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Vaiada por produtores rurais, Dilma reage: Democracia é isso

A presidente Dilma Rousseff foi vaiada ontem, diversas vezes, e enfrentou protesto de ruralistas enquanto entregava as chaves de 300 ônibus escolares a 78 prefeitos de Mato Grosso do Sul. Aos brados de "respeite o produtor", "demarcação, não, produção, sim", centenas de manifestantes vaiaram a presidente e interromperam o seu discurso. O protesto é contra a demarcação de terras indígenas promovida pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

As vaias começaram quando Dilma foi anunciada no palco montado no hipódromo de Campo Grande, junto com o governador André Puccinelli (PMDB). Em seguida, os manifestantes vaiaram o prefeito da cidade, Alcides Bernal (PP), quando ele chamou Dilma de "a melhor" presidente do país. Quando Dilma entregava as chaves a cada um dos prefeitos, os ruralistas entoaram palavras de ordem contra a demarcação. O governador interveio e ouviu, por minutos, o brado de "respeite o produtor" dos manifestantes. Apesar do clima tenso, a presidente discursou por 50 minutos.

– Gente, eu acho bom vocês gritarem. Não tem problema, não. Democracia é isso aí – disse ela, sendo aplaudida:- Tem gente que acha que democracia é ausência de uns querendo uma coisa e outros, outra. Não é, não. Democracia é o fato de que há diferenças e de que a gente convive com elas, procura um ponto de equilíbrio e resolve as coisas. Não tenho problema nenhum, podem falar, só deixem eu concluir o meu finalzinho, que estou no fim (do discurso) – disse Dilma, ignorando a reivindicação dos manifestantes.

stf analisará demarcação

A Secretaria Geral da Presidência chegou a se reunir com os ruralistas, e o presidente da Federação de Agricultura do Mato Grosso do Sul, Eduardo Correa Riedel, entregou a Dilma um documento no qual os produtores pedem a suspensão da demarcação, até que Supremo Tribunal Federal (STF) julgue as ações sobre o tema sejam julgadas.

– O que aconteceu hoje (ontem) aqui é panela de pressão, é o limite. As pessoas não estão conseguindo mais conviver com os desmandos – disse o ruralista.

Riedel disse que Dilma recebeu o documento em silêncio e contou que os assessores da presidente pediram "calma e tranquilidade" aos manifestantes.

Os ônibus custaram à União R$ 64,67 milhões e fazem parte do programa "Caminho da Escola", considerado a nova menina dos olhos da presidente. O excesso de adesivos do governo estadual nos veículos, deixando parecer que o projeto era estadual, causou mal-estar entre Puccinelli e os integrantes do governo. O governador visitou Dilma em Brasília na semana passada e deu sinais de que a apoiará em 2014. Em 2010, ele subiu no palanque do tucano José Serra.

O tom eleitoral marcou o evento. O senador Delcídio Amaral (PT-MS), cotado para concorrer ao governo estadual, participou de fotos de Dilma com os prefeitos, após a entrega das chaves. O prefeito Bernal disse, ao discursar, que irá aos municípios do estado para "fazer justiça" à presidente. E o presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Domingues (PMDB), dirigindo-se a Dilma, afirmou:

– O futuro está na sua reeleição.

Dilma cita nelson rodrigues

Dilma não falou em campanha, mas, no ano em que o PT comemora uma década no governo, afirmou que o país está "muito melhor" que há dez anos. A presidente disse ter "muita confiança" de que o país continuará crescendo este ano. Chamando o escritor Nelson Rodrigues de "gênio", Dilma lembrou-se da expressão cunhada por ele, o "complexo de vira-latas".

– Nós mudamos. Somos respeitados no mundo. Somos um país forte. Nós somos uma das maiores economias. Nós não temos mais, nesses últimos dez anos nós enterramos o complexo de vira-latas. Vamos aproveitar, levantar bem o nariz, e ter muita autoconfiança porque nós somos de um país vencedor – afirmou a presidente.

O Globo
Tatiana Farah

DETI

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