O olericultor Rômulo Sega se preparava para o plantio da nova safra, em sua pequena propriedade localizada em Borrazópolis, na região Norte do Paraná. Estava na fase de cotar os insumos de que precisava. Atendido pelo programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Sistema FAEP, ele passou a receber orientações valiosas do técnico de campo. Em conjunto, ambos estabeleceram um planejamento, com base em mudanças no manejo do plantio e alteração de alguns materiais. A partir disso, Sega conseguiu reduzir os gastos em 35%.
“Com poucas movimentações, com mudanças de manejo, com planejamento e organização, o produtor reduziu seus custos de forma expressiva. Veja como a ATeG é importante e implica em economia”, observa o técnico de campo Roberto Durão, que atende também outros 29 produtores de olerícolas, na região Norte.
Exemplos como esse não faltam. Pode parecer algo simples, mas esses episódios ilustram como a ATeG contribui para transformar realidades no campo. A partir dessa assessoria personalizada, produtores de diferentes atividades rurais podem otimizar seu trabalho dentro da porteira, a partir do planejamento estratégico estabelecido de acordo com seus objetivos e de práticas de manejo adequadas a esse plano. Além disso, eles são estimulados a manter o controle gerencial efetivo do negócio, tornando a atividade economicamente sustentável. Trata-se de um trabalho que eleva essas propriedades a um patamar de excelência.

Responsáveis diretos por viabilizar a mudança, técnicos de campo e supervisores de ATeG também colhem os benefícios profissionais por desenvolver esse trabalho de referência. Entre outros aspectos positivos, Durão destaca que os produtores rurais se envolvem no propósito de atingir esse nível de primazia.
“Eu encontrei produtores totalmente engajados, animados e esperançosos com esse trabalho. Nós [técnicos de campo] temos oferecido condições para que eles possam mudar seu cenário, produzir com abundância e qualidade, dentro de sua condição financeira. Está sendo uma das minhas melhores experiências profissionais e motivo de orgulho”, define Durão.
Jornada gratificante
Um pouco antes de se formar em Medicina Veterinária, no início de 2023, Thaís Gavlak ouviu rumores de que o Sistema FAEP daria início ao serviço de ATeG. E as informações estavam corretas: a iniciativa começou de forma piloto, em maio de 2023. A jovem veterinária passou a torcer para que o programa fosse expandido, já sonhando em atuar como técnica de campo. “Eu fiquei de olho e o programa foi estendido para outros municípios”, disse.
A coincidência não poderia ser maior. Uma das novas turmas seria em Rio Azul, município vizinho a Fernandes Pinheiro, onde Thaís mora. E o melhor: a atividade atendida ali seria a ovinocultura, área de especialização da veterinária. Em 2019, Thaís foi a vencedora do Programa Empreendedor Rural (PER), do Sistema FAEP, com um projeto voltado ao confinamento de ovinos. “Quando vi que a turma [de ATeG] em Rio Azul seria de ovinocultura, eu pensei: ‘É a minha chance. Vou abraçar a oportunidade’”, conta.

Hoje, Thaís atende a 30 ovinocultores em Rio Azul e em outros seis municípios da região Centro-Sul do Paraná. Os perfis dos produtores são diversificados: há desde pequenas propriedades com 10 animais até ovinocultores mais profissionalizados, que criam mais de 200 cabeças. Conforme os preceitos do programa, a técnica de campo traça planejamentos específicos, de acordo com a realidade de cada atendido.
Principalmente por meio do estímulo ao controle individual de cada animal do rebanho, a turma já tem apresentado bons resultados. Para a profissional, o trabalho tem sido motivo de orgulho.
“É gratificante provocar essa mudança de visão por parte do produtor, que passa a se atentar aos indicadores de sua propriedade e a tomar as decisões com base nisso. É um programa que vai alavancar o setor agropecuário do Paraná”, avalia Thaís. “Para nós, técnicos, é uma rotina puxada, mas recompensadora e com boa remuneração. Eu, inclusive, já recomendei a colegas para que se inscrevam nas próximas turmas, porque vale a pena”, ressalta.
Mudança com resultados
Até dezembro de 2024, Cibele Regina Schneider residia no Mato Grosso do Sul. Ela teve que promover uma mudança em sua vida pessoal para passar a fazer parte do time de técnicos de campo em ATeG, do Sistema FAEP. Em janeiro, ela se transferiu para o Oeste do Paraná, onde passou a atender a uma turma de bovinocultores de leite. Como ela vivia em uma cidade pequena, a adaptação a Cascavel – que tem cerca de 350 mil habitantes – foi um pouco lenta. Por outro lado, a realização profissional ajudou nesse processo.
“Trabalhar no campo é gratificante. Você vê o resultado do seu trabalho, da parceria com o produtor. Você sai numa expectativa e volta para a casa realizada, porque conseguiu ajudar o produtor, que é o objetivo da ATeG”, diz Cibele.

Apesar do pouco tempo de acompanhamento dos produtores, a técnica já coleciona resultados. Menciona, por exemplo, o caso de um produtor que não fazia o ajuste individual de alimentação das vacas. A partir do trabalho da ATeG, o pecuarista passou balancear a alimentação fornecida, animal por animal, o que provocou um impacto positivo imediato na produção de leite. “São pequenas modificações, mas que dão um grande retorno”, sintetiza Cibele. Ela também acrescenta outros resultados gerais.
“Temos melhoria de produção de leite, de condições de saúde animal, casos de produtores com aumento no lucro de mais de R$ 4 mil de um mês para o outro”, enumera. “É claro que não depende só do técnico. Eu digo: 99% produtor e 1% técnico de campo. Afinal, quem está no dia a dia é o produtor”, enfatiza.
Visão abrangente
No Noroeste do Paraná, a técnica de campo Renata Koyama está feliz com as mudanças em sua vida profissional. Formada em Engenharia Agronômica, ela era professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), mas decidiu dar uma guinada em sua carreira. Neste ano, tornou-se uma das profissionais que levam a ATeG aos fruticultores de Marialva – considerada capital das uvas finas.
“Quem atua na universidade dificilmente tem esse contato direto com o produtor. Essa relação direta tem sido enriquecedora”, resume Renata. “Quando você é uma pesquisadora, tende a estudar uma coisa só: apenas um produto, só uma técnica de manejo. Quando se vai para extensão, é preciso ter uma visão global, levar em conta a vida real do produtor, a influência do clima no cultivo e as pragas. Precisa ter um olhar geral. Eu gosto dessa abrangência”, detalha.

Hoje, Renata atende a 30 viticultores. As propriedades atendidas ainda estão na fase de estruturação, mas a técnica de campo já vê bons resultados e, principalmente, perspectivas para que o trabalho avance. Ela conta que tem estimulado os produtores a adotarem ferramentas de gestão, que têm implicado avanços práticos. A partir do momento em que o controle administrativo esteja afinado, ela pretende dar ênfase a aspectos de manejo.
“Os viticultores que atendo têm mais de 20 anos na atividade, com vasta experiência. O que eu tento fazer é profissionalizar esse produtor. Não mudar o jeito que trabalham, mas aprimorar o que já fazem. Para isso, o atendimento é individualizado”, aponta a instrutora.
“Tudo isso tem sido muito recompensador. Para os colegas que cogitam se tornarem técnicos de campo, é uma ótima alternativa de carreira”, diz.
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