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Tecnologia pode assegurar retorno positivo no campo

Analistas e produtores dividem pelo menos duas grandes certezas em rela??o ? safra que come?a a ser colhida nos primeiros meses do novo ano. A primeira delas ? que h? muitos anos n?o se via investimentos t?o elevados em tecnologia, com recorde de vendas para adubos e fertilizantes e crescimento generalizado para os setores de sementes certificadas, defensivos agr?colas e calc?rio.

A perspectiva de uma colheita superior ?s proje??es do governo, que espera uma produ??o ao redor de 159,1 milh?es de toneladas na safra 2011/12, tem sido considerada por consultores, com as ressalvas clim?ticas de sempre – afinal, 2012 ser? tamb?m um ano de La Ni?a, com previs?o de chuvas abaixo do normal entre dezembro e fevereiro na regi?o Centro Sul, aponta o diretor de produtos e analista da Safras & Mercado, Fl?vio Roberto de Fran?a J?nior.

A segunda "certeza" diz muito mais respeito ao clima de inseguran?a global, agravado pela recupera??o modesta da economia dos Estados Unidos e pelo temor de que a recess?o se instale definitivamente na Europa. "A volatilidade dos mercados agr?colas vai ser a regra, e n?o mais a exce??o, nos primeiros meses de 2012, at? que se possa ter uma vis?o mais clara do que se espera para a crise europeia", avalia Alexandre Lah?z Mendon?a de Barros, da MB Agro.

A partir de setembro, quando a perspectiva de uma crise financeira tomou novas propor??es aos olhos dos donos do dinheiro, as bolsas de commodities passaram a experimentar um verdadeiro desmanche das posi??es assumidas pelos investidores. A rea??o dos fundos de investimentos, em processo acelerado de deslavancagem, derrubou os pre?os dos gr?os nos mercados futuros. O valor do milho, que vinha sendo negociado a US$ 8,00 por bushel, recuou para algo entre US$ 5,80 a US$ 5,90 no fechamento da primeira quinzena de dezembro. J? a soja desabou de US$ 14,60 para pouco menos de US$ 11,40. N?o s?o propriamente pre?os ruins, j? que se mant?m acima das m?dias hist?ricas, e as perdas em d?lares t?m sido parcialmente compensadas pela desvaloriza??o do real. "Nos ?ltimos quatro anos, a renda agr?cola no pa?s tem sido preservada, mesmo durante as crises, pela ‘m?o trocada’ entre pre?os e c?mbio. Os momentos de alta dos pre?os foram acompanhados por uma tend?ncia de valoriza??o do real. Nas fases de queda dos pre?os agr?colas, como agora, o real se desvalorizou, mantendo equilibrada a receita em reais", analisa Barros.

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As primeiras previs?es para o valor bruto da produ??o a ser realizado ao longo do pr?ximo ano sugerem, com alguma dose de otimismo, novo crescimento, mas em velocidade modesta. Os destaques dever?o ficar por conta da cana, que ainda enfrentar? um per?odo de escassez de oferta diante da aus?ncia de investimentos, e da pecu?ria, favorecida pelo custo relativamente mais baixo do milho e da soja, componentes b?sicos na nutri??o dos rebanhos.

Nas contas da MB Agro, a receita bruta dos gr?os dever? manter-se virtualmente inalterada em 2012, somando R$ 88,7 bilh?es. A produ??o das lavouras de caf?, laranja e cana, em conjunto, dever? alcan?ar valor bruto de R$ 59 bilh?es, num avan?o de 9,3%, um crescimento vigoroso, mas inferior aos 15% registrados neste ano. No geral, a agricultura dever? produzir uma receita de R$ 148 bilh?es, numa varia??o de 3,5%, com a pecu?ria respondendo por R$ 128,0 bilh?es com crescimento de 8,5%.

O Minist?rio da Agricultura Pecu?ria e Abastecimento (Mapa) prev? uma receita bruta pr?xima a R$ 214 bilh?es no pr?ximo ano, embutindo um avan?o de 4,9% para o valor bruto das 20 principais culturas, diante dos R$ 204,0 bilh?es faturados neste ano – o melhor resultado desde o in?cio da s?rie hist?rica em 1997. A estimativa, segundo a assessoria do Mapa, toma como base as primeiras estimativas para a safra e os pre?os m?dios registrados pelos produtos agr?colas neste ano.

O setor sucroalcooleiro, que produziu muito menos do que esperava no ciclo 2011/2012, atravessa momento particular, surgindo como exce??o numa fase de baixa generalizada no mercado dom?stico, influenciada pelos humores das bolsas internacionais de futuros. No pa?s, segundo o Centro de Estudos Avan?ados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/ USP, os pre?os do a??car mantinham-se firmes at? a primeira quinzena de dezembro, atingindo em m?dia R$ 64 por saca de 50 quilos, com alta de praticamente 5% para o etanol hidratado na compara??o com a mesma quinzena de novembro. Milho, soja e algod?o, pela ordem, acumulavam perdas de 11,3%, 1,2% e 1,7%. Na m?dia do ano, os principais produtos aparecem muito bem na foto, com altas de 40% para milho, frente aos valores m?dios de 2010, 33% para o etanol, 32% para o algod?o, 26% para a arroba do boi gordo, quase 15% para soja e 9% para o a??car.

Receita bruta deve crescer 4,9% no pr?ximo ano e chegar perto de R$ 214 bilh?es, prev? MAPA

Esse comportamento, retoma Fran?a J?nior, explica o alto n?vel tecnol?gico aplicado ao cultivo da safra 2011/12 e igualmente as escolhas feitas pelos produtores. Com crescimento estimado em 15% – mas que poder? superar esse percentual no fechamento do ano -, a ind?stria de fertilizantes poder?o romper a marca de 28 milh?es de toneladas vendidas pela primeira vez em sua hist?ria. At? novembro, as entregas de fertilizantes ao consumidor final j? eram recordes, com mais de 26,5 milh?es de toneladas vendidas, num avan?o de 16,3% em rela??o aos primeiros 11 meses de 2010.

"O movimento foi generalizado, com crescimento em torno de 5% para o uso de calc?rio e entre 10% a 15% para defensivos", diz Fran?a J?nior. No caso das sementes certificadas, observa Barros, houve falta de produto para algumas culturas e regi?es. Esses n?meros animam as previs?es para a produ??o de gr?os, com as consultorias apresentando n?meros mais vistosos do que os da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Safras & Mercado e MB Agro apostam na colheita de uma safra de 166,7 a 170,4 milh?es de toneladas. No primeiro caso j? representaria um aumento de 6% sobre este ano.

A possibilidade de uma boa oferta, com pre?os menores, mas a renda ainda em crescimento, refor?a a perspectiva de resultados ainda positivos para o agroneg?cio em 2012. O cen?rio poder? ser alterado para melhor se os pa?ses europeus conseguirem uma solu??o para sua crise, estimulando o retorno dos fundos de investimento ao mercado agr?cola. "2012 ser? ainda um ano de liquidez excessiva e juros baixos. Uma melhora no ambiente econ?mico far? com que os pre?os das commodities retomem n?veis anteriores ao deste final de ano", destaca Barros.

Fonte: Valor Econ?mico – Lauro Veiga Filho

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