As pesquisas do fitopatologista (que estuda as doenças nas plantas) Rui Pereira Leite, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), o fizeram mergulhar na cultura dos chamados citrus – laranja, limão e tangerina. Em abril deste ano ele aterrissou nos pomares da Flórida, que até pouco tempo era uma das regiões mais produtivas de laranja do mundo, e verificou pessoalmente a destruição dos pomares pelo greening. Uma doença que se alastra através de um inseto da família Psylidae, a Diaphorina citri, e contamina a planta, depositando as bactérias denominadas Candidatus Liberibacter spp.
Essa bactéria ataca a seiva da planta, se aloja no floema (igual aos vasos sanguíneos dos humanos) entupindo o sistema vascular impedindo que a seiva circule e não transporte os nutrientes para seu desenvolvimento. O nome da doença está associado ao aparecimento de manchas de coloração verde, mesmo após o período de maturação dos frutos das plantas doentes e oficialmente é chamada de huanglongbing (HLB), que significa “doença do ramo amarelo”, tendo sido dado por pesquisadores chineses que primeiro descreveram a doença.
“Até o momento não existem defensivos ou agrotóxicos que combatam a bactéria e a única recomendação técnica e legal (Instrução Normativa 53/2008) após a confirmação da doença é o corte da planta”, afirma o pesquisador do Iapar.
O monitoramento da lavoura, de acordo com a IN 53, tem que ser feito quatro vezes no ano. O produtor que não cumprir a legislação tanto a inspeção periódica do pomar, como a eliminação das plantas doentes e controle do inseto vetor, está sujeito à pena de multa que pode variar de R$ 50,00 até R$ 50.000.000,00 (lei nº 9.605).
A permanência de uma árvore doente no pomar contamina as outras laranjeiras saudáveis e atrai ainda mais o inseto psilídeo, vetor da bactéria. Foi o que aconteceu nos pomares da Flórida veja box.
Foto 1 – O psilídeo adulto mede 2 mm de comprimento, possui as asas transparentes com listas no topo e na base e se posiciona com as asas para cima.
Foto 2 – Os ovos são alongados, em forma de bola de futebol americano, de cor amarelo-pálido a laranja, medindo 0,3 mm de comprimento e geralmente são depositados nos fluxos vegetativos recentes.
Foto 3 – Após a infestação a planta continua produzindo, mas os frutos são tortos. Por volta de dois anos acontece a redução drástica da produção e a morte da planta (foto que o Croce mandou).
O pesquisador do IAPAR informa que a doença chegou ao Brasil em 2004 e nos Estados Unidos em 2007. O avanço do greening nos pomares da Flórida ocorreu devido à opção que os produtores americanos fizeram em adotar como tratamento a aplicação de um coquetel de nutrientes e não o corte das árvores.
“Esse coquetel não mata a bactéria, ele dá uma revigorada na planta como se fosse uma maquiagem em alguém abatido. Mas a produtividade cai a cada safra vertiginosamente. A Flórida chegou a produzir 250 milhões de caixas por safra. Esse ano a estimativa é que a produção seja de 109 milhões de caixas”, afirma Pereira Leite.
Para ler a matéria completa pág. 15 clique aqui.
Fonte: Sistema FAEP
Comentar