O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou nesta quarta-feira (12), o relatório de janeiro com novos números da oferta e demanda mundial de grãos para a safra 2010/11. Algumas retificações foram feitas e já sustentam as cotações internacionais na Bolsa de Chicago. A economista do Departamento Técnico Econômico da FAEP Gilda Bozza fez análise do relatório. Confira abaixo:
Soja
Para a soja, uma das novidades foi o corte efetuado na produção argentina para a safra 2010/11, projetada em 50,5 milhões de toneladas (menos 1,5 milhão de toneladas) em razão da estiagem que aquele País enfrenta. O USDA também revisou o número da produção e do estoque final americano. A produção dos Estados Unidos passou para 9,6 milhões de toneladas e com o corte no estoque final para 3,8 milhões de toneladas (menos 670 mil toneladas), o mercado faz uma leitura de oferta e demanda mais ajustada.
Com isso, a produção mundial foi reajustada para 255,5 milhões de toneladas (corte de 2,25 milhões de toneladas) por conta da revisão efetuada na produção americana e argentina. O consumo mundial também foi reavaliado, passando de 256 para 255 milhões de toneladas. Assim, o estoque final foi estimado em 58,2 milhões de toneladas, com uma relação estoque final/consumo mundial de 22,8%.
Para o Brasil foram mantidos os números do relatório de dezembro, ou seja, produção de 67,5 milhões de toneladas, exportações de 31,4 milhões de toneladas e consumo de 37,5 milhões de toneladas.
Já para a Argentina o USDA fez um corte na produção passando de 52,0 para 50,5 milhões de toneladas, exportações de 12,5 milhões de toneladas e consumo total de 40,6 milhões de toneladas. Há que diga que o relatório foi cauteloso quanto ao corte na produção, haja vista a estiagem nas principais regiões produtores argentinas.
O relatório já repercute nos preços na Bolsa de Chicago no meio do pregão e dá sustentação aos preços. Os contratos da soja operam em limite de alta, com março batendo US$ 31,26/saca, um ganho de US$ 1,49 por saca, em relação ao fechamento da terça-feira (US$ 29,77/saca).
Milho
As expectativas do mercado se confirmaram, ou seja, o relatório de janeiro/11 trouxe novos cortes para a produção mundial de milho na safra 2010/11. A produção passou de 820,7 para 816,0 milhões de toneladas, um corte de 4,7 milhões. O consumo projetado é de 836,1 milhões de toneladas e estoques finais de 127 milhões de toneladas. Com isso, a relação estoque final/consumo americano passa para 15,1%.
A produção americana foi retificada para 316,1 milhões de toneladas. O consumo americano foi mantido em 291,6 milhões de toneladas e o estoque final ficou em 18,9 milhões de toneladas (redução de 2,2 milhões de toneladas). A relação estoque final/consumo é de 6,5%.
Quanto à Argentina, a produção passou de 25,0 para 23,5 milhões de toneladas, em função da estiagem que o país enfrenta. O número chegou a surpreender o mercado que trabalhava com um corte no entorno de 4 a 4,5 milhões de toneladas. As exportações argentinas foram retificadas de 17,5 para 16,0 milhões de toneladas. E os estoques de passagem previstos abaixo de 1 milhão de toneladas (940 mil toneladas).
Para o Brasil, foram mantidas as estimativas anteriores, com exceção do estoque final que passou de 9,6 para 9,4 milhões de toneladas. A produção permanece em 51 milhões de toneladas e as exportações em 7 milhões de toneladas.
Na Bolsa de Chicago, a sessão desta quarta-feira trabalha em alta, com os contratos para março/11 negociados a US$ 14,92 por saca, um ganho de US$ 0,59 por saca em relação ao fechamento da terça-feira (US$ 14,33/saca).
Trigo
A cultura do trigo também passou por reajustes neste relatório de janeiro. A produção mundial passou de 646,5 para 645,8 milhões de toneladas. O consumo mundial reavaliado para 665,2 milhões de toneladas e o estoque final previsto em 177,9 milhões de toneladas.
A produção americana foi mantida em 60 milhões de toneladas. Já os estoques finais reavaliados para 22,2 milhões de toneladas e as exportações passaram para 35,3 milhões de toneladas.
Para a Argentina foi retificada para 14 milhões de toneladas, as exportações para 8,5 milhões de toneladas e os estoques finais reavaliados para 1,44 milhão de toneladas.
Quanto ao Brasil o USDA reajustou a produção brasileira de trigo para 5,9 milhões de toneladas, manteve o consumo em 10,8 milhões de toneladas e estoque final de 1,5 milhão de toneladas. As importações foram mantidas em 6 milhões de toneladas.
A produção do Canadá foi mantida em 23,1 milhões de toneladas. Para a Austrália o relatório reajustou a produção para 25 milhões de toneladas e as exportações retificadas para 13,5 milhões de toneladas.
Em relação à União Europeia (27 países), a produção passou para 136,5 milhões de toneladas, o consumo total para 122 milhões de toneladas e o estoque final ficou em 12,9 milhões de toneladas.
Já para os países que formavam anteriormente a União Soviética, o USDA reavaliou a produção para 81,3 milhões de toneladas, o consumo em 84 milhões de toneladas e exportações retificadas para 15,7 milhões de toneladas.
No meio do pregão, os contratos para março/11 eram negociados a US$ 17,00/saca, um ganho de US$ 0,27 por saca em relação ao fechamento da terça-feira (US$ 16,73/saca).
Gilda M. Bozza
Economista
DTE/FAEP
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