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Ração mais barata garante abastecimento de produtores

Após um ano da escassez de milho e farelo de soja para ração de aves e suínos, os produtores de animais enxergam um cenário de abastecimento mais seguro para este ano, já que os preços desses insumos para a alimentação animal estão menores, avaliam fontes consultadas pelo DCI.

Em 2012, a quebra da safra norte-americana e a seca no Brasil elevaram o preço dos grãos e o valor da ração no mercado interno. Com isso, muitos produtores de aves chegaram a sacrificar seus animais por falta de ração.

Neste ano, ao contrário de 2012, a abundância de oferta de milho tem derrubado os preços tanto no mercado interno como no externo. Além da expectativa de supersafra de milho nos Estados Unidos – que deve se confirmar até o fim de julho -, a segunda safra do cereal no Brasil deve alcançar 43,62 milhões de toneladas, alta de 11,5% com relação ao ano passado. O maior estado produtor é o Mato Grosso, que deverá produzir 17 milhões de toneladas de milho no período. Com o excesso de oferta, o preço ao produtor caiu 17,54%, de R$ 16,65 em junho do ano passado para R$ 13,73 em junho deste ano.

Outro elemento diferente do cenário do ano passado deve, por outro lado, dificultar as entregas de ração: o aumento do custo de frete. Para transportar uma carga de 1 tonelada em um caminhão entre Sorriso, uma das principais cidades produtoras de grãos no Mato Grosso, e o Porto de Paranaguá, no Paraná, as empresas de frete cobraram em junho R$ 240. No mesmo mês do ano passado, o preço foi de R$ 186,85, valor 22,15% menor. Em algumas cidades mato-grossenses, o custo do frete chegou a dobrar neste ano, segundo o produtor e coordenador da gestão de produção da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) do MT, Naildo Lopes. "Isso está inviabilizando nossa oferta de produtos", afirma o agricultor. Segundo Lopes, que presta consultoria para produtores no estado, há ao menos 1,4 milhão de sacas de milho dentro das fazendas que não foram comercializadas porque os produtores não querem vender a preços tão baixos. Ele calcula que, para escoar o milho excedente do Mato Grosso, seria necessário que 2 mil caminhões com capacidade de 40 toneladas saíssem do estado com carga todo dia, durante 150 dias. "É o prazo para depois entrar a soja nos armazéns, que precisarão estar vazios", explica Lopes.

Essa ameaça, porém, não parece assustar os produtores de aves e suínos. Mário Lanznaster, presidente da Coopercentral Aurora Alimentos, diz que a entidade tem estoque de milho para garantir ração aos seus criadouros por uma semana. "Não tem o menor risco de faltar ração [neste ano]", atesta.

Outra preocupação é com relação à garantia de distribuição para os mercados consumidores de ração. Segundo o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, "o maior problema é uniformizar a logística para distribuir melhor no País. Tem regiões com carência e outras com excesso, faltam armazéns". Ele afirmou ao DCI que, na terça-feira, membros do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se comprometeram a destinar R$ 700 milhões em linhas de apoio aos produtores e para escoamento da produção no mercado interno em reunião com o setor. "O drama do ano passado não tende a se repetir", avalia Turra.

O governo teria se comprometido também a não aplicar subsídios às exportações para desestimular o direcionamento da produção para o exterior.

Segundo projeção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) baseado em valores do ano passado, 70% da safra de milho que já teria sido comercializada estaria comprometida com entregas no exterior. Angelo Ozelame, técnico de grãos do instituto, ressalta, porém, que é difícil calcular o destino da produção por falta de informações das traders. Ele avalia ainda que a supersafra norte-americana deve garantir o abastecimento do mercado internacional. "A soja dos Estados Unidos é mais competitiva que a do Brasil pela logística deles ser melhor. Então, aquela migração que ocorreu no ano passado dos compradores internacionais para o Brasil pode não acontecer neste ano, e o desabastecimento no mercado interno é provável que seja menor", pontua Ozelame.

Greve

Até ontem, o problema de abastecimento de ração para a Aurora decorreu da greve dos caminhoneiros, que bloquearam várias rodovias federais. O protesto, que durou até as 12h de quarta-feira, dificultou a entrega de ração para aves e suínos da cooperativa além da retirada dos animais para levar para abate. A Aurora teve que paralisar o abate de aves em Maravilha e Quilombo e de suínos em São Miguel do Oeste, todos em Santa Catarina. Agora, para contornar o atraso, a Aurora desembolsará ao menos R$ 10 milhões com custos de hora extra e armazenamento para abater todos os animais que ficaram nos caminhões durante a paralisação. Lanznaster diz que a situação deverá se normalizar entre uma a duas semanas.

DCI

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