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As visitas técnicas do 1ºgrupo de produtores em Illinois

O objetivo desta expedição é conhecer de perto a realidade destes países, que estão entre os maiores concorrentes do Brasil no mercado mundial de commodities agrícolas

FArm-Bureau_Dakalb-(13)O Estado de Illinois (13 milhões de habitantes), no Centro-oeste dos Estados Unidos, é um dos maiores centros industriais e financeiros do mundo, e sedia a Bolsa de Chicago, termômetro da comercialização de commodities no mundo. Estima-se que existam 75 mil fazendas que empregam 168 mil pessoas, demonstrando o alto uso de tecnologia.

A coordenadora de Comunicação Social da FAEP, jornalista Cynthia Calderon, está acompanhando o primeiro de quatro grupos de produtores e técnicos da FAEP que percorre áreas agropecuárias dos Estados Unidos e Canadá. Seu relato:

O objetivo desta expedição é conhecer de perto a realidade destes países, que estão entre os maiores concorrentes do Brasil no mercado mundial de commodities agrícolas.
As diferenças em relação ao sistema brasileiro de produção saltam aos olhos. Nos Estados Unidos, o produtor rural conta com apoio forte no setor de infraestrutura, além de solo fértil, alta tecnologia e um sistema de comercialização extremamente organizado. Os implementos e máquinas agrícolas são de ponta e altamente tecnificados para atender uma agricultura de alta produtividade.
As propriedades agrícolas são independentes, com o mínimo de interferência governamental. Na questão ambiental, por exemplo, não há legislação que exija reserva legal ou preservação permanente.
As cooperativas visitadas são mais focadas em comercialização e a entidade representante do setor em Dekalb está voltada para a prestação de serviços com foco em seguros de todos os tipos, o que permite alcançar um público fora da área rural.

“A diferença principal é a organização e a diversidade das propriedades. O governo não interfere na produção e ajuda com a logística. Paga-se os impostos e tem os seus direitos garantidos. No Brasil não é assim temos que nos preocupar com a legislação federal, estadual e municipal além das ONGs burocratizando o sistema brasileiro”. Vagner Augusto Barausse, tesoureiro do Sindicato Rural de Palmeira.

Veja um resumo das principais informações dos locais visitados:

Dekalb

É uma entidade representativa do agronegócio da região de Dekalb, Estado de IIIinois, fundada em 1912. Possui 4,6 mil associados entre produtores e não produtores urbanos, que pagam uma anuidade de U$ 48. Numa área de um milhão de hectares produzem grãos, suínos e leite.
Em média, as propriedades têm 480 hectares. “São áreas cada vez maiores, onde se cultiva mais com menos produtores”, explica o representante da empresa, Greg Millburg. A média da produtividade tem sido nos últimos anos acima de 60 buchels (27 sacas) por acre. Setenta e cinco por cento da produção é de milho e 25% soja, e, pela vocação da região, eles não mudam de cultura mesmo quando os preços caem, além de historicamente os preços do milho serem melhores. Metade da produção é comercializada para alimentação de animais
Serviços
A Dekalb é mantida com recursos provenientes de: 10% anualidade dos associados; 10% royalties de seguros; 30% de aluguéis e leasing; 50% Fundo Permanente (venda genética de semente).
Ela também presta uma série de outros serviços para seus associados como bolsa de estudos universitária para os filhos dos membros e viagens técnicas. Como uma entidade que é a voz do produtor, Milburg explica que eles são ouvidos em Washington tendo lobistas que os representam. Um dos segmentos da cooperativa é a Farm Bureau, entidade de defesa dos interesses dos produtores rurais que começou como uma associação voltada à correção de solos. Estendeu-se posteriormente a outros serviços, culminando com a atividade de prestação de serviços, principalmente de seguros em todas as suas formas, com preços abaixo dos praticados pelas seguradoras
Agricultura na sala de aula é um programa para manter jovens na atividade rural realizado por 150 voluntários que atingem 45 mil alunos desde o jardim da infância até o 4º ano. A cooperativa também se preocupa em educar os consumidores sobre o que faz e porquê faz. Eles produzem uma publicação mensal para consumidores com histórias sobre agricultura.

Programas relevantes em execução

A empresa de produção de sementes de milho que tem a marca Dekalb surgiu na década de 1920 junto com o milho híbrido. A logomarca usada com uma asa na espiga de milho foi inspirada na época pelos produtores da região como fonte de inspiração para alcançarem grandes voos com o surgimento do milho híbrido. Na época os produtores atravessavam crises e necessitavam aumentar a produção.

