existe grande debate sobre a estimativa de aumento da importação do país [de 59 milhões para 69 milhões de toneladas].”

Mais cauteloso, o analista de mercado da Informa Economics FNP Aedson Pereira prefere não apontar porcentuais de venda. Para ele, valem as regras que cercam os riscos. “Se o produtor estiver bem capitalizado, pode apostar em decisões mais arriscadas.” Para quem prefere a segurança, ele aconselha ponderação.

Palpite: Fórum sobre as vendas da safra de verão contrapõe estratégias no site www.agrogp.com.br.

40% a 60% é quanto os produtores brasileiros deveriam vender de soja antes da colheita, conforme opinião de maior parte dos especialistas entrevistados.

Fonte: Gazeta do Povo – 17/09/2013

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