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Sebrae/PR estimula a retomada da produção de uvas na região metropolitana

O consultor e ex-pesquisador da Embrapa Uva e Vinho Umberto Camargo esteve em Curitiba, na última quarta-feira (01-12), visitando três propriedades rurais produtoras de uvas, localizadas no município de São José dos Pinhais. A vinda do pesquisador foi um convite do Sebrae/PR e mais uma ação do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Vinhos, Espumantes e Sucos de Uva do Sebrae, que conta com a parceria do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).

Umberto Camargo é agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e mestre pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Atuou como pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e coordenou o Programa de Melhoramento Genético da Videira, sendo responsável pelo lançamento de 14 novas cultivares e adaptação às condições brasileiras de diversas cultivares importadas.

Por meio das visitas, o pesquisador conseguiu identificar problemas comuns na região. Segundo o especialista, a alta incidência de ventos e a umidade excessiva favorecem o aparecimento de doenças como traquinose, o míldio e a pérola-da-terra. "Essas visitas tiveram um caráter prospectivo. Para todos os problemas identificados, há soluções. Para isso, é importante que os produtores conheçam e apliquem as tecnologias adequadas. Com o apoio das entidades e vontade, certamente os produtores terão uma resposta positiva", aposta o pesquisador.

Visitas

Nelzir Pissaia possui uma chácara com área de dois alqueires e há seis anos iniciou a produção de uvas da variedade Niágara. Na última safra, sua produção foi de 4 mil quilos de uva. Neste ano, Nelzir Pissaia fabricou 7 mil litros de vinho. "Meu problema é a disparidade da produção das parreiras. Uns pés produzem muito e outros, nada. Com a visita do especialista, pudemos tirar dúvidas e receber orientações de como aprimorar a produção. Agora, faltam recursos para investir na melhoria do parreiral. Com o controle das pragas, espero aumentar minha produção em 70%", afirma o produtor.

Outro produtor visitado foi José Augusto Zanchetta que está iniciando um novo parreiral, depois que o antigo foi totalmente comprometido pela praga pérola-da-terra. As variedades de uva escolhidas para a nova produção são a Bordô, Isabel e duas varidades europeias adaptadas para a região.

Zanchetta acredita que com a produção própria de uvas o custo de fabricação do vinho ficará bem menor. Atualmente, o produtor paga R$1,10 pelo quilo de uva, que rende 600 ml de vinho e é trazido do Rio Grande do Sul. Segundo cálculos do produtor, se produzisse as uvas, o preço cairia para 0,27 o quilo. Uma diferença que chega a 300%.

"A produção de vinhos é uma tradição centenária na minha família. A ajuda do especialista é muito importante. Hoje, recebemos muitos conhecimentos e informações novas e muito úteis. Agora vejo uma luz no fim do túnel. Meu objetivo é não mais depender dos produtores do Rio Grande do Sul, que não nos enviam uvas da melhor qualidade", diz.

José Augusto Zanchetta estudou a cultura da uva e conseguiu reduzir em 30% a acidez das uvas que produz. As uvas produzidas em seu novo parreiral serão destinadas à produção de suco e vinho. O terceiro produtor visitado foi Salvatore Neto Belino, que cultiva uvas há cinco anos. Com 900 pés de uvas e produção de 3 mil quilos na última safra, o produtor sofre com a incidência da praga pé preto em seu vinhedo.

"O importante na fase inicial é a correta implantação da cultura, ter a visão do vinhedo, atentar-se para a altura do tronco das plantas, manejo correto para promover a boa formação da planta e gerar qualidade da fruta. Seguindo as orientações, o produtor terá sucesso na atividade", aposta Umberto Camargo.

De acordo com especialista, os principais fatores que influenciam o cultivo de videiras são: radiação solar, temperatura do ar, umidade do ar, velocidade do vento, precipitação pluviométrica, potencial climático da região, espaçamento das mudas, sistema de condução e plantio, irrigação, manejo do solo, ponto de colheita adequado, ponto de maturação ideal, número de galhos e carga dos pés e controle sanitário.

Histórico

Os municípios de Colombo, São José dos Pinhais e Campo Largo são fortemente marcados pela colonização dos imigrantes italianos. No início do século, o cultivo de uvas na região tinha bom desempenho, mas a partir da década de 1960, a vitivinicultura entrou em decadência nessas cidades em razão da pérola-da-terra, praga de solo que praticamente dizimou os vinhedos da localidade.

Para manterem a tradição na produção de vinhos coloniais, os produtores passaram a adquirir as uvas do estado do Rio Grande do Sul e São Paulo. A cultivar Bordô, localmente denominada Terci, foi a base da produção, originando o vinho típico regional, elaborado em pequenas vinícolas familiares.

"Atualmente, a quase totalidade da uva processada na região é importada do sul, embora, tecnicamente, hoje existam meios para o cultivo da videira em áreas infestadas pela pérola-da-terra. A facilidade de importação das uvas, a escassez, o alto custo da mão-de-obra e o alto valor da terra na região metropolitana de Curitiba têm desestimulado os vinicultores a investirem na produção vinícola", explica a consultora e gestora do Programa de Hortifrutigranjeiros do Sebrae/PR, Maria Isabel Rosa Guimarães.

A consultora conta que a proposta da entidade é propiciar a geração de novos negócios e permitir maior adição de valor aos produtos comercializados. São 17 produtores envolvidos no projeto, além de estabelecimentos vinícolas que elaboram vinhos. Maria Isabel Guimarães esclarece que os vinhos produzidos na Região Metropolitana são comercializados em vinícolas localizadas em boas estruturas e bem frequentadas, graças à existência de roteiros turísticos, como o Circuito Italiano de Turismo Rural e o Caminhos do Vinho, nos municípios de Colombo e São José dos Pinhais. Outra meta da retomada do cultivo de uvas na região é a criação de parreirais ornamentais que servirão de atrativo adicional para os turistas.

"Somente a partir de um plantio de uvas de qualidade, podemos obter um bom produto e melhorar a comercialização. Os produtores precisam, no entanto, buscar a legalização de suas atividades e o segmento, organizar-se como um todo", recomenda Maria Isabel Guimarães. Como resultado do projeto de fortalecimento da cadeia produtivo de vinho, foi realizado um diagnóstico completo da vitivinicultura paranaense e promovida a capacitação Boas Práticas para Elaboração do Vinho de Colombo e São José dos Pinhais.
 
As informações são da assessoria de imprensa do Sebrae/PR.

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