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Práticas agrícolas e demandas do mercado

De tempos em tempos, volta à tona, no Brasil, o tema da certificação de produtos agrícolas. A certificação é um processo de avaliação de princípios, critérios e indicadores sociais, ambientais e econômicos de uma propriedade rural ou indústria, validado por auditoria independente.

As certificações globais mais conhecidas são as dos produtos florestais (FSC – Forest Stewardship Council), do café (4C Association – Common Code for the Coffee Community), de derivados da cana-de-açúcar (Bonsucro – Better Sugar Cane Initiative), do óleo de palma (RSPO – Round Table on Sustainable Palm Oil), dos biocombustíveis (RSB – Round Table on Sustainable Biofuels) e da soja (RTRS – Round Table on Responsible Soy Association).

No caso da soja, apenas entre 2% e 3% da produção mundial são certificados, de acordo com levantamento da KPMG Internacional divulgado recentemente, enquanto, de acordo com a comparação citada pela consultoria, a certificação abrange 16% da produção de café e 14% do óleo de palma.

A primeira explicação é que a soja é uma matéria-prima, não um produto final. Dela sai o farelo proteico para alimentar aves e suínos. Por isso, a soja certificada não impacta o consumidor no supermercado porque ele não percebe o valor agregado no produto final. O segundo ponto é que a certificação não é atrativa para produtores de soja do Brasil e de outros países, pois os consumidores relutam em pagar prêmios que remunerem os custos envolvidos e, portanto, o processo certificador não oferece sustentabilidade econômica. A terceira razão é que a certificação só atende a um nicho de mercado, como alguns poucos países da Europa que inclusive atravessam forte crise econômica.

É importante destacar que a legislação ambiental e social brasileira é muito mais rígida do que a de outros países.Assim, há um forte desequilíbrio nas exigências a serem cumpridas. Os EUA, principais concorrentes do Brasil, não expressam preocupações socioambientais para o cultivo da soja e não participam de programas de certificação internacional. Os norte-americanos não têm área de preservação permanente nem reserva legal, como no Brasil. A cadeia produtiva da soja entende que o processo de certificação é pouco dinâmico e estimulado artificialmente.

Foram esses motivos que levaram a Abiove, a Aprosoja e o Senar a trabalharem em parceria para a melhoria contínua da gestão da propriedade rural, processo includente e não impositivo, adequado à realidade brasileira.

O Programa Soja Plus, instituído em 2011, tem atraído cada vez mais os produtores de soja de Mato Grosso e de outros Estados. Existem hoje mais de 200 produtores na lista de espera para participar dos cursos e da capacitação técnica oferecidos. Em Mato Grosso do Sul, o Soja Plus acaba de se estabelecer e, em 2014, os trabalhos também serão realizados em Minas Gerais e no Paraná.

Outras vantagens: possibilidade de participação de pequenos produtores rurais, com investimentos realizados conforme disponibilidade financeira do produtor, minimização de riscos financeiros, acesso a linhas de crédito, controle de procedimentos operacionais, redução de desperdícios e de infrações sociais e ambientais.

O Soja Plus é um novo paradigma. Ele mostra que é possível produzir com responsabilidade social e preservação dos recursos naturais. As linhas temáticas do programa são saúde e segurança do funcionário, relações trabalhistas, melhores práticas de produção agrícola, viabilidade financeira e econômica, qualidade do produto e responsabilidade social.

Os produtores atualmente beneficiados com capacitação e assistência técnica são aproximadamente 3 mil. O Soja Plus oferece, gratuitamente, capacitação por supervisores de campo especializados em adequação socioambiental de propriedades rurais. A gestão social, econômica e ambiental da propriedade rural faz a diferença.

Carlo Lovatelli é presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove)

O Estado de S. Paulo

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