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USDA traz relatório positivo para o milho e pessimista para o trigo

Confira a análise econômica da FAEP sobre o relatório do departamento de agricultura dos EUA

Por: Tânia Moreira | Departamento Técnico e Econômico – FAEP

Na última sexta-feira (10) o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou seu relatório de Oferta e Demanda para o mês de julho, que foi positivo para o milho indicando cortes nos estoques acima da expectativa, positivo em partes para a soja, ao mostrar estoques menores, mas manter a produtividade americana e negativo para o trigo mostrando demanda e estoques maiores.

Confira a análise detalhada a seguir:

SOJA TEM ESTOQUES MUNDIAIS MENORES EM 2015/16 e 2014/15
Os estoques finais mundiais para a nova safra de soja foram reduzidos para 91,8 milhões de toneladas abaixo das 93,22 milhões de toneladas estimadas pelo USDA no mês de junho. Os estoques mundiais finais para a safra 2014/15 também foram reduzidos em 2 milhões de toneladas, sendo atualizados para 81,68 milhões de toneladas. Ambos os cortes foram positivos porque foram resultados provenientes de um aumento da demanda e resultaram em um número ainda menor do que o mercado esperava.

O lado negativo e não esperado pelo mercado, no entanto, foi a manutenção da produtividade de soja em 46,0 bushels por acre, mesmo com um padrão de umidade acima da média histórica relatado nos últimos dias para as lavouras americanas. Com isso, a produção americana que era estimada em 104,78 milhões de toneladas, ou segundo recorde histórico, foi ampliada para 105,73 milhões de toneladas.

Com isso a produção mundial da nova safra também cresceu, passando a ser estimada em 318,92 milhões de toneladas. A safra 2014/15 também aumentou, sendo revisada para 318,60 milhões de toneladas em função de um aumento da produção na Argentina.

Assim as previsões do USDA para a safra americana continuam a indicar a maior área já plantada da história, com a segunda maior produção já registrada, mantendo-se uma produtividade que só não é maior que a obtida na safra 2014/15, embora o clima nos meses de julho e agosto seja fundamental para determinar o sucesso da produção americana, e a variação dos preços.

As estimativas para a demanda mundial por óleo de soja e farelo também foram revisadas para mais. Com os números de hoje, a produção mundial de soja é considerada recorde histórico, assim como a demanda mundial. A demanda da China para a safra 2015/16 também foi revisada a mais. E as exportações brasileiras ampliadas em 1 milhão de toneladas, para 46,60 milhões de toneladas.

O preço médio estimado pelo USDA é entre US$ 8,50 a US$ 10,00 por bushel para a temporada 2015/16.

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USDA TRAZ RELATÓRIO POSITIVO PARA O MILHO

Para o milho a produção mundial na safra 2015/16 caiu 2,82 milhões de toneladas, resultando em 987,11 milhões de toneladas, com uma redução da produção americana, que é em parte compensada por um aumento na estimativa da produção brasileira.
Para os estoques finais mundiais da safra nova o corte realizado pelo USDA foi maior do que o mercado esperava. Os estoques finais são estimados em 189,95 milhões de toneladas, enquanto a aposta e média era de 192,6 milhões de toneladas.

Para a safra 2014/15 o balanço foi positivo, já que apesar de um aumento da produção mundial, com o aumento da produção brasileira, foi registrado aumento da demanda, e redução dos estoques finais, em um número até maior do que as expectativas do mercado. As exportações brasileiras foram ampliadas em 2,5 milhões de toneladas, passando para 26,0 milhões de toneladas, de forma que o estoque brasileiro também diminuiu, e diminuiu também o estoque brasileiro da safra 2014/15, com aumento das exportações.

Para a produção americana da safra nova, a produção foi cortada em 2,54 milhões de toneladas, passando a ser estimada em 343,68 milhões de toneladas, embora o mercado acreditasse em um corte maior. No entanto, a previsão para a demanda da safra nova cresceu e os estoques finais americanos caíram em relação ao previsto em junho, o que foi atribuído a um aumento no uso para a produção de etanol e alimentação animal.

A produtividade para os Estados Unidos permaneceu inalterada em 166,8 bushels por acre, ao contrário das apostas do mercado, em média de 165,1 bushels por acre, em função do excesso de umidade. O clima no mês de julho nos Estados Unidos permanece como variável fundamental para alcançar a produção de 343,68 milhões de toneladas.

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Após a divulgação dos dados os futuros na Bolsa de Chicago subiram, com o contrato de setembro fechando com alta de 1,39% no valor de US$ 4,34 por bushel.

TRIGO TEM BAIXA EM CHICAGO COM RELATÓRIO DO USDA

Para a safra 2015/16 a produção mundial e a produção americana foram elevadas em relação ao relatório de junho e além disso, a demanda mundial caiu, o que foi destacado pelo USDA como uma redução na demanda chinesa pelo cereal. Com isso o estoque final mundial aumentou significativamente, ficando acima do que era esperado pelo mercado.

Para 2015/16 a produção australiana foi mantida, e as produções do Canadá e União Europeia sofreram cortes, mas a produção americana aumentou, aumentando-se levemente a produtividade por acre. (44,2 para 44,3 bushels/acre).
Os estoques finais da safra 2014/15 cresceram em quase 12 milhões de toneladas, ficando acima do número médio de 200,6 que era esperado pelo mercado.

Com estoques finais e produções maiores e uma demanda mundial menor na safra 2014/15 e 2015/16 o relatório do USDA de hoje não teve um efeito positivo para os preços em Chicago. O futuro de setembro do trigo perdeu 0,53% no dia.

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André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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