“Temos a imagem de que os americanos são um povo orgulhoso e soberano, mas a cordialidade deles é exemplar. A cooperativa não foi surpresa, acompanho a evolução do sistema cooperativista na nossa região. O que mais me chamou a atenção foi a união dos cooperados. Eles se doam para a entidade sem fins lucrativos, o objetivo é fortalecer a classe. O sistema de distribuição de insumos para as lavouras, que tem economia por ser a granel, é essencial. É algo que podemos fazer no Brasil.
A produtividade deles é algo que não tem como explicar. Se eles tivessem um clima como o nosso que propicia duas safras, mas não. Eles são potência só com uma. Nós podemos fazer melhor, temos propriedades que conseguem ter a produtividade igual a deles”. Jair Bert, sindicato rural de Medianeira

Elburn Cooperativa
É uma cooperativa com 2 mil cooperados e a única representante da Pioneer na região. Está à margem de uma rodovia e se utiliza intensamente esse modal para o transporte da sua produção, bem uma ótima malha ferroviária que tem à disposição.
Embora a maior parte das propriedades tenham silos para armazenagem, a produção é entregue na cooperativa, o que não prejudica o movimento de recepção da cooperativa, porque ela não tem capacidade de armazenagem de toda a produção local. Sua estrutura permite a recepção de 3 milhões de saca de soja e milho.
Diferente do Brasil, eles não têm problemas de infraestrutura, o que dispensa a preocupação com a armazenagem. Além de armazenar os grãos, possuem tanques com grande capacidade de armazenagem de nitrogênio destinado a fertilização. O gás natural é a energia utilizada na cooperativa.
Dentro da Elburn há uma área especializada na mistura de defensivos a granel. Sua capacidade de armazenagem é de 3,5 milhões de litros de nitrogênio liquido. A cooperativa tem uma frota de caminhões com tanque para transporte de fertilizantes líquidos ou grãos.

Weber Beef
Propriedade que está há quatro gerações na família Weber, numa área superior a quatro mil hectares com produção de soja, milho, feno e pecuária em confinamento.
A produção de Angus é própria, complementada quando necessário com compra. Tem gado de todas as regiões dos Estados Unidos.
É uma propriedade constituída de grande área, tecnificada, com excelente topografia, fertilidade do solo e primorosa estrutura de recepção, beneficiamento e armazenagem de grãos. Moderníssimo e amplo parque de máquinas agrícolas e estrutura de confinamento.
Oitenta por cento da comercialização é destinada a um único cliente, os demais 20% são distribuídos para outros quatro clientes.

Yurick Farm
Fazenda de 200 hectares que iniciou as atividades em 1836 com o avô que imigrou da Suíça. As principais culturas são milho e soja, mas também produzem trigo, batata e legumes.
O casal Kevin e Karen enfrentam o dilema da sucessão familiar, pois os filhos exercem atividades urbanas e não têm interesse na continuidade das atividades na propriedade. A gestão é terceirizada

River Valley Cooperative
Cooperativa fundada em 1995 que possui dois mil associados e 21 entrepostos. A unidade visitada foi uma fábrica de ração para suínos que recebe e processa 160 mil toneladas de soja e milho.
Um dos diferenciais é a prestação de serviços de manipulação e aplicação de defensivos nas propriedades dos cooperados. O valor cobrado é de US$ 15 por hectare.
A anuidade é de US$ 200 com resgate de dividendos a cada 10 anos, sendo 65% destinado a fundo de capitalização.

Cinnamont Ridge
É uma propriedade diversificada, com produção de soja, milho, gado Angus e Jersey, suínos e galinhas caipira.
Trata-se do 7º produtor nacional de leite, com produtividade de 36 litros/cabeça/dia usando ordenha robotizada de alta tecnologia. A fazenda tornou-se um ponto turístico, mantem uma loja na entrada da propriedade onde comercializa seus próprios produtos como queijos, doces e geleias. Utiliza mão de obra familiar. O proprietário John Maxwell é quem gerencia a propriedade.

Centro Agronômico da Monsanto
É um centro de educação e pesquisa voltado a pesquisa regional de milho e soja numa área de 194 hectares de teste. Durante os cultivos nos centros de pesquisas a mão de obra é de estudantes.
As metas para 2014 são novas linhas de pesquisa no milho e desenvolvimento integrado entre híbridos. Estão desenvolvendo um novo experimento para o milho, com 85 mil plantas por hectare e, no caso da soja, 325 mil plantas por hectare.
Consegue uma produtividade no milho entre 12 a 13 toneladas por hectares, com meta de atingir 15 toneladas para 2015.
Nos Estados Unidos está sendo regulamentado o Raundup Xtend uma solução mais efetiva contra ervas daninhas com previsão de lançamento em 2015.
Também estão em desenvolvimento sementes transgênicas mais resistentes à seca, que absorvem a água de maneira mais eficiente.

“As propriedades são fáceis de gerenciar porque eles vem herdando as terras há mais de 200 anos e conseguiram fazer a propriedade ideal. Chegaram ao objetivo que temos para os nossos netos.
Estão colhendo os frutos de um grande trabalho feito no passado, com a colaboração dos produtores”. Arceny Bocalon, presidente do Sindicato Rural de São João.

Fonte: Sistema FAEP

DETI

O Departamento de Tecnologia da Informação (Deti) do Sistema FAEP/SENAR-PR, formado por profissionais da área, é responsável pela gestão tecnológica do portal da entidade, desde o design, primando pela experiência do usuário, até suas funcionalidades para navegabilidade.

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