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Safra recorde corre risco de ficar sem armazenamento

Cerca de 74 milhões de toneladas da colheita agrícola brasileira correm o risco de ficar a céu aberto este ano porque o Brasil não possui armazéns suficientes para abrigar a produção, segundo o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira.

Este número representa 40% da safra total do país estimada em 185 milhões de toneladas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O problema é que temos dificuldade para escoar a produção, em razão das deficiências de logística e da ineficiência dos portos", afirma.

Segundo Silveira, se o Brasil tivesse boas condições para o escoamento da produção, o gap de armazenagem não representaria um problema para o setor. "Antes embarcávamos de 8 a 9 milhões de toneladas por mês nos portos. Em janeiro deste ano já diminuíram os embarques, por conta de todos os gargalos, para cerca de 6 a 7 milhões de toneladas", diz o presidente da Aprosoja, acrescentando que hoje o problema é estrutural.

"O que acontece é que a produção está crescendo muito rápido, e a infraestrutura, não", avalia Silveira. Pela estimativa do IBGE, a safra deste ano crescerá 14,2% em relação ao ano passado, quando foi de 161,9 milhões de toneladas. "Uma coisa é termos um déficit de armazenagem de 40% sobre uma produção de 160 milhões de toneladas, outra é um gap em cima de 185 milhões de toneladas", desabafa o presidente da Aprosoja.

O maior impacto deverá ser sentido pelo Centro-Oeste, principal região produtora do país. Segundo Marcelo Dourado, da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), a questão está mais grave no Mato Grosso, que vai liderar a safra este ano. De acordo com o levantamento do IBGE, da produção total estimada para a safra atual, 23,2% serão do estado. Por isso, avisa Dourado, o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste já prepara um programa de crédito para o Mato Grosso de R$ 800 milhões, sendo que até R$ 300 milhões serão direcionados para construção de silos. "Se o estado não tem fôlego, vamos financiá-lo", afirma ele, ressaltando que algo tem de ser feito imediatamente para evitar perdas de produção e prejuízos aos agricultores.

Dourado tem se reunido com representantes do Ministério da Agricultura e afirma que o governo já demonstrou preocupação com a questão dos silos. Para contornar o problema, Dourado sugeriu que o Brasil adote uma nova modelagem de armazéns, de pequeno porte, como acontece nos Estados Unidos e Europa.

Hoje, explica ele, o país têm grandes armazéns, sendo que 70% são públicos e 30%, privados. A ideia é passar a ter unidades menores, privadas, dentro das propriedades. "A informação que eu tenho é que o governo está muito preocupado com a questão e o plano safra deste ano será bem mais robusto", diz.

O plano agrícola do governo anunciado no passado, voltado à agricultura empresarial para a safra 2012/2013, previa R$ 115,2 bilhões de recursos, sendo R$ 86,9 bilhões para financiar o custeio e a comercialização e R$ 28,2 bilhões para programas de investimentos.

De acordo com o IBGE, a área a ser colhida em 2013, de 52,8 milhões de hectares, representa um crescimento de 8,2% sobre 2012. As três principais culturas – arroz, milho e soja -, respondem por 92,4% da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas. Só a produção de soja deve atingir 81,51 milhões de toneladas este ano, um aumento de 22,8% sobre a safra anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

IG – Economia

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