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Sementes não certificadas ameaçam produção

Congresso da Abrates discute, em Foz do Iguaçu, uso de sementes salvas e piratas. No caso da soja, quase metade dos grãos semeados não tem certificação

A semente é insumo mais importante da agricultura. Economizar nessa etapa da produção, seja comprando sementes piratas, ou “salvando” parte da produção além do permitido, coloca em risco a produtividade, traz riscos sanitários e faz o produtor incorrer em uma prática criminosa.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (Abrates), José de Barros França Neto, na última safra de soja o índice de utilização de sementes certificadas foi de 65%. Para a próxima safra, esse percentual caiu para 55%, o que indica que quase metade das 2,1 milhões de toneladas de sementes da oleaginosa que estão sendo plantadas no Brasil atualmente tem origem duvidosa. Ou são fruto da produção que o produtor guardou para semear na safra seguinte (as chamadas sementes “salvas”), ou são sementes piratas.

Esse foi um dos temas tratados no XIX Congresso Brasileiro de Sementes, realizado em Foz do Iguaçu entre 14 e 17 de setembro. Na ocasião foram apresentados 1.120 trabalhos técnicos para um público de 1.400 participantes.

“Com a crise que estamos passando, com os custos de produção aumentando, o produtor acaba querendo racionalizar o uso desses insumos”, avalia França Neto. O problema desta prática é que, no caso das sementes salvas, a grande maioria dos produtores não detém a tecnologia necessária para produzir um grão que seja bom para a semeadura. Segundo um estudo do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), 90% destas sementes apresentam más condições de vigor e de germinação. “Já de saída o produtor começa sua safra com uma produção, em média, 10% menor”, aponta o dirigente.

O pior, segundo França Neto, é que essa perda é “invisível”, uma vez que não há base de comparação para avaliar o quanto foi perdido em produtividade. A prática de salvar sementes também traz riscos fitossanitários, pois os grãos que serão semeados podem estar contaminados com alguma doença.

Pela legislação, o produtor pode salvar suas próprias sementes para o próximo plantio desde que o volume salvo esteja de acordo com a área plantada. Para isso, ele deve registrar o campo de plantio junto ao MAPA.

No caso das sementes piratas, que são produzidas e comercializadas de forma clandestina, a prática é criminosa. Além dos riscos sanitários e da baixa produtividade, o produto não recolhe royalties que seriam destinados às empresas que realizam a pesquisas para o desenvolvimento de novas sementes. “O produtor paga metade do preço em uma semente que não tem produtividade nenhuma. É um tiro no pé, pois não haverá sementes novas”, avalia França Neto. Em outras culturas, a prática também é bastante difundida. No caso do feijão, apenas 15% das sementes são certificadas. “Uma vergonha nacional”, lamenta o presidente da Abrates.

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