“Há uma necessidade da profissionalização da Agricultura. O país precisa ter um ministério fortalecido e que não sirva apenas para conchavos ou para ser dividido entre partidos”.
A indignação é de quem já viveu o dia dia do Ministério da Agricultura, o ex-ministro Francisco Turra. “Normalmente não sou crítico, mas estou indignado com o que está acontecendo”, diz ele.
Turra deixa claro que este problema não é exclusivo do ministério atual, mas de uma situação que vem se perpetuando há muito tempo. E esse acúmulo de burocracia faz, no entanto, que os problemas atuais não sejam resolvidos.
Turra, presidente-executivo da Abpa (Associação Brasileira de Proteína Animal), está preocupado com a demora na publicação do decreto do novo texto do Riispoa (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal).
É uma regulamentação higiênico-sanitária e tecnológica do processo de obtenção do produto de origem animal para consumo humano ou animal.
Uma legislação ainda dos anos 1950, quando o foco era o produto final, necessita ser atualizada para o cenário atual, quando o foco deve visar do processo de produção à comercialização.
Houve consulta pública e ampla discussão sobre o assunto, mas sempre há alguém discordando de algum ponto e o regulamento não sai.
“O que o governo precisa entender é que o Brasil está mudando e o setor de proteínas ocupa um bom espaço nas exportações.” Para que o país consiga manter essa expansão é preciso de uma modernização, diz Turra.
“A fragmentação das decisões e a briga dentro do próprio governo por grupos que querem ocupar espaço criam um sério problema de competitividade para o setor.”
Turra cita o exemplo da Rússia que, após liberar 90 frigoríficos, ainda tem dificuldades de obter o produto brasileiro devido à falta de certificação para muitos desses estabelecimentos.
Outro exemplo é que os mexicanos liberaram a importação de 100 mil toneladas de peru brasileiro. Os embarques ainda não ocorreram porque não se decidiu quais as empresas que serão habilitadas a exportar. Essa decisão não seria difícil, uma vez que só existem duas empresas com esse perfil no Brasil.
Fonte: Folha de S. Paulo – Mauro Zafalon
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