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Seca afeta preços da carne bovina e do leite

A escassez de pastagem provocada pela estiagem dos últimos dois meses chegou ao supermercado e elevou os preços das carnes bovinas em 4% neste mês no Paraná. O mesmo efeito tende a ocorrer sobre o leite, diante da queda de até 40% no rendimento das vacas que dependem da alimentação verde, informa o setor. As chuvas que ocorreram nos últimos dias foram insuficientes para regiões fortes na pecuária, como a de Ponta Grossa, que teve 66 dias de sol, recebeu um terço da chuva esperada e terá de aguardar ao menos mais uma semana por alterações.

A variação dos preços pagos pelo consumidor final é similar à alta das cotações do boi em pé, mostram as pesquisas permanentes das cotações rurais e das praticadas no varejo realizadas pela Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Os bois de corte estão demorando mais para atingir o peso esperado pelos pecuaristas, o que reduz a entrada de animais nos frigoríficos, avalia o veterinário da Seab Fábio Mezzadri. A arroba chegou ontem a R$ 98 em Londrina e a R$ 95 na média estadual – 6% sobre o valor de agosto.

R$ 95 por arroba de boi em pé eram pagos ontem no Paraná, R$ 5 a mais que em agosto. Nos supermercados, preços aumentaram 4%. Já o litro de leite vendo sendo recebido a R$ 0,80 pelos pecuaristas do Paraná, sem aumento expressivo neste ano. A oferta em queda sinaliza para um reajuste de 6%.

A pecuária leiteira das regiões menos tecnificadas também sente o aperto nas contas por causa do pasto seco. O volume de leite necessário para a compra de uma tonelada de farelo de soja passou da casa de 700 para a 1.200 litros no último ano, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

O preço do leite ao consumidor tende a aumentar 6% nas próximas semanas, aponta Ricardo Bastos, que monitora o setor e é presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Leite da Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Faerj). Os produtores do Paraná estão recebendo perto de R$ 0,80 por litro desde o início do ano.

As elevações próximas de 5% nos preços dos produtos bovinos – que deveriam estar caindo pelo costumeiro aumento da oferta registrado no fim do inverno – somam-se aos reajustes de até 15% nas carnes de suínos e aves verificados nos últimos três meses. Como se sustentam em boa medida nas altas das cotações dos grãos, esses patamares tendem a se manter até janeiro do ano que vem, quando começa a entrar no mercado a safra sul-americana.

Amortecedor

A influência da seca nos preços dos alimentos vem sendo amortecida pela especialização do campo, no caso da pecuária leiteira do Paraná. As propriedades que usam alimentação concentrada não dependem tanto de pastagem e são responsáveis por uma parcela cada vez maior da produção, aponta estudo do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Os pecuaristas estão usando alimentação que armazenaram antes da seca, o que garante oferta equilibrada e adia reajustes.

"Entre os pecuaristas do estado, apenas 6% alcançam mais de 250 litros por dia. Porém, esse grupo mais tecnificado, que faz uso de alimentação estocada, é responsável por 42% da produção, e contribui para manter os preços", analisa Mezzadri, com base na pesquisa do Ipardes. As fazendas de leite mais tecnificadas do Paraná concentram-se nos Campos Gerais. No Oeste e no Sudoeste, que lideram em volume, as unidades produtivas são menores e dependem mais de pastagens.

Gazeta do Povo
Publicado em 21/09/2012 | José Rocher

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