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Novo teste para a logística

O produtor rural brasileiro poderá voltar a sofrer uma tremenda dor de cabeça com o escoamento da próxima safra. Os problemas logísticos prometem infernizar a vida do agronegócio brasileiro se não forem adotadas medidas urgentes para reverter o grande caos que tomou conta das estradas e portos brasileiros para a exportação da safra deste ano.

O governo prometeu medidas para reduzir o problema, como a aquisição ou construção de silos. Mas o mercado espera pelo grande teste, que só poderá ser conferido com o começo do escoamento da próxima safra.

Em termos de produção, as estimativas são as mais otimistas possíveis para a safra 2013/2014, com previsão de 205 milhões de toneladas de grãos. O provável resultado recorde vem da confiança dos produtores diante das projeções para os negócios, impulsionados ainda com os avanços do Plano Agrícola e Pecuário. Nele, o governo federal aumentou as linhas de financiamento e os valores de recursos que poderão ser liberados, além de ampliar os prazos para pagamento dos empréstimos.

O Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), por exemplo, define limite de financiamento por cooperativa em R$ 100 milhões. Quando os recursos forem destinados a empreendimentos da própria cooperativa em outras unidades da federação, ou a empreendimentos realizados no âmbito de cooperativa central, o limite será de R$ 150 milhões.

Entre os entraves da safra 2012/2013, que culminaram com os congestionamentos nas rodovias e portos, a falta de silos para armazenagem de grãos foi um dos destaques. Para resolver o problema, o governo federal incluiu a construção ou aquisição de silos (bags) entre os itens que recebem financiamento, mas, infelizmente, isso deve demorar a dar resultado.

As cooperativas e as empresas ainda receberam estímulos à inovação tecnológica, com limites de crédito que variam de R$ 1 milhão por beneficiário e R$ 3 milhões para empreendimento coletivo.

Contudo, o incentivo à produção nacional não encontrou sua contrapartida no planejamento adequado às necessidades do setor, principalmente àquelas relacionadas à logística. As autoridades não podem alegar surpresa com o crescimento do volume produzido no país; muito pelo contrário.

A safra brasileira cresceu 143% nas últimas duas décadas, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), saltando de 76 milhões para 185 milhões de toneladas. O produtor brasileiro resolveu os problemas da porteira para dentro, mas o lado de fora não conseguiu acompanhar a evolução produtiva.

Agora, precisamos enfrentar a falta de armazéns para o excedente da produção e uma logística concentrada em rodovias, que cada vez mais apresenta péssimas condições de tráfego, afetando o transporte da produção e a população urbana que utiliza os mesmos percursos. E sofremos ainda com um sistema portuário ineficaz diante das nossas necessidades. Tudo isso faz com que as despesas com a logística atinjam 12,04% das receitas das empresas de agronegócio, segundo dados da Fundação Dom Cabral. De acordo com o professor Marcos Fava Neves, titular da FEA/USP Ribeirão Preto, o problema logístico causará um prejuízo de US$ 4 bilhões aos produtores em 2013.

O barulho é muito grande para um país onde o agronegócio representa mais de 35% do PIB. Por outro lado, os investimentos em transporte representam apenas 0,36% do PIB, algo em torno de R$ 16 bilhões por ano segundo a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag). A China, por exemplo, investe 10% do PIB em transporte e a Índia, 8%.

Toda a problemática atual é resultado de políticas públicas inadequadas adotadas no passado, com prioridade ao transporte rodoviário. A concentração de portos para escoamento da produção na região Sudeste e Sul também mostra que não acompanhamos a expansão agrícola para regiões mais distantes dos grandes centros.

Precisamos de opções de escoamento em outros pontos do país. Acreditamos que o esforço do produtor rural brasileiro deve ser compensado com atitude similar das autoridades públicas, criando mecanismos que continuem favorecendo o crescimento agrícola, e eliminando os gargalos logísticos que só encarecem o nosso produto. As commodities enfrentam um momento de grande volatilidade no mercado internacional e a redução de todo e qualquer custo só vai contribuir para aumentar a nossa competitividade. Caso contrário, corremos sérios riscos de ver nossa produção padecendo nos campos.

DCI

DETI

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