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Paraná vai ampliar uso de tecnologia para reduzir agrotóxicos nas lavouras

Técnica de coletores de esporos, que ajuda a identificar a presença de doenças, antes de sua incidência

O Paraná vai ampliar o uso de coletores de esporos para reduzir a aplicação de produtos químicos durante o ciclo vegetativo das culturas na safra 2014/15. A ferramenta ajuda a identificar a chegada de doenças antes de sua incidência, o que dá segurança ao produtor e ao técnico de campo para aplicação de defensivos só quando há realmente necessidade. 

Por isso, o uso de coletores de esporos está sendo adotado pela campanha Plante Seu Futuro, realizada pelo Governo do Estado e entidades do setor agrícola e que dissemina conceitos e técnicas de uma agricultura mais sustentável.
Neste ano, a Emater vai distribuir mais 88 coletores de esporos em propriedades referenciais de soja no Paraná. Com isso, serão 160 unidades disponíveis em todo o Estado, constituindo uma rede de informação importante para técnicos e produtores.

FERRUGEM ASIÁTICA – Nas lavouras de soja, que correspondem à maior área plantada na safra de verão, os esporos, como materiais de reprodução, podem disseminar a ferrugem asiática quando o ambiente está muito úmido. Quando os esporos conseguem penetrar, eles germinam e infectam a planta. Os coletores têm a sensibilidade de detectar a presença de esporos da doença, antes de ela infectar a lavoura. Com isso, evitam a disseminação da doença, que provoca danos econômicos e eleva os custos de produção pela necessidade do controle com fungicidas.

TECNOLOGIA DO PARANÁ – O coletor de esporos é um equipamento artesanal, que funciona como uma “biruta”, girando no meio da lavoura. NO seu interior contém uma lâmina com material aderente onde os esporos, quando soltos no ar, grudam. O técnico coleta a lâmina e envia para o laboratório para verificar a presença ou não de esporos da ferrugem da soja, obtendo um bom indicativo da chegada da doença ou não.
A tecnologia foi criada no Paraná, pelo engenheiro agronomo Seiji Igarashi, que pertenceu aos quadros do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e da Universidade Estadual de Londrina. A eficiência do equipamento já está conhecida até em outros países.

No Paraguai, por exemplo, está sendo utilizado para ajudar o produtor a reduzir os custos de produção com as lavouras de soja e garantir a qualidade dos grãos, requisito básico para a comercialização do produto nos mercados interno e externo.

MENOS FUNGICIDA – Nelson Harger, que coordena o grupo de trabalho sobre esta tecnologia no âmbito da campanha Plante Seu Futuro, ressalta a importância das informações obtidas pela rede de coletores para os produtores.  “Eles poderão detectar com precisão a chegada da doença, evitando assim aplicações preventivas de fungicidas nas lavouras e de forma desnecessária”, afirma ele.
Segundo ele, no ano passado, a Emater utilizou essa ferramenta em cerca de 50 propriedades e conseguiu reduzir em até dois terços o uso de fungicidas nas lavouras de soja, contribuindo para a queda expressiva nos custos de produção.

Os produtores que recorreram ao uso da ferramenta dos coletores de esporos fizeram 0,7 aplicações de fungicida, enquanto a média no Estado foi 2,2 aplicações. Com a expectativa de uma primavera mais chuvosa por influência da corrente El Niño a partir de meados de outubro, é possível que haja mais incidência da ferrugem e o uso dos coletores de esporos poderá ser bastante útil, alertou Harger.

DOIS VIZINHOS – Para o gerente da Emater de Dois Vizinhos, Valdir Kock, a ferramenta vai ajudar na implementação da campanha Plante Seu Futuro, que orienta produtores e técnicos visando uma agricultura mais saudável. “Com mais informações, eles se sentem seguros em recomendar o uso de produtos químicos somente quando houver infestação comprovada de pragas e doenças nas lavouras”, disse Kock.

Segundo Kock, para esse ano está sendo planejada uma ação maior com a instalação de 30 coletores de esporos nos sete municípios da região de Dois Vizinhos, incluindo o próprio município e mais Boa Esperança do Iguaçu, Cruzeiro do Iguaçu, Nova Esperança do Sudoeste, Nova Prata do Iguaçu, Salto do Lontra, São Jorge do Oeste.
Essa ação terá finalidade científica e vai acontecer em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná e a União de Ensino do Sudoeste do Paraná (Unisep) e outras entidades.

No ano passado foram distribuídos três coletores de esporos na região e foi possível identificar a eficiência da ferramenta. Os esporos coletados estavam inférteis, ou seja, não germinaram, indicativo de que a doença não iria se propagar. Com essa informação, os produtores não fizeram a aplicação dos defensivos.
Por outro lado, os produtores que não utilizaram o coletor aplicaram os produtos em dezembro, um mês antes do recomendado, sem necessidade. “Imaginem o custo, a renda que não foi economizada e o problema para o meio ambiente”, disse ele.

O técnico ressaltou, ainda, que a tecnologia incentiva o produtor a monitorar a lavoura e iniciar o controle da doença somente quando necessário. “Com o monitoramento de pragas e doenças, os técnicos também podem ajudar os produtores a utilizarem produtos com menos toxicidade que preservam inimigos naturais das plantas, finalizou.

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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