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La Niña põe estimativas para os grãos em xeque

Os reflexos da estiagem provocada pelo fenômeno climático La Niña em lavouras do Sul do país e do Estado de Mato Grosso do Sul levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a reduzir sua estimativa para a colheita de grãos do país nesta safra 2011/12.

Os reflexos da estiagem provocada pelo fenômeno climático La Niña em lavouras do Sul do país e do Estado de Mato Grosso do Sul levaram a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a reduzir sua estimativa para a colheita de grãos do país nesta safra 2011/12.

Em decorrência de problemas observados em plantações de milho, o órgão passou a projetar a produção nacional de grãos em 158,4 milhões de toneladas, 0,4% menos que o previsto em dezembro e volume 2,8% menor que o registrado no ciclo 2010/11, quando um novo recorde foi estabelecido. O IBGE ainda aponta para 160,3 milhões, incremento de 0,3%.

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Desde o ano passado era dado como certo que o La Niña teria alguma influência negativa sobre a produtividade da safra atual, plantada em 50,7 milhões de hectares, área 1,5% superior a de 2010/11. Mas a persistência da estiagem deflagrada pelo fenômeno, especialmente no Paraná e no Rio Grande do Sul, surpreendeu analistas.

Em geral, o mercado já trabalha com um quadro pior que o desenhado pela Conab, definido por cores mais sombrias para o milho, mas também para soja e feijão. E a piora das expectativas para soja e milho – no Brasil e em outros produtores da América do Sul – vem colaborando para sustentar as cotações internacionais de ambos há semanas.

No caso do milho, segundo grão mais cultivado no país, a Conab reduziu seu cálculo para a colheita em 2011/12 para 37,9 milhões de toneladas, 2,8% abaixo do número de dezembro e 5,6% a menos que no ciclo passado.

Para o Paraná, maior produtor nacional de milho, a Conab passou a prever um colheita de 7,2 milhões de toneladas na safra de verão, ainda quase 20% mais que em 2010/11. Mas o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura do Estado reduziu sua expectativa para 6,4 milhões em levantamento divulgado no dia 5.

A estimativa da Conab para o total de milho no país também considera uma colheita de 5 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul, 13,6% menos que na temporada anterior. Só que o governo gaúcho não acredita mais que a produção vá superar 4 milhões de toneladas.

Na soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, as divergências com a Conab são maiores. O órgão ligado ao Ministério da Agricultura elevou sua projeção para a colheita em 2011/12 para 71,8 milhões de toneladas, cerca de 500 mil a mais que o previsto em dezembro, mas 4,7% menos que o volume de 2010/11.

Para isso, contudo, o órgão espera 13,2 milhões de toneladas no Paraná (queda de 14,4%) e 10,1 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul (queda de 13,3%). O governo paranaense já reduziu seu cálculo para 12,7 milhões, e o gaúcho, para 9,9 milhões de toneladas. Mas espera-se quedas mais vultosas.

Antonio Sartori, da corretora Brasoja, com sede em Porto Alegre, não acredita que a produção de soja do Rio Grande do Sul vá superar 9 milhões de toneladas, enquanto sua conta para o milho fica em torno de 3 milhões. "A situação é muito preocupante", afirma ele, que teme perdas relevantes também no arroz.

As estimativas da Conab para a produção de feijão também poderão sofrer cortes. No levantamento de ontem, o órgão previu 1,4 milhão de toneladas para a primeira safra da leguminosa – são três no total -, mesmo patamar estimado em dezembro e volume 18,4% menor que o de 2010/11.

Mais uma vez, as estimativas dos governos do Paraná e do Rio Grande do Sul, importantes também nesse tabuleiro, sinalizam colheitas menores. Com os problemas climáticos, o Paraná deve voltar a perder a liderança na produção nacional de grãos como um todo para Mato Grosso, que vem sendo poupado pelo La Niña. Segundo a Conab, o Rio Grande do Sul deve preservar a terceira posição.

O governo paranaense calcula que as perdas agrícolas provocadas pela seca já chegam a R$ 1,5 bilhão; no Rio Grande do Sul, a conta aponta para R$ 500 milhões em prejuízos agrícolas. Nos dois casos, haverá revisões para cima. Santa Catarina tem menos peso na produção de grãos, mas no Estado as perdas agropecuárias são estimada até agora em R$ 400 milhões.

Fonte: Valor Econômico

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