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Os segredos fora da porteira

Some-se os custos de plantio, tratos culturais, produtividade, clima, colheita, armazenamento, logística e se chega ao custo aproximado da produção. A etapa seguinte e tão importante quanto
estas é a comercialização ditada pelo "senhor mercado" cuja essência se resume em duas palavras: oferta e demanda (ou procura), que estabelece os preços. No caso das commodities agrícolas, como a
soja e o milho, fixados pela Bolsa de Chicago. Para completar há os componentes subjetivos como a ambição, pretensão e equilíbrio nas decisões que são características pessoais de quem está nesse
xadrez.

Durante a semana de 05 a 09 deste mês, os "segredos fora da fronteira" foram analisados e discutidos, muitas vezes com choque de opiniões, nas principais regiões do Paraná. Começou em Ponta Grossa, seguiu para Guarapuava e sucessivamente Pato Branco, Cascavel, Campo Mourão, Umuarama, Maringá, Londrina, Cornélio Procópio e finalmente Arapoti.

Diante de líderes sindicais, lideranças rurais, de cooperativas e produtores, o consultor internacional em commodities, investimentos e economia e diretor de Novos Negócios da Futures International, Pedro H. Dejneka, avaliou o "doutor mercado". As questões do seguro rural e a logística no Estado ficaram por conta
do coordenador do Departamento Técnico Econômico (DTE), Pedro Loyola, e do engenheiro agrônomo, Nilson Hanke Camargo, também do DTE/FAEP, respectivamente.

Ao contrário do velho ditado em que "opinião não se discute" os pontos de vista de Dejneka, que acompanha de perto a Bolsa de Chicago, cidade onde mora, foram discutidos, e bem discutidos. "É importante que o produtor entenda que a demanda por grãos não vai cair, e sim os preços, devido ao grande volume de produção mundial. Por isso ele deve ficar atento para os repiques de preço, que devem acontecer até outubro quando começa a colheita de milho nos Estados Unidos. Buscar boas  negociações e vender nesses períodos", recomendou.

"O mercado não é lógico, sendo assim o produtor não
deve se deixar levar pelo que ouve na mídia ou por opiniões que vem ao encontro daquilo que ele quer ouvir. É preciso entender que percepções se tornam realidade nos mercados e nem sempre o mercado
se movimenta como a gente quer", ponderou.

Dejneka estimou safras históricas de milho nos Estados Unidos e nos estoques mundiais de grãos, o que fatalmente influenciará os preços. Para o analista, os produtores brasileiros deverão ver, em dois ou três meses, os preços do bushel (27,2155 kg) de soja
baixarem a menos de 10 dólares. "A única alternativa, se não houver uma reversão do mercado – pois existe a possibilidade de ocorrerem geadas em novembro em algumas regiões produtivas de milho nos EUA – é aproveitar as oscilações positivas e vender ou travar o custo", aconselhou.

Ele recomenda ao agricultor adotar uma visão sistêmica do mercado, observando o que acontece no mundo que pode influenciar sua produção e comercialização. O crescimento ou encolhimento
da economia chinesa, por exemplo.

Opinião
José Aroldo Gallassini, presidente Coamo " Ele é um profissional importante, guardadas as devidas proporções, mas o produtor brasileiro não está acostumado com a linguagem usada. Sobre as previsões de preços o que o produtor deve fazer é ficar de olho nos seus custos e vender aos poucos.
Nós já passamos da fase da frustração da safra americana e já tivemos o nosso bom momento de comercialização. Se tudo ocorrer da melhor forma: se a safra de milho dos Estados Unidos for grande, se as safras de soja, no Brasil e na Argentina, forem excelentes teremos uma grande produção e uma queda nas cotações. Mas se a soja se mantiver em R$ 55,00 a saca o produtor ainda terá uma boa rentabilidade, mas ele deve cuidar dos custos. Na Coamo, o custo direto (da semente a colheita)
está para soja em R$ 22,75 contando todos os insumos. Mas o produtor ainda tem que computar: o custo do arrendamento (se for caso); os investimentos que fez em maquinários; a securitização e dívidas antigas e o juro da terra. Já o caso do milho na Coamo o custo direto por saca é de R$14,00 como a cotação está em torno de R$ 16,00 o produtor vai amargar um período de baixa rentabilidade, mas mesmo assim ainda vale a pena fazer a rotação de cultura para diminuir a incidência de pragas e doenças na cultura da soja".

Luiz Claudio Pessa Teodoro de Oliveira, produtor de grãos em 900 hectares na região de Campo Mourão.
"A palestra foi boa, mas as previsões são assustadoras, acho que ele foi muito pessimista. Ele não está considerando a possibilidade de seca no sul da América do Sul, isso também pode alterar o mercado. Ele está considerando só fatores de mercado e não de clima. A safra dos americanos está atrasada em um mês, isso ele não falou na palestra. Se você tem contratos precisa cumprilos no prazo".

Victor Hugo Salvadori, tem propriedades no PR, MT e MS – total 1,8 mil hectares. "As previsões assustam. O que vou fazer para diminuir as perdas é travar os custos e atrasar todas as contas do ano que vem.
Acho que consigo vender 40% da próxima safra e quitar os compromissos. O resto da produção vou segurar no armazém.

Mauro Calvas Carneiro, de Campo Mourão com 871 hectares de grãos. "Hoje o produtor tem muitas formas de obter informações, eu já estava preparado. Vou procurar travar o preço e fazer contratos futuros com a safra de 2014. Como tenho armazém consigo segurar a safra".

Valdir João Biffe, Engenheiro Beltrão 242 hectares.
"Não era o que a gente queria ouvir. Mas sobre as previsões eu já tinha algumas informações do meu filho que acompanha tudo pela internet e através da cooperativa e do próprio Canal Rural.

Walter Ferreira Lima, presidente do sindicato Rural de Centenário do Sul e da comissão técnica de Café da FAEP. "Tudo que sobe, um dia tem que descer não é mesmo? Mas com essa queda na cotação dos grãos o Brasil vai mostrar a sua verdadeira cara: fretes altos, falta de logística, custo alto. Quais as políticas públicas que estão sendo implementadas para manter a sustentabilidade da economia?

Edilson Gorte, da Região dos Campos Gerais,
planta grãos área de 2,3 mil hectares nos municípios
de Ponta Grossa e Palmeira. "Nossa atividade é suscetível ao clima, às medidas do governo, a produtividade, ao consumo, enfim é difícil fazer uma análise e só com informação e um pouco de frieza para conseguir fazer as melhores opções".

Peter Greidanus de Castro. "A gente não tem que querer ouvir só o que nos favorece. Temos que saber a realidade e conhecer as tendências do mercado, ter
o pé no chão para tomar as melhores decisões. Foi duro, mas necessário".

Fonte – Sistema FAEP

DETI

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