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Pressão à vista sobre os preços dos grãos

O quadro mais confortável na nova temporada, “em condições normais de temperatura e pressão”, será o da soja

colheita-soja2As primeiras projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para oferta e demanda dos principais grãos comercializados no mercado internacional na safra 2014/15, cuja semeadura já começou no Hemisfério Norte, sinalizaram aumento dos estoques globais ao longo da temporada e reforçaram a expectativa de recuo das cotações no segundo semestre do ano.

Como já era previsto, o quadro mais confortável na nova temporada, “em condições normais de temperatura e pressão”, será o da soja, no qual os estoques finais projetados representam 27,4% do consumo mundial esperado. No tabuleiro global do trigo, essa relação ficará em 26,9%, enquanto no milho tende a chegar a 18,8%. No ciclo 2013/14, essas relações entre estoques e consumo estão estimadas pelo USDA em 23,6% (soja), 26,1% (trigo) e 17,8% (milho).

De acordo com os números divulgados na sexta-feira pelo USDA, a colheita mundial de milho deverá atingir 979,08 milhões de toneladas em 2014/15, mesmo patamar de 2013/14 (979,02 milhões de toneladas. O consumo deverá aumentar 1,8%, para 965,77 milhões de toneladas, mas, graças a estoques iniciais maiores, o ciclo deverá terminar com reservas globais de 181,73 milhões de toneladas, um aumento de 7,9% em relação ao volume previsto para a temporada que está na reta final.

Apesar da redução da área plantada, os EUA seguirão como o maior país produtor de milho do mundo, com volume projetado pelo USDA em 2014/15 de 353,97 milhões de toneladas, praticamente o mesmo de 2013/14. Chama a atenção que o órgão prevê para a nova temporada uma queda das exportações da China, cuja demanda doméstica é alvo de disputa dos principais países exportadores, entre os quais o Brasil. As compras chinesas do cereal no exterior foram projetadas em cerca de 3 milhões de toneladas, ante as 4,5 milhões do ciclo 2013/14.

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No caso do trigo, as primeiras estimativas do USDA para 2014/15 sinalizaram uma colheita global de 697,04 milhões de toneladas na safra 2014/15, 2,4% menos que em 2013/14 graças aos problemas climáticos que afetam lavouras nos Estados Unidos e no Canadá. Mas o consumo também tende a recuar 0,9%, para 696,15 milhões de toneladas, e, assim, os estoques finais tendem a registrar um leve incremento de 0,5%, para 187,42 milhões de toneladas.

Apesar das intempéries, os EUA permanecerão na liderança da produção global, com colheita estimada pelo USDA em 53,43 milhões de toneladas – 7,8% menor que na temporada que caminha para o fim -, mas seguidos de perto pela Rússia (52 milhões). Para o Brasil, um dos maiores importadores mundiais de trigo, o órgão americano projetou uma redução das compras no exterior de 900 mil toneladas, para 6,5 milhões.

Para a soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, o USDA estimou uma produção global de 299,82 milhões de toneladas em 2014/15, 5,6% mais que em 2013/14. Esse aumento será puxado pelos EUA, onde a colheita deverá crescer 10,5% na comparação, para 98,93 milhões de toneladas. Esse forte incremento americano decorre das melhores perspectivas de rentabilidade com o plantio da oleaginosa, cujos preços internacionais estão elevados em parte por conta da queda expressiva dos estoques no país em 2013/14.

Conforme o USDA, os estoques finais de soja nos EUA em 31 de agosto, referentes ao ciclo 2013/14, serão de 3,53 milhões de toneladas, 7,8% menos que em 31 de agosto do ano passado e patamar historicamente baixo. Tais reservas, equivalentes a apenas 8,1% do consumo total do país, têm evitado que as cotações recuem na bolsa de Chicago nas últimas semanas, apesar da perspectiva de retomada da oferta em 2014/15, confirmada na sexta pelo USDA.

As estimativas do órgão também mantêm os americanos na liderança da produção global, já que a projeção para a colheita no Brasil, onde a semeadura da safra 2014/15 terá início em meados de setembro, ficou em 91 milhões de toneladas, 4% mais que em 2013/14. Mas preservam a liderança do Brasil nas exportações, com um volume previsto em 45 milhões de toneladas, ante 44,5 milhões em 2013/14. Os embarques americanos em 2014/15 foram projetados em 44,23 milhões de toneladas, ante as 43,55 milhões do ciclo 2013/14.

O cenário traçado pelo USDA trouxe alívio para quem temia uma desaceleração das compras da China, país que lidera, com folga, as importações globais da commodity. Conforme o USDA, as compras chinesas no exterior chegarão a 72 milhões de toneladas, 3 milhões a mais que em 2013/14. Com isso, no total as importações globais serão de 108,33 milhões de toneladas 2014/15, ante as 106,68 milhões estimadas para 2013/14.

Nada disso, contudo, interferiu na direção dos preços desses grãos na bolsa de Chicago na sexta-feira, já que o foco dos traders ainda está na safra 2013/14. No caso da soja, por exemplo, os preços subiram por conta do ajuste para baixo feito pelo USDA para os estoques americanos. Já a correção para cima na projeção para os estoques de milho nos EUA provocou a queda dos contratos mais negociados.

Fonte: Valor Online – 12/05/2014

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