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Sojicultores seguram vendas da safra 2013/14

A falta de referência para o preço do frete, combinada com a retração dos preços no mercado futuro e a alta dos custos de produção, retardou o início das vendas antecipadas de soja da safra 2013/14, que começa a ser plantada em setembro.

Segundo a consultoria Safras & Mercado, apenas 1% da produção projetada para a próxima safra foi comercializada até a semana passada. Na mesma época do ano passado, 14% da produção já havia sido vendida.

"Em Mato Grosso, acho que nem 1% foi negociado até agora. Os relatos de corretores indicam que alguns produtores querem vender, mas não conseguem calcular o preço vantajoso", diz Daniel Latorraca, analista do Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea).

Segundo Latorraca, o alto custo dos insumos também desestimula os negócios. Na média, os preços dos fertilizantes, defensivos e sementes estão 21% mais caros em relação ao ano passado.

O corretor Luiz Guilherme da Cunha, da Agroinvvesti, em Sorriso (MT), diz que produtores fizeram apenas cotações nas últimas semanas, mas nenhum negócio foi fechado pela corretora. "Sempre tivemos a cotação futura do frete, mas as transportadoras não querem nos dar nenhum valor, então é impossível vender a soja", afirma.

Na hora de calcular o preço de venda, o produtor leva em conta basicamente a cotação internacional da soja no mercado futuro da bolsa de Chicago (CBOT), os custos com insumos, o valor do frete para entrega da mercadoria e a margem que considera satisfatória. Sem um dos itens, não é possível ter noção do "valor justo".

Na safra 2012/13, o preço médio do frete rodoviário em Mato Grosso aumentou 30% na comparação com o ciclo anterior. A alta dos combustíveis, as mudanças na lei que regula o trabalho dos caminhoneiros e a forte demanda por caminhões no período de colheita foram apontados como os principais fatores para tamanho reajuste.

Dirceu Capeleto, diretor da Associação de Transportadores de Carga de Mato Grosso e proprietário da transportadora Bergamasco, admite que não tem a cotação do frete com tanta antecedência, mas afirma que os produtores não aceitam pagar o atual valor de mercado.

"Os agricultores estavam acostumados com um mercado que não via reajuste havia oito anos. Mas o cenário mudou, e não adianta eles reclamarem. Tivemos de subir o preço em 40% em algumas regiões, em função de novos custos que surgiram", diz.

Segundo o transportador, até março de 2014, época da colheita da soja, haverá reajuste no preço do combustível, oscilações do dólar e a implementação da lei do caminhoneiro em algumas praças, que podem exigir novos aumentos no valor do frete.

"O dólar afeta os custos de manutenção do caminhão por meio da compra de pneus, peças metálicas e rolamentos. A lei 12.619 ainda não está sendo cumprida na integralidade, mas será e isso vai aumentar ainda mais os custos", diz. Sem contar a depreciação do caminhão que não costuma ser contabilizada pelo setor, acrescenta.

O corretor Luiz Guilherme da Cunha afirma também que os preços médios na bolsa de Chicago nos contratos para entrega em novembro desestimulam as vendas antecipadas. "Os produtores têm na memória o valor recorde de US$ 17 por bushel, e as cotações estão bem abaixo disso, embora estejam em um nível historicamente alto".

Na sexta-feira, a soja para entrega em novembro fechou a US$ 12,2125 por bushel. No ano passado, os preços da commodity bateram recorde em Chicago devido à quebra da produção na América do Sul e nos Estados Unidos, em decorrência da seca.

Valor Online

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