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Embrapa inaugura laboratório de agricultura de precisão

Para desenvolver interação entre equipamentos agrícolas, computação e técnicas de agricultura de precisão, a Embrapa inaugura hoje o Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre). O espaço de 3 mil metros quadrados foi construído em São Carlos (SP) com investimento de R$ 7,1 milhões, do governo federal.

“Não tínhamos ambiente que comportasse máquinas agrícolas e desenvolvimento de equipamentos eletrônicos e softwares”, afirmou Ricardo Inamasu, coordenador da Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa. O laboratório tem estrutura para abrigar máquinas, fazer testes de conexão entre equipamentos de fabricantes diferentes e testar programas de computador. “Mas nossa proposta vai além disso”, garantiu Inamasu. “Vamos fazer esses testes com o equipamento logo ao lado do campo.”

Apesar do foco em desenvolvimento de tecnologia eletrônica e de computação, Inamasu diz que um erro muito comum é acreditar que agricultura de precisão consiste simplesmente no uso de equipamentos de orientação por satélite, como o GPS, ou em outro tipo de equipamentos tecnológicos. Segundo ele, a verdadeira agricultura de precisão é uma estratégia, ou uma postura gerencial, que leva em conta a variação espacial da lavoura.

“A natureza não fez o campo uniforme. A própria paisagem, a topografia, o solo, o clima, a umidade, é tudo diferente. Mas apesar disso, as máquinas convencionais tratam o campo como se fosse todo igual.” Com isso, a agricultura de precisão consiste em identificar as diferenças de cada parte da lavoura por meio de coleta de amostras do solo e mapeamento, por exemplo, para que se adapte a quantidade de insumos para cada pedaço terra.

Segundo Inamasu, o laboratório permitirá que os técnicos trabalhem na integração entre os vários recursos tecnológicos disponíveis para cada etapa do processo, fazendo com que, por exemplo, uma adubadeira aplique quantidades variadas de insumo, de acordo com os diagnósticos e mapeamentos da lavoura.

Outra proposta da Embrapa é desenvolver a agricultura de precisão para culturas que não recebem atenção das grandes empresas privadas. “A mandioca e cana-de-açúcar, por exemplo, são culturas tradicionalmente tropicais. Podemos desenvolver máquinas apropriadas e automação para esse ambiente.”

Inamasu também cita o exemplo das informações capturadas por sistemas de sensoriamento via satélite. Os sensores são capazes de detectar o nível de estresse das plantas, por exemplo, mas não existe qualquer ligação dessas informações com outros sistemas que liberam fertilizantes ou irrigação. “Precisa-se de um algoritmo, uma metodologia, uma estratégia. Isso é feito por meio de programas de computador. Mas é preciso desenvolver uma boa correlação entre as informações. Além disso, teremos a lavoura de experimento já muito próxima do laboratório.”

Segundo o especialista, há uma série de ferramentas que o produtor poderia utilizar, mas acaba dispensando pela falta integração. “O agricultor tem muita dificuldade nisso. São várias áreas de conhecimento que estão separadas. As disciplinas precisam ser mais empáticas, é preciso integrá-las e criar interfaces.”

O novo espaço será utilizado pelos pesquisadores que já atuam na rede de agricultura de precisão da Embrapa, que conta com a contribuição de cerca de 250 profissionais de 21 unidades espalhadas pelo País. Além disso, possíveis parcerias com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) devem garantir oferta de engenheiros de mecânica, eletrônica e computação e profissionais que atuam com geoestatística, afirma Inamasu.

Gargalo

Uma das dificuldades da agricultura de precisão, segundo o coordenador da Embrapa, é a expansão do nível de adoção. “É um processo difícil, pois exige todo esse processo de coleta de informações, análise e recomendação para aplicar no campo.” Segundo ele, mesmo os equipamentos agrícolas mais avançados fazem apenas etapas desse processo.

“O produtor compra as máquinas e não consegue adotar a agricultura de precisão. É preciso de ação focada e dedicação na análise dos dados e informações para que isso se transforme em ações efetivas no campo. As máquinas não fazem tudo.”

Segundo Inamasu, os resultados das pesquisas do Lanapre devem ser disseminados via publicação, cursos e palestras. Nesse sentido, ele destaca que o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) que criou um programa para formar técnicos e multiplicadores de informação.

Uma das principais reivindicações da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), criada em setembro do ano passado, é um levantamento para registrar qual é o nível de ação da técnica no Brasil. Atualmente, não há dado de abrangência nacional, mas sabe-se que a técnica não é muito difundida. Na visão de Inamasu, a agricultura de precisão ainda precisa ser muito trabalhada.

DCI

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